A verdade, doa a quem doer, é
que há um apodrecimento das instituições políticas brasileiras, e isto não é um
fenômeno recente, ao contrário, dura anos, desde a ditadura militar nos idos de
1964, e perdurou, infelizmente, depois do movimento de redemocratização com a
saída dos militares do poder.
Este fenômeno é
compreensível, mas jamais aceitável. As instituições políticas brasileiras, em
grande parte representada pelos partidos políticos, deram-se as mãos, de um
jeito e de outro, para a manutenção do status quo, ou seja, da preservação de
privilégios e bandeiras que apenas foram apropriadas por diversas mãos.
No cerne deste descompasso
está a própria formação moral dos agentes políticos. Direita, esquerda, centro,
pouco importa a posição, o que se vislumbrou neste pedaço de 30 anos foi uma
completa desorganização partidária em termos de princípios. Uns poucos
idealistas, independentemente da corrente ideológica, tremulam com argumentos
de ordem que deverasmente não são ouvidos. Ignoram-se as falas, põem-se de lado
os estatutos constitutivos e colocam-se como prioridade tudo que possa ser
feito para a sustentação no poder. Não que isto não seja legítimo, mas as armas
e argumentos utilizados são absolutamente reprováveis. Mudam-se os ocupantes
das cadeiras, mas o formato do assento permanece literalmente o mesmo.
Os homens de poder
dignificam-se pela preservação de valores, pela coerência de atitudes e pela
fibra em defendê-los. Não são políticos de ocasião ou oportunistas de plantão,
são ideólogos de uma nova sociedade e acreditam nisso, mas com retidão de
comportamento.
Neste caso, não importa o
partido, haja vista que já se filiou ao maior deles, o partido da honra e da
coerência de princípios. Pode-se discordar do conteúdo, dada a diversidade de
propostas de mundo, mas não da sua trajetória coerente de luta.
O discurso de poder tende a
mudar, mesmo para os mais altos revolucionários. Criticam determinadas
práticas, mas as repete do mesmo modo quando se encastelam no poder. É quanto a
isto que devemos, todos nós, nos rebelarmos.
Há os defensores do povo. Há
os defensores da elite. Há os fervorosos de classe. Há os ardentes de posição.
Há os pragmáticos e habilidosos. Há os encrenqueiros e maldosos. Tudo há. O que
interessa, de verdade, é se as regras do jogo democrático são corretamente
empregadas e não apenas como argumento de retórica.
Este é mundo político
brasileiro. Em muito parecido com outras democracias, mas igualmente distante
das boas práticas europeias e algumas norte-americanas.
Se não desejamos no passado
manter o parlamentarismo, que daria nova cara aos governos, o presidencialismo
se mostra falido, haja vista que elege-se a persona ao programa, o discurso à
ação, o blefe ao compromisso.
Isto se dá ainda, é verdade,
pela pobreza política que parte de nosso povo ainda vive. As migalhas devem ser
preservadas – pensam uns. Os “bonzinhos” devem continuar a ser eleitos –
asseveram outros. E por aí vai um sem número de argumentos vazios e
tendenciosos.
A grande reforma política se
estabelecerá, infelizmente não agora. Por enquanto, no máximo, apenas ajustes
ocasionais. A grande mudança virá do próprio povo, povo eleito com outras
ideias que se juntarão a novos projetos de governo e de legislação.
Enquanto isto tudo não se
modifica, façamos por onde termos uma democracia melhor. Justa, soberana,
honesta.
O povo pede mudanças por que
não ousar fazê-las?
Por uma nova queda da
bastilha, agora em terras brasileiras.
Um novo apogeu de ideias e
ações, revolucionárias e consentâneas à criação de um novo tempo e por que não?
Joaquim Nabuco – Blog Reflexões de um Imortal
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