A história se escreve todos
os dias. Os fatos ocorridos hoje são valorizados no futuro. Aquilo que se
imaginava sem importância no passado ganha hoje a altura de relevante.
Portanto, o que está acontecendo neste momento com você, com o mundo, é
história.
O valor da história é
inestimável. Sem ela, sem nossa memória fundamental, não saberíamos quem somos
hoje. Apenas quem valoriza a sua história possui condições efetivas de ser
melhor no amanhã.
Quem reconhece a sua própria
existência no tempo consegue criar uma identidade. Sim, porque identidade tem a
ver também com aquilo que se identifica. Identifica em si, no outro ou numa
situação dada como algo importante que merece registro, que não se pode perder
na lembrança.
Assim é a história do mundo,
assim é a nossa própria história individual.
Quando aqui cheguei, há algum
tempo, fui batizado pelos meus pais como Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de
Araújo. Com este nome, agreguei a herança, em todos os sentidos, do meu pai e
da minha mãe. A história narrada dos dois agora fazia parte da minha própria
história. Portanto, não apenas aquilo que vivi, mas tudo também que adquiri.
A história é relevante,
igualmente, porque passamos a ter um referencial para onde ir. Sabemos de onde
viemos, o que nos deu raízes, e poderemos, a par disso, lançar-nos adiante no
tempo e no espaço.
A minha história foi contada
aqui por diversos autores. Cada um deles identificou traços importantes na
minha formação, no meu desenvolvimento, no auge da minha carreira e no meu
declínio de atenção pública.
Tudo isso é importante porque
caracteriza o que fui, o que fiz e por onde possivelmente devo ir.
A nossa história contada
pelos outros tem as lentes dos outros. Contada por mim haverá de ter nuanças
que ninguém percebeu. E mesmo aquela não dita por mim poderá encontrar vieses
que eu, o protagonista de mim mesmo, não percebi.
A minha história entre vocês,
na última vida do corpo, está posta, mas e depois?
Quando retornei ao “mundo dos
mortos” fui recebido pelos meus pais.
- Bem-aventurada aquela criança
que se fez homem e deixou o seu legado para tantos – dizia meu pai Nabuco de
Araújo.
- Meu filho querido, sua mãe
sempre torceu por você. Não houve um só minuto que eu não tenha pensado no
êxito da sua vida.
Outra vez, Graça Aranha, já
fora do corpo, me disse que eu fui muito lembrado pelo meu jeito cuidadoso, meu
zelo pessoal, que isto ficou muito marcado.
Pensei comigo mesmo:
engraçado, fiz tanto, escrevi tanto, me expus tanto, e por muitos sou lembrado
pelo meu jeito de vestir e de me postar. Como é a vida...
No lado de cá, passei algum
tempo para entender como tudo funcionava desse lado. É bastante diferente, pois
os valores são outros àqueles praticados pela maioria na vida física. Tudo se
modifica desse lado da vida, tudo passa a ter outro sentido. Fui me acostumando
com o novo jeito de ser.
É interessante dizer isso com
todas as letras porque a análise que muitos fazem de mim era de como eu era
naquela época, naquele momento histórico que vivi. Não parei no tempo e minha
mente não cessou de progredir.
Agora, depois de muitos
estudos e vivências, na política e em outros campos do saber, estou mais
estabilizado nas minhas emoções, muito mais cônscio das minhas
responsabilidades e mais ainda no preciso fazer de agora em diante.
Aquele Joaquim Nabuco que
todos conheceram não existe mais. Lógico, que possuo n’alma resquícios daquele
em grande monta, mas, definitivamente, não sou mais o dândi nem o jornalista
curioso, tampouco o abolicionista impetuoso. Outras causas existenciais
abracei, sou outro homem, mais ligado as letras que antes, mas, bem mais
entretido com as coisas espirituais, a realidade sem fim.
Tenho planos de voltar ao
corpo físico em breve – não saberia precisar o prazo -, mas diante dos novos
desafios que o planeta alberga para o seu desenvolvimento definitivo para a
categoria dos mundo felizes, posso e devo contribuir mais decisivamente estando
entre vocês. Seria, no mínimo, mais ouvido que sou hoje.
O que importa agora, ciente
da minha história, recente e infinda, é projetar novos sonhos e vontades,
elevar meu pensamento a Deus e pedir que me guie da melhor forma possível na
tentativa de encontrar uma missão que valha a pena viver.
Com Deus,
Joaquim Nabuco - Blog Reflexões de um Imortal
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