Em 1873, precisamente em
Lisboa, tivemos uma conversa entre pares intelectuais. Na ocasião, debatíamos
sobre a liberdade dos povos. Eu fui muito inquirido como a sociedade
brasileira, de então, ainda sustentava a instituição da escravatura negra.
Dizia, na ocasião, que a oligarquia reinante na política segurava qualquer
avanço mais significativo, que as leis que foram aprovadas não encontravam eco
na sociedade rural que via na escravidão negra uma forma de manutenção de seus
privilégios. Argumentei, também, que a elite não gostaria de ser confrontada e
que ter serviçais era mais cômodo para seus interesses.
Encerrada a estada na capital
lusitana, fui para a Inglaterra e lá continuei o meu périplo de novidades sobre
o direito da liberdade irrestrita para todo ser humano. As ideias liberais,
naquela época, casavam como uma luva na liberdade também do trabalho, mas
via-se com certa precaução o que seria de uma sociedade altamente
industrializada. Naquele momento, quebrava-se, pouco a pouco, o paradigma de
preocupação rural e se implantava um novo modelo de se ver a economia. A
indústria de escala, as “máquinas modernas” e muitas outras inovações traziam
medo para uma sociedade que se acostumou com outros valores.
Agora, neste pedaço de início
do século, nos deparamos com uma análise semelhante àquela daqueles dias. Hoje,
a indústria perde lugar para a completa automação e todos, inquietos e
incertos, não sabem direito o que fazer ou onde tudo isso vai dar.
A máquina, agora ultramoderna
em relação aos primeiros teares mecânicos, nos surpreende a cada dia e nos
possibilita voos imaginativos extraordinários. Uma economia morre aos poucos,
como que asfixiada, e outra surge repleta de novidades e surpresas. Como ontem,
o medo ao novo permanece como sendo o grande vilão porque as pessoas não
desejam perder seus empregos e privilégios, mas a mudança tem que acontecer,
aliás, já está acontecendo aceleradamente em muitas partes do mundo. A mudança
é inadiável, como já anteriormente defendi.
O medo será substituído por
novas certezas, agora defendidas por uma geração nova de profissionais,
bastante antenada com tais transformações. É lógico que neste período de
transição as pessoas correrão em busca de um lugar ao sol ou de uma proteção
aos seus direitos, afinal de contas, “trabalhei arduamente e acredito merecer o
que conquistei a duras penas”, pensam muitos.
Tudo isso já está definido no
plano divino para o nosso bem e cabe a cada um se encaixar nesta nova ordem de
coisas.
Estes alertas que tenho feito
neste espaço tem o fim útil de preparar mentalidades mais sadias e menos
rancorosas com as mudanças tecnológicas. A mudança vai se instalar e pronto,
não há como lutar contra elas.
As bênçãos do Senhor
convergem para todos e não haveremos de ficar desabrigados de Sua Presença em
nossas vidas. Tenhamos calma e tudo vai se estabelecer a contento. É só
esperar, mas fazendo a sua parte.
Deus com todos!
Joaquim Nabuco – Blog
Reflexões de um Imortal
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