A dúvida é algo terrível. Como é viver na dúvida?
Deve ser angustiante ficar dependendo de uma informação sem
saber se ela é completamente verdadeira. É uma angústia profunda viver assim.
O ser humano deseja ter certezas. É natural
que assim seja, pois as certezas nos dão a devida segurança para caminhar no
mundo. Errar e acertar, porém, fazem parte da evolução. O que devemos é criar
um raciocínio tal que nos dê a confiança necessária de que estamos indo por um
bom caminho, aquele que nos remete a coerência com o que pensamos.
E se errarmos, o que devemos fazer?
Considerar imediatamente o erro, reorientar
a direção e seguir em frente.
Pode parecer simples este raciocínio, mas
muita gente não age desta maneira. Por puro orgulho, veste-se na verdade que
criou e não larga dela de jeito algum. No fundo, vai se prejudicar imensamente,
mas este tem sido o comportamento de milhões de pessoas pelo mundo. O resultado
desta teimosia infeliz é viver batendo cabeça por aí, onde a vida parece que
não se encaixa e tudo dá errado.
Por que o ser humano age assim?
Já disse que o orgulho era a raiz deste
comportamento, mas não seria mais fácil, teoricamente, ser mais humilde?
Sim, racionalmente, mas muitas pessoas agem
no influxo da vaidade. Errar, portanto, não faz parte do seu dicionário de vida
e não deixará o braço a torcer por nada no mundo.
Esta tarefa de reconhecimento dos próprios
erros faz parte da condição humana que quer, de fato, evoluir. Sem a tentativa
e erro, nós ficaríamos a mercê da sorte ou da inércia, porque não nos
movimentaríamos até ter a certeza que estaríamos ao lado da razão.
O que devemos fazer é buscar as melhores
alternativas, as melhores respostas, os melhores argumentos. Para isso,
fundamental é ouvir a todos, buscar a razão de vários lados. Isto fará com que
diminuamos a tendência de erro. Não temos alternativa se quisermos acertar.
Vejo no mundo muita gente sofrendo – e vai
sofrer ainda mais – por se colocar como escravo de suas próprias ideias e não
ouvir, de jeito algum, o que fala a consciência dos outros.
Ora, se tivéssemos toda a razão dentro de
nós seríamos o próprio deus encarnado, e embora um dia ainda tenhamos este
pleno estado de sintonia com o Pai, ainda estamos bastante distante desta
condição.
Quantos erros seriam evitados ou mesmo
atenuados se tivéssemos a preocupação de não sermos os donos da verdade?
Quantos prejuízos deixaríamos de provocar,
para nós mesmos e para os outros, se tivéssemos a humildade de reconhecer os
nossos equívocos?
Mas, teimamos como mula que emperra no meio
do caminho quando se sente contrariada nos seus propósitos. Dar o braço
a torcer, jamais, pensariam alguns.
Que pena!
A humanidade não foi construída pelos homens
senão porque eles entenderam que haviam errado em dado momento e seguiram por
outro caminho.
Muitas vezes foi necessário para os grandes
luminares da humanidade “errar mil vezes” para encontrar a razão de ser daquilo
que estudavam. O que importou foi a descoberta e tudo o mais serviu como
aprendizado para não mais se repetir.
Assim deve ser com a sua vida.
Decida, diante das informações que
possui, mas se perceber que estava enganado, volte atrás imediatamente e
tome novo rumo na sua vida.
Pode parecer simples – e é. Tenho, porém,
que atender muitas pessoas do lado de cá da vida que percebem, somente quando
morrem, o grande erro que se tornaram vítimas, tudo por causa do império do
orgulho em suas vidas.
Fique com Deus!
Helder Camara
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