Questão 294 do Livro dos Espíritos
LEMBRANÇAS
Duas pessoas, ao se encontrarem, encarnadas ou desencarnadas,
podem gerar antipatia entre si, de modo que o ódio avance em seus sentimentos,
dando azo à guerra de pensamentos e, por vezes, até brigas que podem envolver os
familiares e amigos a eles achegados.
Isso, às vezes, não passa de
lembranças do passado, quando o subconsciente entrega ao consciente aquilo que
trazia guardado, motivado por intrigas que a vigilância esqueceu de rechaçar,
por faltar a educação cristã.
Essas lembranças induzem ao afastamento um
do outro, ou grupos de grupos. Esse distúrbio é nascido do orgulho e do egoísmo,
frutos da inferioridade dos seres que desconhecem o amor.
Devemos
inquirir os nossos guardados profundos, meditarmos de vez em quando se não estão
vazando para o nosso consciente lembranças desagradáveis. Se encontrarmos
alguma, vamos dar de mãos no trabalho do esquecimento, desfazê-la com o perdão,
para a conquista de amigos. Se eles não desejarem a nossa amizade, devemos fazer
a nossa parte, que é dever dos que já conhecem o Cristo. Essas lembranças que
inquietam nossas consciências podem se dar, também, com espíritos desencarnados.
Os que estão na carne sofrem com isso, tornando-se um princípio de obsessão. São
os inimigos fora do corpo, que podem atuar por tempo indeterminado, dependendo
do que está sendo atingido por vibrações pesadas. Eis aí o momento da operação e
da caridade, eis aí a hora do perdão, pedindo a Deus nos ajude a fazer o bem de
todos os lados, no conhecimento da verdade, a fim de nos libertar dos inimigos
invisíveis.
Mas o melhor é torná-los amigos, pelos meios que ensina a
Doutrina Espírita, revivendo Jesus. Afastar do inimigo não significa libertar-se
dele. Se, por acaso, o ambiente não for favorável à reatação de amizade, oremos
por ele, ou por eles, que Deus sabe como nos aproximar, no devido tempo, em
correspondência com os nossos esforços pelos canais do perdão e da
caridade.
Devemos desfazer todas as lembranças incompatíveis com o bem
comum, e alimentar as recordações de amor e de amizade, porque essas últimas são
segurança da paz e sustentação do amor.
Jesus é unidade. Ele é o Pastor
de todo o rebanho e não deseja que ele se divida, por simples egoísmo. A
missão do Evangelho é tomar todas as criaturas unidas, sob o signo do
amor.
Ao se encontrar com alguém que conhece, onde quer que seja, deve o
homem estar disposto a lembrar-se dos feitos nobres, dele e dos outros, que essa
recordação o levará ao entendimento, ajudando-a no aprendizado e estendendo-o à
sabedoria das leis de Deus.
Comunguemos, pois, com todas as criaturas que
queiram se libertar dos entraves do mal e esplendor nas forças do bem, que em
quaisquer esforços nesse sentido mãos invisíveis ajudar-nos-ão a caminhar para a
alegria imortal e cristã.
Lembremo-nos do amor, e que ele se faz
acompanhar da caridade. Lembremo-nos do perdão, que sempre vem acompanhado da
alegria. Lembremo-nos da fraternidade, que traz a harmonia ao coração, e não
devemos nos esquecer de Jesus, pois Ele nos faz sentir acompanhados da lembrança
viva de Deus.
Livro: Filosofia Espírita VI - João Nunes Maia -
Miramez
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