RETIFICAR
Corrige amando para que a chama de teu auxílio não se apague
ao golpe rijo do desespero.
Não prescindirás da bondade e da tolerância na
retificação dos elementos mais simples.
O próprio ato de remendar a peça de
roupa humilde, recuperada para servir-te, reclama desvelo justo.
Lembra-te de
que o cirurgião recorre à anestesia para atender ao órgão doente e recorda que o
artista trabalhando a pedra obscura, não a golpeia sem amor, a fim de que o
buril, manejado com sabedoria e ternura, dela arranque a obra-prima que lhe
expressará o sonho de perfeição e beleza.
Se realmente amas aquele que a
sombra afeia e desfigura, não cobri-lo-ás de impropérios e maldições, porquanto,
condenar quem já é de si mesmo desorientado e infeliz é o mesmo que precipitar o
viajante inseguro no abismo das trevas ou acelerar a agonia do enfermo,
arrojando-o ao visco da morte.
Não basta sentir o veneno do mal e
perceber-lhe a influência.
É imprescindível descobrir o antídoto do bem para
administrá-lo, sem alarme, na hora certa.
Diante dos corações que reconheces
transviados em pedregoso caminho, estende em silêncio os braços amigos para que
a fraternidade exalte o ministério da salvação, sem os remoques da crueldade que
apenas conseguem piorar as moléstias do espírito, assim como a imprudência do
enfermeiro alarga a ferida que as suas mãos se propunham a curar.
Guarda a
certeza de que à frente do nevoeiro não vale gritar para que a sombra de
extinga.
É necessário o socorro da paciência com a firme disposição de
acender nova luz.
Livro: Intervalos - Francisco C Xavier
- Emmanuel
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