Questão 265 do Livro dos Espíritos
ESCOLHA
POR AFINIDADE
Há também espíritos que escolhem nascer em um
reduto viciado por gostarem do vício e sentirem necessidade de estar envolvidos
nele. Nesses, o senso moral ainda não tem desenvolvimento bastante para lhes
mostrar que eles devem se esforçar, no sentido de adquirir a decência nos
caminhos que percorrem.
Não há uma regra geral nas escolhas das
provações, mas, todas elas nos trazem lições, mais ou menos demoradas, que o
tempo fica encarregado de nos transmitir pelos processos da dor. As deduções que
a razão nos oferece, para escolher essa ou aquela provação, vêm impulsionadas
pelos nossos sentimentos, pelo tipo de escolha.
Os benfeitores
espirituais nos conhecem, entretanto, na hora de conceder o escolhido, o
automatismo do sim ou do não é mais profundo do que se pensa. Primeiramente, ele
vem de Deus, porque todas as decisões partem d'Ele, o Supremo Mandatário do
Universo, e; por vezes, nasce no candidato, por inspiração de alguém que o ajuda
nas lutas de cada dia, como avalista da riqueza da vida na carne que vai
receber.
Os que escolhem tipos de provas para satisfazer suas paixões
brutais, mais cedo ou mais tarde, arrepender-se-ão das suas escolhas. Embora
conhecendo a inconveniência do caminho, Deus lhos concedeu como aprendizado,
pois ao descobri-los é que o espírito permanecerá nos roteiros de luz.
Se
já temos alguma luz de entendimento acerca das leis de Deus, que regulam todas
as coisas, não percamos tempo com o chamado mal; as ilusões nos fazem sofrer,
até que conheçamos a verdade. Ela é Deus de braços abertos, pelos braços do
Cristo, a nos convidar para a felicidade.
Devemos aprender com mais brevidade a ciência
do bem viver, que ela é porta de luz que nos mostra a paz de consciência. Se já
sabemos escolher melhores caminhos para o nosso bem-estar, trabalhemos na
inspiração dos outros. Que seja no silêncio, de modo que eles, pela sugestão dos
nossos exemplos e das nossas orações, possam encontrar mais depressa o Cristo no
próprio coração.
A criatura inteligente percebe, pelos seus próprios
pensamentos, a que classe de espíritos pertence, na escala do progresso; basta
analisar o que suas idéias lhes mostram, o prazer que têm com tais ou quais
atitudes. Todos conhecemos o bem e o mal, por hereditariedade das leis que
vibram dentro de cada um. Se o homem tem prazer em viver no meio de
desequilibrados, é um deles. Por aí, analisemos as nossas atitudes,
certificando-nos do que somos, diante dos que nos buscam por sintonia.
Esforcemo-nos todos os dias no combate às más inclinações, e não esmoreçamos
nessa luta porque, se procurarmos Jesus para nos ajudar nas lutas, venceremos a
nós mesmos, ganhando a paz e aprendendo a amar em todos os rumos da vida. Deus
concede o que Lhe pedimos, quando acha conveniente para o nosso despertamento
espiritual. Às vezes, o atendimento é demorado; isso não importa; importa é que
abramos os olhos para a luz do entendimento. Não amaldiçoemos os que estão
imersos no vício, nas paixões inferiores, porque é no meio deles que o
sofrimento os desperta para a reta moralidade. Depois, eles passarão a buscar
uma norma de proceder mais eficiente, que o tempo lhes mostrará. Se queremos
ajudar com mais proveito, ajudemo-los com pouca teoria, mas, com muita
vivência.
Livro: Filosofia Espírita VI - João Nunes
Maia - Miramez
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