A construção de uma nova Igreja
O papa João Paulo II disse-me certa vez
do que representa a responsabilidade de estar sentado na cadeira do Pedro.
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Helder, é muita responsabilidade. Se não contarmos com a ajuda do Espírito Santo
fica tudo mais difícil de acontecer.
A ajuda do Espírito Santo se faz
presente também hoje com o nosso querido papa dos pobres, Francisco.
Este
homem extraordinário que vem mostrando ao mundo com exemplos e palavras como
devemos nos comportar. A cadeira de Pedro também lhe pesa, é claro, mas a sua
confiança em Deus lhe faz mais forte para enfrentar os desafios que se lhes
apresenta.
As estruturas carcomidas do Vaticano atrapalham a sua ação
pastoral e ele sabe disso. O que faz? Habilmente desmonta um esquema de poder
instalado e cristalizado ao longo de muito tempo. É tarefa das mais espinhosas,
mas ele se acerca de outros, divide o fardo e a responsabilidade, não concentra
poderes, mas distribui e aí despersonaliza as ações.
Hoje, o Vaticano vive
clima de permanente mudança. Há um arejamento das práticas. A governança
instalada pelo Papa Francisco faz com que as mudanças sejam distribuídas por
muitos. É um governo compartilhado, o que nos dá muita esperança.
Além disso,
vem corrigir publicamente os desmandos que fizemos no seio de muitos lares. Ao
invés de cobrir o sol com a peneira, revela a todos, abertamente, dos crimes
praticados por alguns irmãos de batina. O abuso sexual a menores deve ser
enfrentado sem demora e sem vergonha para coibir, ao mínimo, que venha a se
repetir novamente. Se há irmãos sem vocação sacerdotal que peça para sair da
Igreja e haja com equilíbrio na vida.
Há desafios maiores para a Igreja
enfrentar. A abolição de privilégios de alguns é mais uma prova disso. Agora
mesmo, nesta semana, o papa Francisco chamou novos cardeais, entre eles o nosso
querido Dom Orani Tempesta, para constituir uma nova Igreja de agora em diante,
distante dos acastelados romanos como se fez por longos séculos de
história.
Ao reconhecer publicamente os erros da Igreja, como fez o nosso
papa João Paulo II, demonstra a falibilidade dos homens que servem a Deus e da
necessidade de não se perder jamais o foco nos compromissos assumidos diante dos
votos que se faz.
Outro desafio, não menor em proporção, é criar uma nova
Igreja. Uma Igreja menos fechada em si mesma. Uma Igreja que escute a todos e dê
a sua opinião, embasada no pensamento do Cristo, para as problemáticas do mundo
atual. Uma Igreja contemporânea com os reclamos da sociedade. Uma Igreja
inclusiva e participativa. Uma Igreja de pobres para os pobres.
O papa
Francisco sabe o que faz e como faz. Tem-se revelado um executivo dos bons e, ao
mesmo tempo, um pastor de primeira. Seus gestos largos e naturais conquistam a
todos. Um papa do povo no meio do povo. Um papa que sente de perto as angústias
de seu rebanho.
A ajuda do Espírito Santo se dá em reanimá-lo a cada dia que
se inicia. A colaboração do Alto se faz presente em não desviá-lo do caminho
traçado. A presença de Deus se materializa em não permitir a ação do mal sobre
ele.
Há grandes esperanças sobre Francisco entre nós. Torcemos e trabalhamos
diuturmante para fazê-lo cumpridor de seus compromissos.
Deus o olha com
carinho e Jesus está ao seu lado para conduzir bem e melhor os destinos da
Igreja de Roma.
Sejamos todos nós, os católicos e os não católicos, agentes
do Cristo na terra como o papa Francisco bem o tenta fazê-lo.
Que a paz de
Jesus esteja conosco!
Helder Camara
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