27.8.13


REENCARNAÇÃO E RECEPTIVIDADE

Sim, meu caro, estivemos juntos em sua recente jornada doutrinária ao Estado de Santa Catarina, visitando as Instituições que, generosamente, abriram as suas portas para nos receber.
E, igualmente, qual aconteceu a você, fiquei emocionado com o trabalho realizado por aquele pequeno grupo de Florianópolis – “Casa Lar Luz do Caminho” – junto às crianças, muitas vezes, enjeitadas por seus pais, em maioria, usuários de crack.
De fato, o método pedagógico da Dra. Emmi Pikler, a grande pediatra vienense, utilizado por eles, em consonância com os ensinamentos da Doutrina Espírita, para auxiliar o espírito recém-encarnado a se desenvolver sem tantos traumas é extremamente eficaz.
Caminhei ao seu lado por aqueles berços, onde repousavam aquelas “sementinhas” do futuro, e confesso a você que, pelo imenso amor com que ali são tratadas, cheguei a desejar ser uma delas – não por agora, é verdade!
Realmente, meu caro, a reencarnação em um mundo de expiações e provas qual é a Terra não deixa de ocasionar certo impacto ao espírito, ainda mais quando o espírito é recebido de maneira hostil, num meio que lhe parece completamente adverso.
Você se houve muito bem, em seus comentários, citando o exemplo de Laura, mãezinha de Lísias, que, então, às vésperas de voltar ao mundo, segundo relatos de André Luiz na obra “Nosso Lar”, estava com medo da influencia do meio – e olha que Laura não se tratava de um espírito qualquer!
Imaginemos agora aqueles pequerruchos lindos, mal saindo da casca do ovo, sendo, inclusive, espancados pelos seus genitores drogados, e, na condição de nascituros, já com crise de abstinência, porque, durante toda a gravidez, a mãe fez uso do crack...
Ao abrir os olhos para o mundo, como é que um espírito assim pode se desenvolver em plenitude, sentindo-se ameaçado, feito um gatinho que estivesse prestes a ser devorado por uma serpente?!
O período da infância, conforme sabemos, é de fundamental importância para o espírito recém-nascido, porque, dificilmente, uma semente lançada num terreno árido encontra meios de germinar e florescer – para tanto, é preciso, por exemplo, que se seja um Chico Xavier, que, quando criança, tudo teve para crescer marcado por inibições psicológicas que o poderiam ter anulado para a Vida.
Todavia, meu caro, nós não somos Chico Xavier... Com uma ou outra exceção, a quem dentro dela quiser se colocar, somos espíritos comuns, que, quando reencarnamos, voltamos a Terra ante as muitas expectativas do Mundo Espiritual, notadamente da parte daqueles que nos costumam referendar o regresso ao corpo – quando, porém, sofremos os primeiros reveses – e isto ainda pode acontecer no útero materno –, nos retraímos, e deixamos de sermos nós mesmos, porque, inconscientemente, percebemos que, para escapar, precisamos criar n carapaças defensivas.
Tomara que surjam outros grupos como aquele pequenino grupo de Florianópolis, que, pelo que fiquei sabendo, se localiza numa ruazinha que sequer pode ser encontrada pelo GPS!
Porque, quando o espírito, ao reencarnar, dispuser, em todos os sentidos, de positiva receptividade na Terra, então, com mais memória do que pode aprender no Mundo Espiritual, ele se fará instrumento de maior progresso para as instituições humanas em geral.
Mas, infelizmente, por enquanto, como disse Laura, nas brilhantes páginas de “Nosso Lar”, a reencarnação continua sendo para nós outros“uma tentativa de magna importância”!
Apenas e tão somente uma tentativa de que o meio não nos deixe na mesmice, ou, pior, não nos comprometa ainda mais.

INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 26 de agosto de 2013

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