REENCARNAÇÃO E RECEPTIVIDADE
Sim, meu caro,
estivemos juntos em sua recente jornada doutrinária ao Estado de Santa Catarina,
visitando as Instituições que, generosamente, abriram as suas portas para nos
receber.
E, igualmente, qual aconteceu a você, fiquei emocionado com o
trabalho realizado por aquele pequeno grupo de Florianópolis – “Casa Lar Luz do
Caminho” – junto às crianças, muitas vezes, enjeitadas por seus pais, em
maioria, usuários de crack.
De fato, o método pedagógico da Dra. Emmi Pikler,
a grande pediatra vienense, utilizado por eles, em consonância com os
ensinamentos da Doutrina Espírita, para auxiliar o espírito recém-encarnado a se
desenvolver sem tantos traumas é extremamente eficaz.
Caminhei ao seu lado
por aqueles berços, onde repousavam aquelas “sementinhas” do futuro, e confesso
a você que, pelo imenso amor com que ali são tratadas, cheguei a desejar ser uma
delas – não por agora, é verdade!
Realmente, meu caro, a reencarnação em um
mundo de expiações e provas qual é a Terra não deixa de ocasionar certo impacto
ao espírito, ainda mais quando o espírito é recebido de maneira hostil, num meio
que lhe parece completamente adverso.
Você se houve muito bem, em seus
comentários, citando o exemplo de Laura, mãezinha de Lísias, que, então, às
vésperas de voltar ao mundo, segundo relatos de André Luiz na obra “Nosso Lar”,
estava com medo da influencia do meio – e olha que Laura não se tratava de um
espírito qualquer!
Imaginemos agora aqueles pequerruchos lindos, mal saindo
da casca do ovo, sendo, inclusive, espancados pelos seus genitores drogados, e,
na condição de nascituros, já com crise de abstinência, porque, durante toda a
gravidez, a mãe fez uso do crack...
Ao abrir os olhos para o mundo, como é
que um espírito assim pode se desenvolver em plenitude, sentindo-se ameaçado,
feito um gatinho que estivesse prestes a ser devorado por uma serpente?!
O
período da infância, conforme sabemos, é de fundamental importância para o
espírito recém-nascido, porque, dificilmente, uma semente lançada num terreno
árido encontra meios de germinar e florescer – para tanto, é preciso, por
exemplo, que se seja um Chico Xavier, que, quando criança, tudo teve para
crescer marcado por inibições psicológicas que o poderiam ter anulado para a
Vida.
Todavia, meu caro, nós não somos Chico Xavier... Com uma ou outra
exceção, a quem dentro dela quiser se colocar, somos espíritos comuns, que,
quando reencarnamos, voltamos a Terra ante as muitas expectativas do Mundo
Espiritual, notadamente da parte daqueles que nos costumam referendar o regresso
ao corpo – quando, porém, sofremos os primeiros reveses – e isto ainda pode
acontecer no útero materno –, nos retraímos, e deixamos de sermos nós mesmos,
porque, inconscientemente, percebemos que, para escapar, precisamos criar n
carapaças defensivas.
Tomara que surjam outros grupos como aquele pequenino
grupo de Florianópolis, que, pelo que fiquei sabendo, se localiza numa ruazinha
que sequer pode ser encontrada pelo GPS!
Porque, quando o espírito, ao
reencarnar, dispuser, em todos os sentidos, de positiva receptividade na Terra,
então, com mais memória do que pode aprender no Mundo Espiritual, ele se fará
instrumento de maior progresso para as instituições humanas em geral.
Mas,
infelizmente, por enquanto, como disse Laura, nas brilhantes páginas de “Nosso
Lar”, a reencarnação continua sendo para nós outros“uma tentativa de magna
importância”!
Apenas e tão somente uma tentativa de que o meio não nos deixe
na mesmice, ou, pior, não nos comprometa ainda mais.
INÁCIO
FERREIRA
Uberaba – MG, 26 de agosto de 2013
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