Dialogo entre os espíritos Odilon e Inácio Ferreira.
- Com tanta grandeza acima de nossas cabeças e nós insistindo em continuar
a ver o que temos sob os pés!... Por mais que me esforce, eu não entendo esse
pessoal que deixa o corpo e prossegue na mesma... Não era para que deste Outro
Lado, tivéssemos hospitais, vales de expiação e tampouco regiões trevosas. Nem
esses nossos irmãos com problemas de deformidade no corpo espiritual, ao ponto
de necessitarem praticamente de um novo nascimento por aqui, com a finalidade de
readquirirem a forma humana, antes de um novo mergulho na carne.
- Ou nasceria, não é?
- Sim, ou nasceria, pois, se os Espíritos
Superiores confirmaram a Allan Kardec que na Natureza nada dá saltos, como
explicar, por exemplo, sem elementos de transição em nosso Plano, a primeira
encarnação humana do princípio espiritual? O corpo humano não está apto a
receber entidades primárias, sem que o seu organismo perispiritual tenha, antes,
humanizado a forma. Os primeiros nascimentos acontecem aqui!... Mas, repito,
talvez isto seja muito para a cabeça de quantos ainda não conseguiram, por si
mesmos, intuir semelhante realidade. O assunto tem gerado polêmicas, e não
podemos comprometer a tarefa que, apesar dos pesares tem produzido frutos de
significativa qualidade.
- Talvez eu tenha me excedido...
- Não, você não se excedeu: você foi fiel às suas
convicções e ao que lhe tem sido possível constatar... Teses mais absurdas,
como, por exemplo, a do corpo fluídico de Cristo, tem sido adotadas
tranquilamente por muitos adeptos da Doutrina. Não se preocupe. Voltemos ao que
íamos dizendo. Você mencionava a questão dos adversários...
- Sim, daqueles que, como A., o antigo arcebispo,
se opunham às nossas singelas atividades espíritas em Uberaba... Eu ia dizendo
que, de certa maneira, eles me auxiliaram a perseverar e motivavam a inspiração
em meus escritos. Você se lembra, Odilon!
- Os nossos adversários, Inácio, são
representações materializadas de nós mesmos; de costume, eles nos aborrecem
porque se colocam diante de nossos olhos com a forma com que não queremos nos
ver...
- São nossos "espelhos"...
- E um espelho sempre é útil ao retoque da
imagem.
- Retoque da imagem!
- Sem que pudéssemos nos ver em alguém - nas
palavras e críticas de alguém -, dificilmente nos veríamos em nós. O adversário,
portanto, só se nos converte em inimigo quando queremos saber de identificar as
nossas mazelas; longe, pois, de execrá-los deveríamos até lhes ser gratos pelos
auxílios que nos estendem às avessas...
Livro: Infinitas Moradas - Carlos A. Baccelli -
Inácio Ferreira
Nenhum comentário:
Postar um comentário