8.8.13

Dialogo entre os espíritos Odilon e Inácio Ferreira.
 
- Com tanta grandeza acima de nossas cabeças e nós insistindo em continuar a ver o que temos sob os pés!... Por mais que me esforce, eu não entendo esse pessoal que deixa o corpo e prossegue na mesma... Não era para que deste Outro Lado, tivéssemos hospitais, vales de expiação e tampouco regiões trevosas. Nem esses nossos irmãos com problemas de deformidade no corpo espiritual, ao ponto de necessitarem praticamente de um novo nascimento por aqui, com a finalidade de readquirirem a forma humana, antes de um novo mergulho na carne.
- Ou nasceria, não é?
- Sim, ou nasceria, pois, se os Espíritos Superiores confirmaram a Allan Kardec que na Natureza nada dá  saltos, como explicar, por exemplo, sem elementos de transição em nosso Plano, a primeira encarnação humana do princípio espiritual? O corpo humano não está apto a receber entidades primárias, sem que o seu organismo perispiritual tenha, antes, humanizado a forma. Os primeiros nascimentos acontecem aqui!... Mas, repito, talvez isto seja muito para a cabeça de quantos ainda não conseguiram, por si mesmos, intuir semelhante realidade. O assunto tem gerado polêmicas, e não podemos comprometer a tarefa que, apesar dos pesares tem produzido frutos de significativa qualidade.
- Talvez eu tenha me excedido...
- Não, você não se excedeu: você foi fiel às suas convicções e ao que lhe tem sido possível constatar... Teses mais absurdas, como, por exemplo, a do corpo fluídico de Cristo, tem sido adotadas tranquilamente por muitos adeptos da Doutrina. Não se preocupe. Voltemos ao que íamos dizendo. Você mencionava a questão dos adversários...
- Sim, daqueles que, como A., o antigo arcebispo, se opunham às nossas singelas atividades espíritas em Uberaba... Eu ia dizendo que, de certa maneira, eles me auxiliaram a perseverar e motivavam a inspiração em meus escritos. Você se lembra, Odilon!
- Os nossos adversários, Inácio, são representações materializadas de nós mesmos; de costume, eles nos aborrecem porque se colocam diante de nossos olhos com a forma com que não queremos nos ver...
- São nossos "espelhos"...
- E um espelho sempre é útil ao retoque da imagem.
- Retoque da imagem!
- Sem que pudéssemos nos ver em alguém - nas palavras e críticas de alguém -, dificilmente nos veríamos em nós. O adversário, portanto, só se nos converte em inimigo quando queremos saber de identificar as nossas mazelas; longe, pois, de execrá-los deveríamos até lhes ser gratos pelos auxílios que nos estendem às avessas... 
 

Livro: Infinitas Moradas - Carlos A. Baccelli - Inácio Ferreira

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