28.8.12


A Vida Continua

  Às vezes, sem querer, fico pensando no que me aconteceu há alguns anos. A morte, meus filhos, é simples desligamento da alma do corpo. Sem dor e sem medo para aquele que se entregou à causa do bem, que fez por onde merecer a ajuda espiritual dos que partiram antes.
  No meu caso, foi tudo tranquilo, todos que me esperavam, deram-me as boas-vindas e nada senti demais. As pessoas me perguntavam se eu estava bem, o que sentia, e respondia que parecia estar doente ainda, mas sentia leve suavidade no corpo, parecia que havia deixado para trás algo muito pesado. De fato, era a leveza do espírito sem a carga de peso do corpo físico. Isto, por si só, já se constituía num benefício. Passei, então, a ser observado por médicos que me auxiliavam no meu restabelecimento. Minha mãe querida foi-me ver imediatamente. Dei graças a Deus por aquele reencontro.
  Jesus pregou a todos nós que não morreríamos, então eu tinha que confiar Nele. Eu dizia para todos que a vida verdadeira era a vida eterna, pois bem, agora eu sabia disso perfeitamente, teria que ficar tranquilo como fiquei. Meu Pai, ah meu Pai, quantas graças Tu nos ofereces e no momento derradeiro, quando apagam as luzes da vida física e poderíamos temer o nada, aí é que Tu nos ofertas o Tudo, o inimaginável, porque a vida aqui, meus irmãos, é plena e bela para quem souber bem-viver.
  Não acho chato a vida por aqui, é apenas outra forma de viver, tão somente. A vida aqui possui mil oportunidades de trabalho, não falta o que fazer. Fico priorizando para não poder me dispersar de tanto que existe para operar. Em tudo há a sabedoria divina, em tudo eu me encontro com Deus. A vida aqui tem mais significado, não que não haja na Terra, como há, mas aqui vemos reluzir com mais profundidade o significado de cada coisa.
  Como é maravilhoso servir. Como é gratificante poder se expressar em todo lugar. Como é interessante participar de missões extrafísicas. Tudo possui um significado enorme. Não expresso muitas coisas porque ainda não teriam a devida repercussão que merece, teríamos um choque quando me vissem escrever sobre o mundo de cá, por isso, me acautelo, me seguro, porque a vontade era dizer claramente como as coisas funcionam do lado de cá. Nem uma obra de ficção, por melhor que seja, conseguiria expressar o tamanho, a grandeza, de tudo por aqui.
  A meus restos mortais, na Sé, se juntarão hoje o de padre Henrique e do bispo Lamartine. Pois bem, amigos, quero dizer que aprovo a ideia, mas, na prática, estamos juntos há algum tempo. Mesmo na vida física, não me separei do meu padre querido, ele sabe disso, e foi um dos que me veio reencontrar de prontidão após o meu desenlace carnal. Lamartine está bem, manda abraços a todos por mim, porque ainda é difícil encontrar médiuns católicos para expressar a nossa vontade e pensamento, por isso aproveitamos o que temos à mão para dizer estas coisas.
  Neste dia comemorativo à minha morte física, levo o meu abraço àqueles que ainda veem em mim um amigo. Continuo orando por todos e ajudando naquilo que é possível. Peço a Deus que, igualmente a mim, possam acordar no mundo dos espíritos – que somos todos nós – conscientes da realidade nova e de mente e coração tranquilos por ofertar a Deus às suas vidas.
  Grato, irmãos, estaremos juntos, sempre juntos, a proteger-nos um a um, para que a morada do Pai, aqui e aí, se faça de muito amor e paz.
Um abraço,
Helder Camara

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