14.1.25

APARIÇÃO

Zeferino de Sousa Brazil*
 
Saulo, o perseguidor, segue o roteiro, atento.
Vem Damasco à visão do futuro rabino.
Aridez ao redor... Mato raro, mofino...
Nem perfume de flor, nem sussurro de vento.
 
Pronto, vasto clarão golpeia o firmamento.
Desce um homem de luz e empana o Sol a pino.
“Saulo!... Saulo!...” – convoca o emissário divino.
“Quem sois vós?” – Saulo grita, assombrado e violento.
 
“Eu sou Jesus” – responde a vítima ao verdugo –,
“Não recalcitres mais contra o amor de meu jugo!”
Cego, o doutor da lei tomba de alma ferida...
 
Mas longe de jungir-se aos grilhões do passado,
Levanta-se na areia, exsurge transformado,
E consagra a Jesus o coração e a vida.
 
(*) Poeta, cronista e jornalista, membro da extinta Academia Rio-grandense de Letras e patrono da cadeira nº. 24 na Academia Sul-Rio-grandense de Letras, o «Príncipe dos Poetas do Rio Grande do Sul» legou um nome de grande prestígio nos meios intelectuais do Pais. Referindo-se à poesia de Zeferino Brazil, João Pinto da Silva (Hist. Lit. R. G.S., página 86) afirmou : «E’ um inspirado, um espontâneo, à maneira antiga, sem deixar de ser, ao mesmo tempo, um artista. » Incluindo-o em sua Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Parnasiana, Manuel Bandeira tirou-o do olvido. (Porto Grande, Munic. de Taquari, Est. do Rio Grande do Sul, 24 de Abril de 1870 – Porto Alegre, Est. do R.G.S., 3 de Outubro de 1942.)
BIBLIOGRAFIA : Alegros e Surdinas ; Vovó Musa ; Na Torre de Marfim ; Teias de Luar ; etc.
Livro: Antologia dos Imortais - Francisco C. Xavier e Waldo Vieira.

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