12.7.20

A Matança da Floresta Amazônica

Toda vez que vou psicografar com Hélder Câmara, busco um ponto de ligação mental com ele. Geralmente, leio um texto ou vejo um vídeo dele. De uns tempos para cá, tenho o hábito de ler “Meus Queridos Amigos – As Crônicas de Dom Hélder Câmara”. Trata-se de apanhado da jornalista Tereza Rozowykwiat, publicado pela Cepe Editora, que reúne as preleções do nosso Dom que ele fazia no programa “Um Olhar sobre a Cidade”, que ia ao ar de segunda-feira a sábado, pontualmente às 7 horas, na Rádio Olinda, durante o período de 1974 a 1983.
Neste momento de psicografia, a leitura prevista intitulava-se “Atenção com a Amazônia”. Uma fala de Dom Hélder no programa de 10 de julho de 1980. Ora, são exatos 40 anos. E como o tema é atual. E como a rotina de desmatamento e desrespeito ambiental não parou. Quatro décadas e o homem, insaciável para conquistar riquezas materiais, assassina as riquezas ambientais.
O termo é este mesmo: assassinato.
Tal qual o abortamento, que mata uma criança indefesa, o desmatamento é um crime cruel, pois que mata uma árvore igualmente indefesa.
Ambos os crimes, abortamento e desmatamento, eliminam vidas. Um, abole a vida humana. O outro, aniquila a vida vegetal.
As penas para um e outro deveriam, portanto, ser as mesmas e considerados crimes hediondos, crimes de atentado à humanidade.
O homem, porém, faz vistas grossas ao abortamento e tolera o desmatamento.
A vida, no entanto, reage.
Contra o morticínio da vida física brota a indignidade, a indiferença, a desfaçatez com a vida humana, onde todos nos tornamos um nada, uma coisa qualquer, algo inútil que se descarta.
Contra a mortandade das matas agita o subsolo, impulsiona os ventos, desequilibra o ecossistema e, mais cedo ou mais tarde, a resposta vem em forma de vendavais, seca, infertilidade do solo, paralisa ambiental.
Quando será que o homem vai descobrir que é um atentado a vida e, consequentemente, um atentado a Deus, assassinar crianças e árvores?
Quando será que o homem aprenderá a conviver harmoniosamente com a vida das matas e florestas, extraindo dela o que realmente necessita para sua sobrevivência?
Ela até agradece e faz isso de bom gosto.
Insensível, escravo do dinheiro corrompido, desvirgina-se a nossa mata atlântica e amazônica, o nosso cerrado e outras fontes abundantes de natureza vegetal. 
A exploração desmedida de nossos recursos naturais é uma demonstração da imaturidade espiritual. A esses homens, o preço divino, não em forma de castigo, mas de justiça, é implacável.
As nações mais desenvolvidas do mundo já acordaram, há algum tempo, para esta verdade verdadeiríssima e combatem todos aqueles que causam estes crimes ambientais.
O Brasil, potência ambiental do século 21, se comporta como um ente menor. Rebaixa-se a favor do capital predador e se torna o mais ínfimo dos países.
Transforma riqueza vegetal – e também mineral – em vergonha internacional.
O próprio capital está se civilizando, vejam que paradoxo, enquanto alguns homens se revelam como as piores das criaturas por desrespeitar a vida de seus irmãos de natureza.
Muitos países já criam boicote a países e produtos que não seguem os rigores dos protocolos internacionais de convivência pacífica e harmoniosa com a natureza.
Este governo que aí está é conivente com a morte de milhões de “criaturas vegetais”. É parceiro do capital torpe e sanguinário. Se outros governos combatiam o desmatamento com algum zelo, mas ainda assim foram incompetentes para frear a matança ambiental, este se entrega a um raciocínio selvagem da antivida.
Neste caso, não chamem os índios nativos de selvagens porque seria outra agressão a sua condição. Os nativos conscientes são os primeiros protetores da divina floresta, seus guardiões leais há séculos.
O homem não tardará a despertar para este morticínio. Espero, sinceramente, que não seja tarde demais.
Forças antagônicas ao Cristo de Deus, agem na alimentação da ganância destes capitalistas exploradores dos bens da humanidade. Incutem em suas mentes entorpecidas a necessidade de mais e mais mortes de árvores. Tornam-se parceiros dos mais atrasados agentes da maldade no planeta.
Terra devastada para quê?
Não tem o homem, o brasileiro em especial, a consciência de que as terras existentes para o plantio já são mais que suficientes para a subsistência nacional e de colaboração ao abastecimento planetário por décadas à frente?
Injusto o que se faz com a floresta amazônica e atlântica. O ser material se locupleta a revelia da sua essência espiritual.
Por essa razão, a Mãe Terra grita, esbraveja, de maneira veloz, e causará distúrbios de alta proporção, infelizmente.
O homem incauto e adoecido ela volúpia por mais capital vai atirar em si mesmo. Que pena! É o preço a pagar pela sua incúria e infantilidade espiritual.
Um grande movimento internacional existe para combater essa ação letal sobre nossas florestas, principalmente a amazônica. Outro, também, se agiganta a cada dia nas cercanias espirituais para agir contra este estado de coisas.
As prisões de delinquentes dessa espécie aqui na dimensão espiritual são rigorosas, diria impiedosas, porque é o mal deliberado e enlouquecido, uma distância de Deus declarada.
Ajamos, quanto pudermos, para aplacar a fúria do capital alienante e dos governantes insensíveis.
Papa João Paulo II, visionário como sempre, derramai a vossa atenção a esta causa de todos nós para que um dia não vejamos mais o homem, na sua sanha feroz, destruir seus irmãos em natureza.

Helder Camara - Blog Novas Utopias

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