12.2.18


Meu Carnaval

A Terra vive dias difíceis. É guerra para todo lado. Muita confusão e o povo, coitado, recebe apenas o reflexo de toda essa situação. Não é fácil viver hoje, mas no meu tempo também não. A dificuldade, na realidade, sempre existiu. De um jeito ou de outro, somos todos convidados ao enfrentamento da dura realidade. Em nível individual com seus tropeços habituais. Em nível coletivo com as dificuldades oriundas das lutas sociais. Tudo isso para um dia podermos proclamar sobre a Terra dias de paz e de ajuda mútua. Esse dia chegará, é o destino inevitável dela. Enquanto isso, vamos nos livrando dos problemas e exaltando a necessidade da união de propósitos.
Agora mesmo, vive-se o período carnavalesco. É a grande festa popular que temos no Brasil, mas também uma época de muitas tribulações. Eu sei que a vida não está fácil e pobre, então, sabe disso mais que ninguém, mas quando o desafio é tamanho, a solução deve vir do inesperado.
Eu tive em muitos carnavais aí no meu País e especialmente em meu Pernambuco. Ia a algumas festas selecionadas e me sentia muito bem. Que alegria enorme essa da minha gente, que ficava a cantar e a dançar como se não houvesse amanhã. Sentia a alegria extravasar de diversas maneiras. É certo que meu povo não tem lá dinheiro para gastar, por isso que no carnaval ele se esbalda – como se diz na gíria corrente.
Que festa maravilhosa quando realmente vemos irmãos em congraçamento numa brincadeira contagiante. Beijos pra lá, abraços pra cá, tudo num clima de muito respeito e confraternização.
- Ah, Dom Hélder, o senhor não quer ver o outro lado do carnaval.
- Quero ver sim, minha filha, não estou cego aos estragos que o carnaval provoca, mas quero ver muito mais é o bem que ele propicia. A festa tem dois lados e tem gente que somente quer ver um deles, eu vejo o que ela traz de bom.
Quantas famílias se reúnem para brincar e esquecem as suas diferenças particulares?
Quantos inimigos dão-se as mãos como se fosse um interstício?
Quantos amores se convertem em casais definitivos?
Quanta gente se cura da doença da solidão e da depressão?
Pois bem, é esse lado que eu quero ver e enaltecer no meu carnaval. O carnaval dos pernambucanos que eu apreciei de perto é feito de muito colorido, de gente cantante e de um bom frevo rasgado. Uma beleza é ver os blocos líricos que exaltam o passado com as suas modas e fantasias. Eu me deliciava com eles e confesso que ainda venho quando posso dar uma espiadinha.
No carnaval, fazemos caravanas de socorro no mundo espiritual. Cuidamos de muita gente que nem sabe que estão sendo monitorados e guiados para não se envolverem em confusão. Damos auxílio direto aos feridos e estamos na retaguarda para evitar que o mal maior aconteça.
Portanto, meus irmãos, se você for ao carnaval para brincar, cuide de fazer a sua parte porque ajudará a nossa. No mais é brincar com alegria e desprendimento da alma.
Jesus, nosso mestre venerado, amava a alegria de viver. Creio que brincando com respeito e moderação até Ele se arriscaria a compartilhar da nossa alegria de carnaval.
Muita paz!
Hélder Câmara – Blog Novas Utopias

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