Prosseguindo, no capítulo 43,
de “Nosso Lar”, o Ministro Benevenuto, que tecia considerações sobre a
iminência da guerra de 1939 a 1945, escuta um dos circunstantes a lhe indagar:
- “Mas, o Espiritismo? (...). – Não surgiram as primeiras florações
doutrinárias na América e na Europa, há mais de cinquenta anos? Não continua
esse movimento novo a serviço das verdades eternas?”
A verdade, porém, é que o
Espiritismo não logrou cumprir com a sua tarefa em solo europeu... Embora os esforços
do Mundo Espiritual Superior e o de Allan Kardec, as trevas, momentaneamente,
terminaram por prevalecer contra a Terceira Revelação, e, logo que o
Codificador deixou o corpo, em 1869, disputas internas, principalmente as
fomentadas por Leymarie, comprometeram a Doutrina. No que pesem todos os
esforços dos adeptos sinceros, tendo à frente a viúva Allan Kardec, Amèlie
Gabrielle de Lacombe Boudet, Leymarie, interessado em dinheiro e poder, cedeu
espaço à Teosofia, deixando que as sucessivas guerras nas quais a França se
envolveu terminasse com o trabalho de empanar o brilho da Doutrina na Europa.
*
Benevenuto sentencia nas
páginas de “Nosso Lar”: “O Espiritismo é a nossa grande esperança e, por todos
os títulos, é o Consolador da humanidade encarnada; mas a nossa marcha é ainda
muito lenta”.
Tendo se transferido – a
Árvore do Evangelho – para o solo espiritual do Brasil, conforme narra,
magistralmente, Humberto de Campos, nas páginas de “Brasil, Coração do Mundo,
Pátria do Evangelho”, o Espiritismo, outra vez, está sob a mesma ameaça que fez
com que ele se exilasse da Europa, pela ação quase dos mesmos espíritos que, a
serviço das Trevas, impediram lá o seu maior florescimento.
De maneira estranha, os
adversários da Causa seguiram Kardec ao Brasil, sendo que ele, tendo se
corporificado como Chico Xavier, desde o começo de seu apostolado, em 1927, foi
e vem sendo perseguido por aqueles que intentem lhe minimizar o esforço de
complementar a Codificação. O trabalho missionário de Chico, da parte de
alguns, vem sendo mesmo tratado com descaso.
*
Chico dizia que Leymarie
havia sido o “coveiro do Espiritismo na França”, e, ao que nos parece,
prossegue ele, novamente encarnado, com a sua vocação para o sepultamento das
ideias legítimas em torno da Doutrina do Consolador. Festejado como um de seus
maiores líderes, como, igualmente, no século XIX, Leymarie, cria uma vertente
psicológica no Espiritismo, que passa a concorrer com a evangelização do
espírito de Emmanuel, que sempre se colocou a serviço do Cristo. Os estilos das
Obras Mediúnicas da lavra de Chico Xavier são literalmente “copiados”, intento
apenas não conseguido, pelos espíritos pseudossábios que o assistem, no campo
da Poesia, porque não lograram imitar “Parnaso de Além-Túmulo”, e tampouco
plagiar o inconfundível estilo literário de Humberto de Campos, por absoluta
incapacidade espiritual e intelectual dos autores da mistificação.
*
O Espiritismo, na atualidade,
corre sério risco no Brasil, porquanto, infelizmente, contam-se às dezenas os
que se matricularam na escola de Leymarie, olvidando os exemplos de vivência
evangélica de Chico Xavier, que se caracteriza por ensinar e colocar a Doutrina
em prática “á sombra do Abacateiro”.
Praticamente, com todas as
Federações nas mãos, e o Movimento organizado em geral, Leymarie continua
trabalhando para superar Kardec – a sua obcecante ideia, só Deus sabe desde
quando!
*
Benevenuto, no entanto,
encerra as suas considerações, com palavras de otimismo: “Nossos serviços são
astronômicos. Não esqueçamos, porém, que todo homem é semente da divindade.
Ataquemos a execução de nossos deveres com segurança e otimismo, e estejamos
sempre convictos de que, se bem fizermos a nossa parte, podemos permanecer em
paz, porque o Senhor fará o resto”.
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 5 de fevereiro
de 2018.
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