10.11.15

A ADVERTÊNCIA DO CRISTO

“Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão!” – Mateus, capítulo 6 – versículo 23.

Uma das advertências do Cristo que mais nos deixa com receio de nós mesmos, é, sem dúvida, a que nos encimam as reflexões no assunto do Blog desta semana.
Falando a respeito da luz e das trevas, Ele nos chama a atenção para a pior espécie de trevas que pode existir em nós: àquela que supomos ser luz! Em outras palavras: a mentira que supomos ser verdade, a arrogância que imaginamos ser humildade, a traição que julgamos ser lealdade...
As trevas que, em nós, se disfarçam de luz, são de muito maior complexidade do que as trevas declaradamente trevas.
Um exemplo marcante foi o de Paulo de Tarso, que, defendendo a Lei Antiga, não hesitou em se transformar em ferrenho perseguidor dos cristãos – foi preciso que ficasse cego para que voltasse a enxergar!
Pode ser, na tácita defesa de nossos pontos de vista e argumentos, estejamos completamente equivocados.
Recordo-me de Modesta, numa fala que, aliás, tivemos oportunidade de reproduzir em um de nossos livros: “Amai-vos e Instruí-vos”. Em certo diálogo conosco, ela nos disse que um de seus maiores medos, numa futura reencarnação, seria renascer dentro de circunstâncias que a levassem a esquecer-se de seu compromisso com o Cristo! Confesso-lhes que, igualmente, quando penso em tal possibilidade, eu chego a tremer nas bases...
A questão é que, sobre a Crosta, a influência do meio, somando-se ao esquecimento do passado, que acomete o espírito em seu mergulho à carne, pode, sim, nos afastar da Luz da qual tão somente agora, timidamente, estamos nos aproximando.
Noto que, infelizmente, muitos companheiros de Ideal Espírita-Cristão imaginando estar caminhando na luz, estão tateando nas trevas – e isto se deve à nossa incapacidade de raciocinar com a Verdade, sem que os nossos raciocínios sejam tisnados por interesses de ordem pessoal.
Antes carreguemos no espírito trevas que sejam trevas, que trevas disfarçadas de luz – não tanto aos olhos alheios quanto aos nossos próprios olhos!
Preferível, pois, mil vezes, que estejamos verdadeiramente cegos, na expectativa de cura pela luz, que de olhos supostamente arregalados, nos deslumbramento da luz que nos provoca cegueira real.
O pedido do cego de Jericó a Jesus foi altamente significativo. Indagado pelo Senhor: “Que queres que eu te faça?”, ele respondeu: “Mestre, que eu torne a ver.” Ele não clamou por mais luz, mas, sim, que tornasse a ver – que tornasse a ver como outrora, porque, no transcurso da existência, ele havia perdido a visão.
Muitas vezes, infelizmente, perdemos a visão da Doutrina – deixamos de enxergar os interesses dela para enxergarmos os nossos! Que cegueira terrível esta, que nos leva a confundir os interesses da Doutrina com os nossos!...
Que fique, portanto, nesta semana, este singelo texto para as nossas reflexões, porque – acreditem – não haverá maior desapontamento para o espírito que desencarnar acreditando ter feito o bem, quando, em realidade, fez o mal – defendeu e propagou a Doutrina, quando simplesmente concorreu para a distorção de sua Mensagem, trabalhando para estabelecer o caos em suas fileiras.

INÁCIO FERREIRA por Carlos A Baccelli

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