A proximidade do Natal,
evidentemente, enseja-nos inúmeras reflexões a respeito da presença de Jesus no
mundo atual.
Particularmente, diante do
fanatismo religioso, que parece extrapolar de maneira incontrolável, fico a me
perguntar se será possível que, um dia, os nossos irmãos muçulmanos, seguidores
de Maomé, venham a aceitar Jesus na condição de Caminho, Verdade e
Vida.
Neste sentido, por mais
otimista que eu procure ser, não consigo enxergar luz no fim do
túnel...
E, sendo assim, intriga-me
o fato de Jesus ter escolhido nascer na Judéia, descendendo de uma nação que,
motivada ou desmotivadamente – não me cabe aqui entrar no mérito da questão -
inspira tanto ódio racial a tantas outras, quase no mundo
todo.
Sim, porquanto,
principalmente no Oriente, Israel não conta com a simpatia dos países que lhe
são fronteiriços, sustentando, com alguns deles, uma paz quase
insustentável.
Tenho a impressão de que,
tendo nascido judeu, Jesus não quer ser pouco amado pelos homens – Ele não quer
um amor aos pedaços – Ele quer um amor que seja capaz de chegar ao extremo de
nossa capacidade de amar!...
Seria, por exemplo, fácil
que os árabes amassem um Jesus que tivesse sangue árabe correndo nas veias – se
Ele fosse palestino ou sírio ou iraquiano...
Talvez, se Ele tivesse
nascido na China, ou na Rússia, não Lhe fosse tão difícil contar com o amor e o
respeito dos descendentes dos Khans, ou dos
Czares...
Ou, ainda, escolhesse
nascer na Índia, de há muito, com certeza, estaria, em posição proeminente,
figurando entre os deuses da Trindade do Hinduísmo – Bhrama, Vishnu e
Shiva...
E se, em vez do aramaico,
Ele se expressasse no idioma grego, com Sócrates lhe fazendo o papel de João
Batista, o Precursor, ou em inglês, na condição de Profeta do considerado país,
politicamente, mais influente do mundo – EEUU –, não viesse a ser tão espinhosa
a missão que Lhe cabe em se fazer ouvido, pela Humanidade, em Suas palavras de
Vida Eterna...
No que tange, porém, ao
mundo islâmico, é provável que algum estudioso venha a considerar que, tanto
quanto pelo Judaísmo, Jesus Cristo, é respeitado pelo Islamismo, que, apenas e
tão somente, não O coloca à altura espiritual de Maomé! – o Judaísmo,
igualmente, não considera o Cristo superior aos seus grandes patriarcas, nem
tampouco a Moisés, que liderou os judeus em sua fuga do
Egito...
(Abrindo um parêntese, a
Igreja Católica santificou a tantos que, em seus milhares de altares, Jesus
passou a contar com inúmeros concorrentes de Sua grandeza e poder espiritual! –
não obstante, se Ele, em vez de ter nascido no país dominado, nascesse no país
dominante – se fosse romano e se expressasse em latim –, a simples condição de
europeu lhe daria a credibilidade cultural que Ele ainda não possui junto aos
preconceituosos – a um preconceituoso como Hitler, por exemplo, que pretendendo
extinguir com os judeus, anelava, sob o comando das trevas, arrasar o
Cristianismo!)
Ah, se o Cristo tivesse
falado em alemão, ou em francês?! Não faria grande diferença se ele falasse em
português, ou castelhano – embora tais idiomas pertençam ao chamado “ramo
itálico” – perdoem-me, eu não sou um linguista! No máximo, sou um
linguarudo...
Eu não tenho culpa, se a
chegada do Natal me torna assim de espírito tão nostálgico que me leva tão longe
em meus devaneios.
Creio que Jesus, ao nascer
entre os judeus, não pretendia se valer apenas da crença monoteísta do povo
hebreu, a fim de consolidar a idéia de um Deus único. Ele sabia que não seria
fácil ser amado como judeu pelos próprios judeus! – Ele sabia e, mesmo assim,
quis nascer sob o pálio de todas as humilhações possíveis e imagináveis –
inclusive a de ter nascido em meio ao excremento de animais, numa singela
estrebaria!
O Cristo não é brincadeira,
e, se eu não Lhe entendo a cabeça, muito menos o coração, pois que Ele quer ser
amado pelo ódio mais açulado que possa existir contra o que Ele
representa!...
Feliz Natal, meu
povo!...
INÁCIO
FERREIRA
Uberaba – MG, 30 de
novembro de 2015