_ Somos hoje
defrontados por grande tempestade magnética, e muitos caminheiros das regiões
inferiores são arrebatados pelo furacão como folhas secas no
vendaval.
_ E guardam
consciência disso? – indagou Hilário, perplexo.
_ Raros
deles. As criaturas que se mantêm assim desabrigadas, depois do túmulo, são
aquelas que não se acomodam com o refugio moral de qualquer principio nobre.
Trazem o íntimo turbilhonado e tenebroso, qual a própria tormenta, em razão dos
pensamentos desgovernados e cruéis de que se nutrem. Odeiam e aniquilam, mordem
e ferem. Alojá-los, de imediato, nos santuários de socorro aqui estabelecidos,
será o mesmo que asilar tigres desarvorados entre fieis que oram num
templo.
_ Mas
conservam-se, interminavelmente, nesse terrível desajuste? – insistiu meu
companheiro agoniado.
O orientador
tentou sorrir e respondeu:
_ Isso não.
Semelhante fase de inconsciência e desvario passa também como a tempestade,
embora a crise por vezes, persevere por muitos anos. Batida pelo temporal das
provações que lhe impõem a dor de fora para dentro, refunde-se a alma, pouco a
pouco, tranqüilizando-se para abraçar, por fim, as responsabilidades que criou
para si mesma.
_ Quer dizer,
então – disse por minha vez -, que não basta a romagem de purgação do espírito
depois da morte, nos lugares de treva e padecimento, para que os débitos da
consciência sejam ressarcidos...
_
Perfeitamente – aclarou o amigo, atalhando-me a consideração reticenciosa –, o
desespero vale por demência a que as almas se atiram nas explosões de
incontinência e revolta. Não serve como pagamento nos tribunais divinos. Não é
razoável que o devedor solucione com gritos e impropérios os compromissos que
contraiu mobilizando a própria vontade. Alias, dos desmandos de ordem mental a
que nos entregamos, desprevenidos, emergimos sempre mais infelizes, por mais
endividados. Cessada a febre de loucura e rebelião, o Espírito culpado volve ao
remorso e á penitência. Acalma-se como a terra que torna à serenidade e à
paciência , depois de insultada pelo terremoto, não obstante amarfanhada e
ferida. Então, como o solo que regressa ao serviço da plantação proveitosa,
submete-se de novo à sementeira renovadora dos seus
destinos.
Atormentada
expectação baixava sobre nós, quando Hilário
considerou:
_ Ah! Se as
almas encarnadas pudessem morrer no corpo, alguns dias por ano, não
à maneira do sono físico em que se refazem, mas com plena consciência da vida
que as espera!...
_ Sim –
ajuntou o orientador -, isso realmente modificaria a face moral do mundo;
entretanto, a existência humana, por mais longa, é simples aprendizado
em que o
Espírito reclama benéficas restrições para restaurar o seu
caminho. Usando nova máquina fisiológica entre os semelhantes, deve atender à
renovação que lhe diz respeito e isso exige a centralização de suas forças
mentais na experiência terrena a que transitoriamente se
afeiçoa.
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