Questão 305 do Livro dos Espíritos
Falemos mais um pouco sobre as lembranças da
alma depois do túmulo, das suas recordações do passado. Não podemos generalizar
os fatos, dizendo que todos os Espíritos recordam de suas vidas passadas, tão
logo deixem o corpo.
A sucessão de lembranças é gradativa, de
acordo com as necessidades de cada um. Ao que Deus achar conveniente, esse pode
regredir a memória até onde suporte, desde quando seja para o seu adiantamento
espiritual. O mais comum é que se recorde quando está próxima a reencarnação,
para que o Espírito aceite com mais coragem o que deve ser reparado para a sua
felicidade.
Já foi dito várias vezes que nem todos os
Espíritos podem recordar suas vidas passadas. É qual os homens que, por vezes,
esquecem o que se passou com eles um ano atrás, e quando se recordam, as
minúcias ficam esquecidas. As vidas passadas são inúmeras, de sorte que seria
uma confusão para a alma a recordação de todas elas. Tudo na vida é gradativo
para melhores entendimentos e melhor assimilação das experiências.
Os Espíritos, encarnados e desencarnados,
têm uma noção do que foram no passado pelo que são no presente. Basta analisar
suas tendências que a razão lhes dirá o que foram, e a inteligência espiritual
nos diz que, com essa inspiração, o nosso dever é melhorar. Os caminhos estão
abertos e em cada
passo Jesus nos deixou ensinamentos que podem nos ajudar a
caminhar com mais desembaraço.
Quando tivermos oportunidades de melhorar,
no exterior e no íntimo, não nos façamos de esquecidos do convite; abracemos os
compromissos com alinho de coração, porque toda reforma íntima é luz que se
acende no coração, para despertamento da consciência. Aproveitemos o tempo que
passa, que mãos invisíveis estão ajudando a quem se ajuda, estão trabalhando
com quem trabalha, estão amando a quem ama e perdoando a quem perdoa.
Esqueçamos o mal e recordemos o bem sem ostentação, por ser o bem um dever
sagrado de cada alma nos caminhos que percorre.
Há espíritas que fixam o pensamento no
passado e passam a viver esse passado sem nenhum proveito para o presente.
Querem saber o que foram por vaidade, e quando alguém lhes diz que foram
ladrões, assassinos, traidores da pátria e coisas assim, eles já passam a não
acreditar mais na reencarnação. O desejo de muitos é terem sido personalidades
notáveis, faraós, generais, grandes cientistas e santos famosos. São ilusões
envolvidas em ilusões maiores.
Somos somente o que somos, e nada mais.
Entreguemos à natureza esse trabalho de recordações. Quando Jesus achar por bem
dos nossos corações, Ele, o Sábio dos sábios, nos oferecerá as regressões de
memória, como lições valiosas para que possamos saber o mal que fizemos e
apurar nossas consciências no bem e na caridade que devemos fazer. O amor nos
espera para dele fazermos uso, amando a todos.
Se ainda estamos vivendo imersos em dúvidas,
se estamos vivendo pelo impulso do orgulho e do egoísmo, e tantas outras
manifestações da inferioridade, o que devemos esperar das recordações do
passado? Depois que limparmos o presente, aperfeiçoando todas as nossas
qualidades morais, eis aí o momento de pensarmos em recordações do passado, e
essas lembranças, com a presença de Jesus, virão gradativamente a nos
aconselhar no que devemos fazer a mais para a nossa felicidade.
Livro: Filosofia Espírita – João Nunes Maia
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