17.7.13

MILAGRE OU FENÔMENO
I. O QUE SERIA MILAGRE?
    A palavra milagre significa: coisa admirável, extraordinária, surpreendente. Popularmente, porém (sob a influência da teologia predominante no país), por milagre se entende: fato sobrenatural (que está além e fora da Natureza), algo inusitado e inexplicável, uma derrogação das leis da Natureza, pela qual Deus daria mostra de seu poder.
    Em princípio, Deus poderia fazer milagres, pois para Ele tudo é possível. Mas não o faz, não derroga nem anula as leis da Natureza, porque Ele mesmo as fez perfeitas e o que é perfeito não precisa ser modificado.
    A demonstração da grandeza, sabedoria e poder deDeus não está em fazer milagres mas, sim, em haver criado leis tão perfeitas, que nelas tudo já está previsto e providenciado, sem nada a corrigir nem improvisar.
 II. A EXPLICAÇÃO ESPÍRITA DOS MILAGRES
 Antigamente, havia muitas coisas consideradas como maravilhoso ou sobrenatural. Algumas nem eram fatos reais mas apenas crendices ou superstições sem fundamento. Outras eram fenômenos verdadeiros (fatos naturais) e foram consideradas milagres por estarem mal explicadas ou serem desconhecidas as suas causas. O círculo do maravilhoso ou do sobrenatural vem diminuindo ao longo dos tempos, pelo progresso do conhecimento humano, através:
 - da Ciência, que revela as leis que regem os fenômenos do campo material;
 - do Espiritismo, que revela e demonstra a existência dos espíritos e como agem sobre os fluidos, explicando certos fenômenos como efeitos dessa causa espiritual. As curas realizadas por Jesus, por exemplo, foram consideradas pelo povo como milagres, no sentido que a palavra tinha na época: o de coisa admirável, prodígio. Atualmente, o Espiritismo esclarece que os fenômenos de curas se dão pela ação fluídica, transmissão de energias, intervenção no perispírito etc. E permite examinar e compreender as curas realizadas por médiuns (espíritas ou não) ou por pessoas dotadas de excelente magnetismo. Essa explicação não diminui nem invalida as curas admiráveis, feitas por Jesus; pelo contrário, nos leva a reconhecer que Jesus tinha alto grau de sabedoria e ação para poder acionar assim as leis divinas e produzir tais fenômenos.
 III.  EM CONCLUSÃO
 Os fatos tidos como milagres nada mais são do que fenômenos; fenômenos que estão dentro das leis naturais; são efeitos cuja causa escapa à razão do homem comum. Podem ocorrer sempre que se conjuguem os fatores necessários para isso. Se há coisas que parecem inexplicáveis para nós, é porque nosso grau de evolução na atualidade ainda não nos possibilita a compreensão desses fenômenos. E se não produzimos com facilidade fenômenos como esses é porque ainda não desenvolvemos suficientemente as nossas faculdades espirituais. Mas tudo que acontece está sempre dentro de leis divinas. Leis que, sendo perfeitas e imutáveis, não podem e nem precisam ser derrogadas, anuladas.
 IV. OS MILAGRES QUE O ESPIRITISMO FAZ
 O Espiritismo coloca ao nosso alcance muitos recursos espirituais com os quais se torna possível acionarmos certas leis naturais e produzirmos alguns fenômenos que ajudem ao próximo e a nós mesmos. Mas quem procurar o Espiritismo somente para obter cura imediata de seus males físicos e espirituais, ou para resolver de pronto seus problemas materiais, poderá ficar decepcionado. Porque somente se realiza o que estiver dentro das leis divinas. E o Espiritismo não tem por finalidade principal a realização de fenômenos mas, sim, o progresso moral da humanidade.
 O maior milagre que o Espiritismo faz não é tirar problemas e dores do nosso caminho. É explicar-nos o porquê das coisas e ensinar-nos: como podemos melhorar a nós mesmos para gerarmos efeitos felizes; como prevenir e resolver problemas espirituais, desde que empreguemos vontade e esforço no sentido do bem; ou ainda, como suportar aquilo que, por ora, não pode ser mudado porque nos serve de expiação ou de prova.
 V. AS OBRAS QUE PODEMOS FAZER
 Jesus realizava coisas extraordinárias, devido a sua grande evolução espiritual. Afirmou, porém; "aquele que crê em mim, fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai". (Jo. 14 v 12.)
 De fato, Jesus apenas fez uma amostragem das realizações espirituais possíveis e, tendo ele retornado ao plano espiritual, os espíritos que continuam reencarnando na Terra poderão fazer aqui muitos fenômenos admiráveis, ainda mais que o ser humano está evoluindo e cada vez mais está aprendendo como lidar com as leis e forças do mundo espiritual.
 Para realizar fenômenos espirituais, porém, é preciso ter fé.
 VI. QUE É FÉ?
 Fé é confiança quanto às coisas espirituais, convicção de que não obstante escapem aos nossos sentidos comuns (por serem invisíveis e impalpáveis), elas existem, são reais e funcionam. A fé vem como resultado do conhecimento que se tenha a respeito das coisas espirituais. Podemos adquiri-la:
 - pela observação direta de fenômenos espirituais, objetivos ou subjetivos, ocorridos conosco mesmo ou com outras pessoas;
 - raciocinando sobre os fenômenos da vida universal, para deduzir deles as leis e fatos que transcendem aos nossos sentidos;
 - por informações sobre as realidades espirituais que nos forem dadas por outros (encarnados ou não), que nos mereçam confiança e respeito, por sua sabedoria e autoridade moral.
 VII. FÉ E AÇÃO
 A fé constitui o ponto de apoio indispensável para a ação espiritual. Tanto que Jesus dizia, freqüentemente: "A tua fé te salvou".
 A fé deve levar à ação, senão fica um conhecimento espiritual inoperante, o que levou Tiago a dizer: "A fé sem obras é morta". (Tg. 2:20.)
 VIII. FÉ RACIOCINADA
 Para levar à ação acertada, a fé tem de ser esclarecida e bem fundamentada.
 Uma fé que:
 - nos permita entender quem somos, de onde viemos, porque estamos no mundo e para onde iremos após a morte; ou seja, que somos espíritos filhos de Deus, vindos do plano espiritual, aqui encarnados para progredirmos, até retomarmos ao plano de onde viemos;
 - que nos mostre que podemos agir sobre coisas e seres e como devemos fazê-lo;
 - que nos leve a querer fazer o bem, porque é o único caminho bom para todos;
 - que nos assegure amparo e auxílio divinos para as nossas boas realizações espirituais, através de Jesus e dos bons Espíritos, seus emissários junto a nós;
 - que nos dê coragem para perseverar no esforço evolutivo e na prática do bem, pela certeza de que alcançaremos resultados satisfatórios, agora ou depois, aqui ou na imortalidade.
 Uma fé assim é que "transporta montanhas" (Mt. 17 v. 20), ou seja: faz suportar sofrimentos, superar dificuldades, transformar situações e pessoas.
 IX. A NOSSA FÉ
 Já temos alguma fé (conhecemos alguma coisa da vida espiritual) e com essa fé, embora ainda pequena, já temos conseguido realizar alguma coisa, superar dificuldades, suportar situações.
 Mas se a cultivarmos (pelo estudo, observação e exercício das coisas espirituais), nossa fé crescerá e nos permitirá fazer coisas mais difíceis e importantes, verdadeiramente admiráveis.
 X. TENHAMOS FÉ
 Em Deus: sua bondade e poder são infinitos, não deixando nenhuma de suas criaturas ao abandono; o que for realmente bom e necessário, Deus nos concederá, se fizermos a nossa parte;
 Em Jesus: como nosso Mestre espiritual, Guia de nossas almas e Luz em nosso caminho para Deus;
 Nos bons Espíritos: porque eles executam a vontade divina: dentro do que sabem e do que podem, amparam e socorrem as criaturas, conforme o merecimento ou a necessidade delas.
 Em nós mesmos: confiemos em nossas forças e possibilidades, pois somos criaturas de Deus. 

 LIVROS CONSULTADOS:
 De Allan Kardec:
 - "O Evangelho Segundo o Espiritismo", cap. XIX;
 - "A Gênese", cap. XIII.
Fonte: "Iniciação ao Espiritismo", Therezinha Oliveira

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