MILAGRE OU FENÔMENO
I. O QUE SERIA
MILAGRE?
A palavra milagre significa: coisa admirável, extraordinária,
surpreendente. Popularmente, porém (sob a influência da teologia predominante no
país), por milagre se entende: fato sobrenatural (que está além e fora da
Natureza), algo inusitado e inexplicável, uma derrogação das leis da Natureza,
pela qual Deus daria mostra de seu poder.
Em princípio, Deus poderia
fazer milagres, pois para Ele tudo é possível. Mas não o faz, não derroga nem
anula as leis da Natureza, porque Ele mesmo as fez perfeitas e o que é perfeito
não precisa ser modificado.
A demonstração da grandeza, sabedoria e poder
deDeus não está em fazer milagres mas, sim, em haver criado leis tão perfeitas,
que nelas tudo já está previsto e providenciado, sem nada a corrigir nem
improvisar.
II. A EXPLICAÇÃO ESPÍRITA DOS MILAGRES
Antigamente, havia
muitas coisas consideradas como maravilhoso ou sobrenatural. Algumas nem eram
fatos reais mas apenas crendices ou superstições sem fundamento. Outras eram
fenômenos verdadeiros (fatos naturais) e foram consideradas milagres por estarem
mal explicadas ou serem desconhecidas as suas causas. O círculo do maravilhoso
ou do sobrenatural vem diminuindo ao longo dos tempos, pelo progresso do
conhecimento humano, através:
- da Ciência, que revela as leis que regem os
fenômenos do campo material;
- do Espiritismo, que revela e demonstra a
existência dos espíritos e como agem sobre os fluidos, explicando certos
fenômenos como efeitos dessa causa espiritual. As curas realizadas por Jesus,
por exemplo, foram consideradas pelo povo como milagres, no sentido que a
palavra tinha na época: o de coisa admirável, prodígio. Atualmente, o
Espiritismo esclarece que os fenômenos de curas se dão pela ação fluídica,
transmissão de energias, intervenção no perispírito etc. E permite examinar e
compreender as curas realizadas por médiuns (espíritas ou não) ou por pessoas
dotadas de excelente magnetismo. Essa explicação não diminui nem invalida as
curas admiráveis, feitas por Jesus; pelo contrário, nos leva a reconhecer que
Jesus tinha alto grau de sabedoria e ação para poder acionar assim as leis
divinas e produzir tais fenômenos.
III. EM CONCLUSÃO
Os fatos tidos
como milagres nada mais são do que fenômenos; fenômenos que estão dentro das
leis naturais; são efeitos cuja causa escapa à razão do homem comum. Podem
ocorrer sempre que se conjuguem os fatores necessários para isso. Se há coisas
que parecem inexplicáveis para nós, é porque nosso grau de evolução na
atualidade ainda não nos possibilita a compreensão desses fenômenos. E se não
produzimos com facilidade fenômenos como esses é porque ainda não desenvolvemos
suficientemente as nossas faculdades espirituais. Mas tudo que acontece está
sempre dentro de leis divinas. Leis que, sendo perfeitas e imutáveis, não podem
e nem precisam ser derrogadas, anuladas.
IV. OS MILAGRES QUE O ESPIRITISMO
FAZ
O Espiritismo coloca ao nosso alcance muitos recursos espirituais com os
quais se torna possível acionarmos certas leis naturais e produzirmos alguns
fenômenos que ajudem ao próximo e a nós mesmos. Mas quem procurar o Espiritismo
somente para obter cura imediata de seus males físicos e espirituais, ou para
resolver de pronto seus problemas materiais, poderá ficar decepcionado. Porque
somente se realiza o que estiver dentro das leis divinas. E o Espiritismo não
tem por finalidade principal a realização de fenômenos mas, sim, o progresso
moral da humanidade.
O maior milagre que o Espiritismo faz não é tirar
problemas e dores do nosso caminho. É explicar-nos o porquê das coisas e
ensinar-nos: como podemos melhorar a nós mesmos para gerarmos efeitos felizes;
como prevenir e resolver problemas espirituais, desde que empreguemos vontade e
esforço no sentido do bem; ou ainda, como suportar aquilo que, por ora, não pode
ser mudado porque nos serve de expiação ou de prova.
V. AS OBRAS QUE PODEMOS
FAZER
Jesus realizava coisas extraordinárias, devido a sua grande evolução
espiritual. Afirmou, porém; "aquele que crê em mim, fará também as obras que eu
faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai". (Jo. 14 v
12.)
De fato, Jesus apenas fez uma amostragem das realizações espirituais
possíveis e, tendo ele retornado ao plano espiritual, os espíritos que continuam
reencarnando na Terra poderão fazer aqui muitos fenômenos admiráveis, ainda mais
que o ser humano está evoluindo e cada vez mais está aprendendo como lidar com
as leis e forças do mundo espiritual.
Para realizar fenômenos espirituais,
porém, é preciso ter fé.
VI. QUE É FÉ?
Fé é confiança quanto às coisas
espirituais, convicção de que não obstante escapem aos nossos sentidos comuns
(por serem invisíveis e impalpáveis), elas existem, são reais e funcionam. A fé
vem como resultado do conhecimento que se tenha a respeito das coisas
espirituais. Podemos adquiri-la:
- pela observação direta de fenômenos
espirituais, objetivos ou subjetivos, ocorridos conosco mesmo ou com outras
pessoas;
- raciocinando sobre os fenômenos da vida universal, para deduzir
deles as leis e fatos que transcendem aos nossos sentidos;
- por informações
sobre as realidades espirituais que nos forem dadas por outros (encarnados ou
não), que nos mereçam confiança e respeito, por sua sabedoria e autoridade
moral.
VII. FÉ E AÇÃO
A fé constitui o ponto de apoio indispensável para
a ação espiritual. Tanto que Jesus dizia, freqüentemente: "A tua fé te
salvou".
A fé deve levar à ação, senão fica um conhecimento espiritual
inoperante, o que levou Tiago a dizer: "A fé sem obras é morta". (Tg.
2:20.)
VIII. FÉ RACIOCINADA
Para levar à ação acertada, a fé tem de ser
esclarecida e bem fundamentada.
Uma fé que:
- nos permita entender quem
somos, de onde viemos, porque estamos no mundo e para onde iremos após a morte;
ou seja, que somos espíritos filhos de Deus, vindos do plano espiritual, aqui
encarnados para progredirmos, até retomarmos ao plano de onde viemos;
- que
nos mostre que podemos agir sobre coisas e seres e como devemos
fazê-lo;
- que nos leve a querer fazer o bem, porque é o
único caminho bom para todos;
- que nos assegure amparo e auxílio divinos
para as nossas boas realizações espirituais, através de Jesus e dos bons
Espíritos, seus emissários junto a nós;
- que nos dê coragem para perseverar
no esforço evolutivo e na prática do bem, pela certeza de que alcançaremos
resultados satisfatórios, agora ou depois, aqui ou na imortalidade.
Uma fé
assim é que "transporta montanhas" (Mt. 17 v. 20), ou seja: faz suportar
sofrimentos, superar dificuldades, transformar situações e pessoas.
IX. A
NOSSA FÉ
Já temos alguma fé (conhecemos alguma coisa da vida espiritual) e
com essa fé, embora ainda pequena, já temos conseguido realizar alguma coisa,
superar dificuldades, suportar situações.
Mas se a cultivarmos (pelo estudo,
observação e exercício das coisas espirituais), nossa fé crescerá e nos
permitirá fazer coisas mais difíceis e importantes, verdadeiramente
admiráveis.
X. TENHAMOS FÉ
Em Deus: sua bondade e poder são infinitos,
não deixando nenhuma de suas criaturas ao abandono; o que for realmente bom e
necessário, Deus nos concederá, se fizermos a nossa parte;
Em Jesus: como nosso Mestre espiritual, Guia de
nossas almas e Luz em nosso caminho para Deus;
Nos bons Espíritos: porque eles executam a
vontade divina: dentro do que sabem e do que podem, amparam e socorrem as
criaturas, conforme o merecimento ou a necessidade delas.
Em nós mesmos:
confiemos em nossas forças e possibilidades, pois somos criaturas de
Deus.
LIVROS CONSULTADOS:
De Allan Kardec:
-
"O Evangelho Segundo o Espiritismo", cap. XIX;
- "A Gênese", cap.
XIII.
Fonte: "Iniciação ao Espiritismo", Therezinha Oliveira
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