MATILDE E GREGÓRIO
Muitas vezes, nós nos
inquietamos pelos afetos queridos que, refratários aos nossos bons conselhos,
afastam-se do caminho do Bem. E, por eles, mesmo depois de desencarnados,
costumamos nos afligir, ignorando a realidade que todos somos filhos de Deus,
que, em respeito ao nosso livre arbítrio, nos permite palmilhar as estradas mais
equivocadas.
Deveríamos, dos Dois Lados da Vida, termos mais na lembrança as
sábias palavras do Cristo, quando perguntou aos Apóstolos em tom de advertência:
- “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?”
Naturalmente que, ao longo dos
séculos e dos milênios, o verdadeiro amor nunca olvida aqueles que se constituem
em objeto de seus cuidados, embora nem sempre eles consigam, de imediato,
corresponder às expectativas do amor com que são amados.
Semelhantes
reflexões nos ocorrem a propósito do drama que André Luiz, no seu magistral
“Libertação”, descreve envolvendo Matilde e Gregório.
Gregório, conforme se
sabe, de 1227 a 1241, foi o Papa Gregório IX, o organizador da Inquisição
Pontifícia. E, por estranha ironia, chegou a ser amigo de Francisco de Assis,
apoiando a fundação da Ordem dos Franciscanos.
Pelas palavras de André Luiz,
escritas em 1949, tudo nos leva a crer que Gregório, desde quando desencarnou,
há mais de setecentos anos, não mais voltara a Terra, permanecendo todo este
tempo nas regiões inferiores do Mundo Espiritual.
Por favor, leitor, você
confira nas páginas da citada obra o que estamos dizendo.
À época em que
Gregório foi Papa, Matilde fora sua mãe e, com certeza, quem lhe incentivara a
vocação religiosa, na qual, infelizmente, acabou se comprometendo tão
gravemente.
- Como pudeste esquecer – ela lhe disse em inusitado encontro nas
Trevas – por alguns dias de autoridade efêmera na Terra, as nossas redentoras
visões do Cristo angustiado na cruz? Aderiste aos Dragões do Mal pela simples
verificação de que a tiara passageira não te poderia aureolar a cabeça nos
domínios da vida eterna a que a morte nos arrebatou: entretanto, o Divino Amigo
jamais descreu das nossas promessas de serviço e espera por nós com a mesma
abnegação do princípio. Vamos! Sou Matilde, alma de tua alma, que, um dia, te
adotou por filho querido e a quem amaste como dedicada mãe espiritual.
Sete
séculos foram necessários para que Matilde encontrasse ocasião de, outra vez,
tocar o coração de Gregório, a fim de que pudesse ter início o processo de sua
redenção espiritual.
O embate que se travou nas Trevas, cujas cenas são
descritas por André Luiz de maneira magistral, digna de uma película
cinematográfica, foi emocionante. – Verificara-se, ali – registrou o autor –,
naquele abraço, espantoso choque entre a luz e a treva, e a treva não
resistiu...
Deduz-se que, naquele momento, Gregório simplesmente desencarna
de novo, e, então, nos braços de Matilde, um espírito de elevada hierarquia, é
conduzido a ser hospitalizado em alguma Instituição nas proximidades, que
passaria a cuidar de seu necessário regresso a Terra.
Conforme sugerimos,
leia a obra e, depois, a gente conversa mais sobre o assunto.
INÁCIO
FERREIRA
Uberaba – MG, 8 de outubro de 2012.
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