22.10.12


Igualdade pela Educação

Pesquisa recente do IBGE aponta, entre outros números, que os negros continuam ganhando bem menos que os brancos. Os brancos ganham cerca de 50% a mais que os negros, em média. Ora, esse número desastroso mostra que não conseguimos ainda diminuir a distância entre negros e brancos, apesar de esforços neste sentido.
A desigualdade instalada desde o início do século passado, após a abolição da escravidão, ainda existe e com cores fortes. O Brasil se diz um País cristão, mas não consegue, infelizmente, se livrar da pecha da desigualdade da sua gente.
Pode-se conciliar o Cristo com a desigualdade social?
É claro que não, meus queridos. Nosso Senhor Jesus Cristo proclamou um reino de amor, não de terror, então precisamos construir uma sociedade mais igualitária. Igualitária significa dizer que estamos procurando dar as mesmas oportunidades para brancos e negros, por exemplo. Estas oportunidades, penso eu, começam no berço, na formação educacional.
Se brancos e negros tivessem o mesmo nível de formação escolar, as distâncias, gradualmente, iriam deixar de existir, é lógico. Então, o afastamento social se concentra – ou se origina – pela educação formal. É ali que distanciamos irmãos, na exclusão educacional, ou dando ao negro uma subeducação, quando ele a tem.
Ora, sem educação, como se vai enfrentar a vida, sobretudo nesta sociedade altamente voltada para a competição?
Os negros pobres saem perdendo sempre e os abismos sociais crescem, é inevitável.
Como promover uma sociedade cristã, portanto, mais igual, senão pela educação, meus queridos.
Isto é tão óbvio, tão evidente, então, o que posso pensar, é que é feito de propósito. É como se dissessem: “não vamos dar educação a essa gente, senão elas tomam as rédeas sociais e econômicas”. É isso mesmo que as elites promovem, conscientemente ou não. Falo do Brasil, naturalmente, mas a situação não é diferente nos países racistas ou de educação precária.
Quando se exclui a educação de qualidade na formação do homem se molda, na verdade, um sub-homem, um homem pela metade, um meio cristão. Não pela sua vontade ou índole, nada disso, mas porque o afasta do convívio igualitário entre seus irmãos.
Tudo gira em torno da economia, não é verdade? É porque a nossa civilização se forjou nos últimos séculos na propriedade do capital e parece que não quer mudar, embora transformações profundas hão de chegar por aí.
Meus caríssimos irmãos, ajudai uns aos outros a promoverem a paz social que começa, naturalmente, pela paz escolar, pela formação instrucional igualitária de irmãos.
Que Deus nos abençoe,
Helder Camara

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