3.7.12


“PAPEL DO MÉDIUM NAS COMUNICAÇÕES”

Embora este assunto já tenha sido tratado por nós em trabalhos anteriores, e mesmo pelo nosso caro Odilon Fernandes, nas obras de sua autoria que versam sobre Mediunidade, em atenção a alguns amigos voltamos a abordá-lo.
No capítulo XIX, de “O Livro dos Médiuns”, com o mesmo título que encima esta página, Kardec perguntou aos Espíritos da Codificação: “As comunicações escritas ou verbais podem ser também do próprio espírito do médium?”. Observemos a resposta: “A alma do médium pode comunicar-se como qualquer outra. Se ela goza de um certo grau de liberdade, recobra então as suas qualidades de espírito. Tens a prova na visita das almas de pessoas vivas que se comunicam contigo, muitas vezes sem serem chamadas. Porque é bom saberes que entre os espíritos que evocas há os que estão encarnados na Terra. Nesses casos eles te falam como espíritos e não como homens. Porque o médium não poderia fazer o mesmo?”
Sei que o tema suscita polêmicas, mas Chico Xavier dizia, a vários amigos, que Allan Kardec, dentre outros vultos históricos, fora a personalidade de Platão, discípulo de Sócrates. Platão, no entanto, é um dos nomes que assinou os “Prolegômenos”, que figura como prefácio de “O Livro dos Espíritos”!
Ainda segundo depoimento de Chico, que, para nós, é inquestionável, Camille Flammarion, um dos principais médiuns de “A Gênese”, era a reencarnação de Galileu Galilei, espírito que ele, Flammarion, trabalhando ao lado de Kardec, “psicografava” na Sociedade Espírita de Paris.
Sendo assim, chegamos a conclusões sobre as quais pedimos aos nossos irmãos que reflitam conosco:
- os nossos atuais conhecimentos sobre Mediunidade são extremamente limitados, para que possamos dizer que nós tudo já sabemos de seus meandros;
- certos Espíritos que, por exemplo, participaram da Codificação, apenas “emprestaram” os seus nomes ilustres a outros Espíritos, igualmente evoluídos, que se encarregaram de trazer à Obra o seu endosso espiritual;
- como o próprio Kardec não se cansa de repetir, mormente em “O Livro dos Médiuns”, a questão do nome do espírito comunicante, em face do conteúdo da mesma, chega a ser de importância secundária;
- existem espíritos que se fazem médiuns de outros espíritos, que, por esse ou aquele motivo, se encontram transitoriamente impedidos de se comunicarem por si mesmos...
Não se deve, portanto, negar a autenticidade de uma comunicação mediúnica apenas e tão somente porque aquele que por ela se responsabilizou, assinando-a, possivelmente não seja o seu verdadeiro autor.
Aliás, é bom que se diga, na atualidade, a maioria dos médiuns em atuação no Espiritismo o fazem mais pelo conteúdo de seu subconsciente e consciente, do que, propriamente, pela lídima ação do espírito que lhe controla as faculdades psíquicas.
Assim sendo, convém que médiuns e espíritos, tanto quanto críticos de espíritos e médiuns, não se acreditem completamente isentos de equívocos nos processos de transmissão, filtragem e análise de todo e qualquer material de ordem mediúnica, por mais curto ou longo seja, não descartando no intento a relatividade de seus conhecimentos, que, em sua atual conjuntura evolutiva, jamais haverão de ser absolutos.
Dos estudiosos em geral, este é o mínimo de bom senso que se espera.

INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 2 de julho de 2012.

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