“PAPEL DO MÉDIUM NAS COMUNICAÇÕES”
Embora este
assunto já tenha sido tratado por nós em trabalhos anteriores, e mesmo pelo
nosso caro Odilon Fernandes, nas obras de sua autoria que versam sobre
Mediunidade, em atenção a alguns amigos voltamos a abordá-lo.
No capítulo
XIX, de “O Livro dos Médiuns”, com o mesmo título que encima esta página, Kardec
perguntou aos Espíritos da Codificação: “As comunicações escritas ou verbais
podem ser também do próprio espírito do médium?”. Observemos a resposta: “A alma
do médium pode comunicar-se como qualquer outra. Se ela goza de um certo grau de
liberdade, recobra então as suas qualidades de espírito. Tens a prova na visita
das almas de pessoas vivas que se comunicam contigo, muitas vezes sem serem
chamadas. Porque é bom saberes que entre os espíritos que evocas há os que estão
encarnados na Terra. Nesses casos eles te falam como espíritos e não como
homens. Porque o médium não poderia fazer o mesmo?”
Sei que o tema suscita
polêmicas, mas Chico Xavier dizia, a vários amigos, que Allan Kardec, dentre
outros vultos históricos, fora a personalidade de Platão, discípulo de Sócrates.
Platão, no entanto, é um dos nomes que assinou os “Prolegômenos”, que figura
como prefácio de “O Livro dos Espíritos”!
Ainda segundo depoimento de Chico,
que, para nós, é inquestionável, Camille Flammarion, um dos principais médiuns
de “A Gênese”, era a reencarnação de Galileu Galilei, espírito que ele,
Flammarion, trabalhando ao lado de Kardec, “psicografava” na Sociedade Espírita
de Paris.
Sendo assim, chegamos a conclusões sobre as quais pedimos aos
nossos irmãos que reflitam conosco:
- os nossos atuais conhecimentos sobre
Mediunidade são extremamente limitados, para que possamos dizer que nós tudo já
sabemos de seus meandros;
- certos Espíritos que, por exemplo, participaram
da Codificação, apenas “emprestaram” os seus nomes ilustres a outros Espíritos,
igualmente evoluídos, que se encarregaram de trazer à Obra o seu endosso
espiritual;
- como o próprio Kardec não se cansa de repetir, mormente em “O
Livro dos Médiuns”, a questão do nome do espírito comunicante, em face do
conteúdo da mesma, chega a ser de importância secundária;
- existem espíritos
que se fazem médiuns de outros espíritos, que, por esse ou aquele motivo, se
encontram transitoriamente impedidos de se comunicarem por si mesmos...
Não
se deve, portanto, negar a autenticidade de uma comunicação mediúnica apenas e
tão somente porque aquele que por ela se responsabilizou, assinando-a,
possivelmente não seja o seu verdadeiro autor.
Aliás, é bom que se diga, na
atualidade, a maioria dos médiuns em atuação no Espiritismo o fazem mais pelo
conteúdo de seu subconsciente e consciente, do que, propriamente, pela lídima
ação do espírito que lhe controla as faculdades psíquicas.
Assim sendo,
convém que médiuns e espíritos, tanto quanto críticos de espíritos e médiuns,
não se acreditem completamente isentos de equívocos nos processos de
transmissão, filtragem e análise de todo e qualquer material de ordem mediúnica,
por mais curto ou longo seja, não descartando no intento a relatividade de seus
conhecimentos, que, em sua atual conjuntura evolutiva, jamais haverão de ser
absolutos.
Dos estudiosos em geral, este é o mínimo de bom senso que se
espera.
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 2 de julho de 2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário