EUGÊNIO Júlio SAVARD de Saint-Brisson *
Cresce a lousa sombria a embuçar o horizonte...
O pincel do corisco a explodir ansiedade,
Escrevendo com luz, proclama a tempestade,
18. E estrondeia o tambor do trovão pelo monte...
19. Cai a chuva a rugir por mil bocas de fonte...
20. Verte, foge e me impele à oração da saudade...
21. Sou agora ave exul na bonança que invade
A Natureza erguida à paz de ninho insonte.
23. Reencontrei o fanal da esperança perdida
E canto a exaltação do júbilo fecundo
De quem achou na morte a grandeza da vida.
Louvada seja a dor que a tudo eleva e acalma!
Bendito seja Deus, surgindo, mundo a mundo,
Por sol de céu em céu, por amor de alma em alma!...
(*) Poeta espontâneo, de vastos recursos e profunda emotividade, “caráter bondoso e coração terno”, Eugênio Savard bem cedo encontrou o termo de uma existência de desventura e sofrimento. Matriculando-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, não pôde terminar os estudos, por falta de recursos e em razão de seu precário estado de saúde. Grave neurastenia tomou conta do seu organismo, já debilitado pelo trabalho excessivo. Em busca de alívio aos padecimentos, esteve em Portugal, onde fez amizade com o brilhante orador e poeta português Silva Gonçalves, que escreveu, em memória de ES, o livro Perpétuas e Goivos, no qual, apreciando o vate brasileiro pelo seu merecimento literário, pôs em destaque “as suas qualidades poéticas, o seu fino temperamento artístico, os requintes de cinzelamento, com que aprimorava a forma, e o sentir, que fazia transparecer nas suas composições” (apud Asas, página 8 da 2ª parte - “Juízo sobre Eugênio Savard”). O primoroso autor do soneto “Camões naufragado em Cambodge” foi igualmente músico, “delicioso compositor e ardente entusiasta de Verdi” (idem, ibidem, pág. 24). (Estado do Rio, 13 de novembro de 1865 – Niterói, Est. do Rio, 1º de dezembro de 1899).
BIBLIOGRAFIA: Asas: dois poemetos: Serenata e O espectro; etc.
18. Todos os verbos deste quarteto caracterizam-se por vigorosa expressão: “embuçar o horizonte”, “explodir ansiedade”, “escrevendo com luz”, “estrondeia o tambor do trovão”. Observe-se, ainda, a aliteração em t e tr.
19. Hipérbole: rugir por mil bocas de fonte.
20. Note-se o adensamento da ação verbal, pela sucessão de três verbos: “Verte, foge e me impele à oração da saudade...”
21. Usando da figura poética – diástole ou alongamento (Ancípite), o poeta escreveu exul.
Leia-se reen/con/trei, com sinérese.
Livro: Antologia dos Imortais - Psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira
Cresce a lousa sombria a embuçar o horizonte...
O pincel do corisco a explodir ansiedade,
Escrevendo com luz, proclama a tempestade,
18. E estrondeia o tambor do trovão pelo monte...
19. Cai a chuva a rugir por mil bocas de fonte...
20. Verte, foge e me impele à oração da saudade...
21. Sou agora ave exul na bonança que invade
A Natureza erguida à paz de ninho insonte.
23. Reencontrei o fanal da esperança perdida
E canto a exaltação do júbilo fecundo
De quem achou na morte a grandeza da vida.
Louvada seja a dor que a tudo eleva e acalma!
Bendito seja Deus, surgindo, mundo a mundo,
Por sol de céu em céu, por amor de alma em alma!...
(*) Poeta espontâneo, de vastos recursos e profunda emotividade, “caráter bondoso e coração terno”, Eugênio Savard bem cedo encontrou o termo de uma existência de desventura e sofrimento. Matriculando-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, não pôde terminar os estudos, por falta de recursos e em razão de seu precário estado de saúde. Grave neurastenia tomou conta do seu organismo, já debilitado pelo trabalho excessivo. Em busca de alívio aos padecimentos, esteve em Portugal, onde fez amizade com o brilhante orador e poeta português Silva Gonçalves, que escreveu, em memória de ES, o livro Perpétuas e Goivos, no qual, apreciando o vate brasileiro pelo seu merecimento literário, pôs em destaque “as suas qualidades poéticas, o seu fino temperamento artístico, os requintes de cinzelamento, com que aprimorava a forma, e o sentir, que fazia transparecer nas suas composições” (apud Asas, página 8 da 2ª parte - “Juízo sobre Eugênio Savard”). O primoroso autor do soneto “Camões naufragado em Cambodge” foi igualmente músico, “delicioso compositor e ardente entusiasta de Verdi” (idem, ibidem, pág. 24). (Estado do Rio, 13 de novembro de 1865 – Niterói, Est. do Rio, 1º de dezembro de 1899).
BIBLIOGRAFIA: Asas: dois poemetos: Serenata e O espectro; etc.
18. Todos os verbos deste quarteto caracterizam-se por vigorosa expressão: “embuçar o horizonte”, “explodir ansiedade”, “escrevendo com luz”, “estrondeia o tambor do trovão”. Observe-se, ainda, a aliteração em t e tr.
19. Hipérbole: rugir por mil bocas de fonte.
20. Note-se o adensamento da ação verbal, pela sucessão de três verbos: “Verte, foge e me impele à oração da saudade...”
21. Usando da figura poética – diástole ou alongamento (Ancípite), o poeta escreveu exul.
Leia-se reen/con/trei, com sinérese.
Livro: Antologia dos Imortais - Psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira
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