João da CRUZ E SOUZA*
Carne! Vaso de dor, sinistro e belo,
Estruturado em grânulos de escória,
Relicário de lama transitória,
Tugúrio estreito e fúlgido castelo!
Assinalas, em lúgubre duelo,
O bem e o mal na cinza merencória;
Mas elevas o lodo para a glória,
Da sombra à luz, em trágico flagelo.
Louvor à encarnação que te sustenta,
Lâmpada de amargura ansiosa e lenta,
Ergástulo do amor puro e profundo!....
És a humana e arcangélica fornalha,
Templo e gleba onde Deus sonha e trabalha
28 Santificando as lágrimas do mundo!...
_____________________
(*) Filho de pais escravos, Cruz e Souza é a figura mais expressiva do Simbolismo no Brasil e, ao lado de Mallarmé e Stefan George, um dos grandes nomes do movimento simbolista no mundo, segundo Roger Bastide. «Tinha» - escreveu seu grande amigo Virgílio Várzea (apud A. Muricy, Pan. Mov. Sim. Brás., I, pág. 98) - «uma grande paixão pelas idéias humanitárias, e serviu-as sempre, como um fanático, sem se poupar sacrifícios, na tribuna, em praça pública e principalmente no jornalismo.» Tendo sofrido acerbas provações, naturalmente dentro das dívidas cármicas, o grande poeta continua, hoje, em afanosa luta pela difusão das «ideais humanitárias», entre as quais agora incluiu o Espiritismo e o Esperanto, a corroborar que a vida, com efeito, não cessa no túmulo. Principalmente no setor esperantista, o artista de Faróis é uma personalidade atuante na Espiritualidade. Em 1961, ano em que se comemorou, em todo o Brasil, o primeiro centenário de seu nascimento, os mais representativos centros culturais do país lhe tributaram mil e uma homenagens, culminando com a publicação de suas Obras Completas, organizadas por Andrade Muricy, em primorosa apresentação, pela Editora José Aguilar Ltda. A extraordinária produção do genial poeta provocou, dos que o rodeavam, os epítetos de «Cisne Negro», «Dante Negro»,«Poeta Negro», epítetos – diz A. Muricy (op. Cit.,pág. 101) «compreendidos no senso mais elevado e consecratório de tais expressões». (Desterro, hoje Florianópolis, SC, 24 de Novembro de 1861 – Sítio, atual Antônio Carlos, Minas Gerais, 19 de Março de 1898.)
BIBLIOGRAFIA: Broqueis; Evocações; Faróis; Últimos Sonetos; etc.
Livro: “Antologia dos Imortais” - Psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.
Carne! Vaso de dor, sinistro e belo,
Estruturado em grânulos de escória,
Relicário de lama transitória,
Tugúrio estreito e fúlgido castelo!
Assinalas, em lúgubre duelo,
O bem e o mal na cinza merencória;
Mas elevas o lodo para a glória,
Da sombra à luz, em trágico flagelo.
Louvor à encarnação que te sustenta,
Lâmpada de amargura ansiosa e lenta,
Ergástulo do amor puro e profundo!....
És a humana e arcangélica fornalha,
Templo e gleba onde Deus sonha e trabalha
28 Santificando as lágrimas do mundo!...
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(*) Filho de pais escravos, Cruz e Souza é a figura mais expressiva do Simbolismo no Brasil e, ao lado de Mallarmé e Stefan George, um dos grandes nomes do movimento simbolista no mundo, segundo Roger Bastide. «Tinha» - escreveu seu grande amigo Virgílio Várzea (apud A. Muricy, Pan. Mov. Sim. Brás., I, pág. 98) - «uma grande paixão pelas idéias humanitárias, e serviu-as sempre, como um fanático, sem se poupar sacrifícios, na tribuna, em praça pública e principalmente no jornalismo.» Tendo sofrido acerbas provações, naturalmente dentro das dívidas cármicas, o grande poeta continua, hoje, em afanosa luta pela difusão das «ideais humanitárias», entre as quais agora incluiu o Espiritismo e o Esperanto, a corroborar que a vida, com efeito, não cessa no túmulo. Principalmente no setor esperantista, o artista de Faróis é uma personalidade atuante na Espiritualidade. Em 1961, ano em que se comemorou, em todo o Brasil, o primeiro centenário de seu nascimento, os mais representativos centros culturais do país lhe tributaram mil e uma homenagens, culminando com a publicação de suas Obras Completas, organizadas por Andrade Muricy, em primorosa apresentação, pela Editora José Aguilar Ltda. A extraordinária produção do genial poeta provocou, dos que o rodeavam, os epítetos de «Cisne Negro», «Dante Negro»,«Poeta Negro», epítetos – diz A. Muricy (op. Cit.,pág. 101) «compreendidos no senso mais elevado e consecratório de tais expressões». (Desterro, hoje Florianópolis, SC, 24 de Novembro de 1861 – Sítio, atual Antônio Carlos, Minas Gerais, 19 de Março de 1898.)
BIBLIOGRAFIA: Broqueis; Evocações; Faróis; Últimos Sonetos; etc.
Livro: “Antologia dos Imortais” - Psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.
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