1.10.25

CONVERSÃO

Durval Borges de Morais*
 
Poderoso tirano o punho férreo brande
E grita: – “Abaixo a fé!” – sob as fúrias da ira.
– “Se Deus acaso existe, o coração me fira
Ou falanges do mal às torrentes me mande!”
 
Agarrado à riqueza o orgulho se lhe expande,
E’ verdugo e senhor, rouba, insulta e delira
Repetindo o refrão: – “Deus é a eterna mentira!” –
Em desafio aos céus para ostentar-se grande.
 
Certo dia adoece... Em mágoa indefinida
Rende-se, humilde, à crença e roga a Deus mais vida;
Transfigura o solar em si lente cenóbio!
 
Para estender-lhe amor, complacência e doçura,
Não dispusera Deus dos arcanjos da Altura,
Simplesmente bastara o poder de um micróbio...
 
(*) Príncipe dos Poetas Bahianos», Durval de Morais era membro correspondente da Academia de Letras da Bahia, e delegado desta na Federação das Academias de Letras do Rio de Janeiro. Membro igualmente da Academia Carioca de Letras. Diplomou-se em Química e Farmácia. Colaborou ativamente nas revistas simbolistas Nova Cruzada e Os Anais, ambas de Salvador. É considerado um dos maiores poetas religiosos do Brasil. Para Jackson de Figueiredo, DM «era, sobretudo, um poeta que se deixava enlear no labirinto de obscuras filosofias». (Maragogipe, Bahia, 20 de Novembro de 1882 – Rio de Janeiro, GB. 5 de Dezembro de 1948.)
BIBLIOGRAFIA. : Sombra Fecunda ; Rosas do Silêncio ; O Poema de Anchieta; Conquistador do Infinito; etc.
Livro: “Antologia dos Imortais” - Psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.

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