"Mas, afinal, onde me
encontro eu?... Que aconteceu?...Estarei sonhando?...Eu morri ou não morri?...
Estarei vivo?... Estarei morto?...
Atendeu-me o cirurgião hindu, sem se deter
na melindrosa atuação. Fitando-me com brandura, talvez para demonstrar que
minha situação lhe causava lástima ou compaixão, escolheu o tono mais
persuasivo de expressão, e respondeu, sem deixar margem a segunda
interpretação:
"- Não meu amigo! Não morreste! Não
morreras jamais!... porque a morte não existe na Lei que rege o Universo! O que
se passou foi, simplesmente, um lamentável desastre com teu corpo
físico-terreno, aniquilado antes da ocasião oportuna por um ato mal orientado
do teu raciocínio... A Vida, porém, não residia naquele teu corpo
físico-terreno e sim neste que vês e contigo sentes no momento, o qual é o que
realmente sofre, o que realmente vive e pensa e que traz a qualidade sublime de
ser imortal, enquanto o outro o de carne, que rejeitaste, aquele, apropriado
somente para o uso durante a permanência nos proscênios da Terra, já
desapareceu sob a sombria pedra de um túmulo, como vestimenta passageira que é
deste outro que aqui está... Acalma-te, porém... Melhor compreenderás à
proporção que te fores restabelecendo..."
Trecho do livro Memórias de
um Suicida de Yvone Pereira
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