12.7.19

Memórias de um Suicida


"Mas, afinal, onde me encontro eu?... Que aconteceu?...Estarei sonhando?...Eu morri ou não morri?... Estarei vivo?... Estarei morto?...
    Atendeu-me o cirurgião hindu, sem se deter na melindrosa atuação. Fitando-me com brandura, talvez para demonstrar que minha situação lhe causava lástima ou compaixão, escolheu o tono mais persuasivo de expressão, e respondeu, sem deixar margem a segunda interpretação:
    "- Não meu amigo! Não morreste! Não morreras jamais!... porque a morte não existe na Lei que rege o Universo! O que se passou foi, simplesmente, um lamentável desastre com teu corpo físico-terreno, aniquilado antes da ocasião oportuna por um ato mal orientado do teu raciocínio... A Vida, porém, não residia naquele teu corpo físico-terreno e sim neste que vês e contigo sentes no momento, o qual é o que realmente sofre, o que realmente vive e pensa e que traz a qualidade sublime de ser imortal, enquanto o outro o de carne, que rejeitaste, aquele, apropriado somente para o uso durante a permanência nos proscênios da Terra, já desapareceu sob a sombria pedra de um túmulo, como vestimenta passageira que é deste outro que aqui está... Acalma-te, porém... Melhor compreenderás à proporção que te fores restabelecendo..."

Trecho do livro Memórias de um Suicida de Yvone Pereira

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