- Senhor, o que posso fazer para ter a vida eterna?
- Se quer entrar para a vida eterna, guarda os
mandamentos.
- Que mandamentos? Quis saber o rapaz.
- Não matar, não adulterar, não roubar, não levantar
falso testemunho, honrar pai e mãe e amar o próximo como a si mesmo.
- Tudo isso tenho feito. Respondeu o moço.
- Você é rico?
- Sim. Meu pai me deixou uma grande herança e cuido
para que ela aumente.
- Filho, se quer ser perfeito, toma tudo o que é seu,
vende e o resultado doa aos pobres. Depois siga-me e terás um tesouro no céu.
Todas as pessoas ficaram em expectante silêncio,
inclusive eu. O que faria o rapaz? Eu estava perto dele, podia ver-lhe o rosto,
que se tornou sombrio, como se estivesse em forte luta interior. Depois, sem
dizer nada, afastou-se, com os ombros curvados e a cabeça baixa.
Depois que o rapaz
desapareceu entre as pessoas da praça, Jesus, olhando para os que estavam ali,
falou: "Em verdade, em verdade, vos
digo que um rico dificilmente entrará no Reino de Deus". E vos digo ainda:
"É mais fácil um camelo passar no fundo de uma agulha do que um rico
entrar no Reino de Deus". Ouvindo essas palavras, todos nós e até
mesmo os discípulos dele ficamos muito espantados. Eu, por meu turno, estava
perturbada como jamais estivera, pois era uma mulher de posses como aquele
rapaz. Que coisa estranha: eu imaginava não poder entrar no Reino de Deus por
ser uma pessoa não-religiosa e com um tipo de vida que qualquer judeu rigoroso
condenaria, agora via que era a minha fortuna o maior obstáculo à minha
salvação.
Voltei para casa muito impressionada com tudo aquilo que
vi e ouvi, entretanto Jesus foi o que mais me causara forte impressão. A voz
dele era forte, severa, porém não áspera; falava com a autoridade dos mestres
e, ao falar, gesticulava de um modo elegante e coerente. Era másculo, mas não
grosseiro, alto e forte; com braços longos e mãos proporcionais. Esse belo
aspecto físico, contudo, perdia para uma coisa que eu não sei explicar bem, mas
denominarei de atmosfera, ela parecia envolvê-lo e fazer bem àqueles que
estivessem perto dele.
Durante alguns dias, fiquei pensando naquele encontro,
vendi minhas propriedades, distribui um bom valor entre os trabalhadores que me
serviam e decidi que me tornaria sua discípula, ainda que me custasse os
maiores sacrifícios.
Livro: Maria Madalena - A
Testemunha da Paixão de Jose Carlos Leal
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