“O sal é certamente bom: caso, porém ele se torne
insípido, como restaurar-lhe o sabor?”
Lucas 14:34
Referindo-se aos discípulos
na condição de “sal da terra”, Jesus,
pergunta-se, caso, ele vier a se tornar insípido, “como restaurar-lhe o sabor.”
Interessante que, no
Evangelho, esta é uma das poucas indagações formuladas pelo Cristo que ele
mesmo não procurou responder – a pergunta ficou sem resposta.
Segundo as anotações de
Lucas, no próximo versículo, Ele se limitou a dizer que “nem presta para a terra, nem mesmo para o monturo; lançam no fora.
Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.”
A função do sal, conforme
sabemos, é dar sabor ao alimento, tornando-o agradável ao paladar.
O discípulo do Evangelho,
portanto, por assim dizer, é o tempero espiritual do pão que nutre a
Humanidade.
Porém, quando ele se torna
insípido, ou seja, ao perder as suas características primordiais, para que
servirá? Segundo o Cristo, nem mesmo para o monturo, tornando-se descartável,
por absolutamente inócuo!
Precisamos, sim, nos
acautelar, porque, se, porventura, em nossa condição de “sal da terra”, viermos a nos tornar insípidos, o nosso futuro será
incerto. Provavelmente, teremos que ser “dissociados”
ou “desintegrados”: para que, outra
vez, possamos ser “restaurados” nos
elementos que nos constituem e definem a personalidade.
O tema, reconhecemos, é por
demais complexo e profundamente grave para ser analisado em tão poucas
palavras, mormente por quem não seja tão versado assim nos textos sagrados.
Outra pergunta, no entanto,
se nos destaca no pensamento: de que maneira o “sal” poderia vir a se tornar insípido, em movimento, quase, de involução?
Isto, talvez, venha a nos
suceder quando nos permitimos perder contato com a Fonte que nos sustenta a
vida – em outras palavras, com Deus em nós mesmos!
A criatura, por vezes, por
sua rebeldia ou insensibilidade, pode se distanciar tanto do Criador que,
depois, praticamente inviabiliza o seu processo de rearmonização com as Leis
que rege o universo.
Não estaria, nestas palavras
do senhor, implícita qualquer alusão ao que certos pensadores espiritualistas
dizem a respeito da necessidade de “reciclagem psíquica” para os seres que
terminam por perder a consciência de si mesmos?
Livro: Bem-Aventurados os
Aflitos – Carlos A. Baccelli – Inácio Ferreira
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