26.8.18

Pergunta sem resposta


“O sal é certamente bom: caso, porém ele se torne insípido, como restaurar-lhe o sabor?” Lucas 14:34

Referindo-se aos discípulos na condição de “sal da terra”, Jesus, pergunta-se, caso, ele vier a se tornar insípido, “como restaurar-lhe o sabor.”
Interessante que, no Evangelho, esta é uma das poucas indagações formuladas pelo Cristo que ele mesmo não procurou responder – a pergunta ficou sem resposta.
Segundo as anotações de Lucas, no próximo versículo, Ele se limitou a dizer que “nem presta para a terra, nem mesmo para o monturo; lançam no fora. Quem tem ouvidos para ouvir,  ouça.”
A função do sal, conforme sabemos, é dar sabor ao alimento, tornando-o agradável ao paladar.
O discípulo do Evangelho, portanto, por assim dizer, é o tempero espiritual do pão que nutre a Humanidade.
Porém, quando ele se torna insípido, ou seja, ao perder as suas características primordiais, para que servirá? Segundo o Cristo, nem mesmo para o monturo, tornando-se descartável, por absolutamente inócuo!
Precisamos, sim, nos acautelar, porque, se, porventura, em nossa condição de “sal da terra”, viermos a nos tornar insípidos, o nosso futuro será incerto. Provavelmente, teremos que ser “dissociados” ou “desintegrados”: para que, outra vez, possamos ser “restaurados” nos elementos que nos constituem e definem a personalidade.
O tema, reconhecemos, é por demais complexo e profundamente grave para ser analisado em tão poucas palavras, mormente por quem não seja tão versado assim nos textos sagrados.
Outra pergunta, no entanto, se nos destaca no pensamento: de que maneira o “sal” poderia vir a se tornar insípido, em movimento, quase, de involução?
Isto, talvez, venha a nos suceder quando nos permitimos perder contato com a Fonte que nos sustenta a vida – em outras palavras, com Deus em nós mesmos!
A criatura, por vezes, por sua rebeldia ou insensibilidade, pode se distanciar tanto do Criador que, depois, praticamente inviabiliza o seu processo de rearmonização com as Leis que rege o universo.
Não estaria, nestas palavras do senhor, implícita qualquer alusão ao que certos pensadores espiritualistas dizem a respeito da necessidade de “reciclagem psíquica” para os seres que terminam por perder a consciência de si mesmos?

Livro: Bem-Aventurados os Aflitos – Carlos A. Baccelli – Inácio Ferreira

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