O que se opõe,
frequentemente, a que vos corrijais de um defeito, de vício, seguramente, é
porque não vos apercebeis mesmo que o tendes. Ao passo que vedes os menores
defeitos de vosso vizinho, de vosso irmão, não desconfiais mesmo que tendes os
mesmos defeitos, talvez cem vezes maiores que os deles. Isso não é senão uma
consequência do orgulho que vos leva, como todos os seres imperfeitos, a não
encontrar nada de bem senão em vós. Deveríeis vos considerar um pouco como se
isso não fosse vós. Figurai-vos, por exemplo, que o que fizestes ao vosso
irmão, foi o vosso irmão que vos fez; colocai-vos em seu lugar, que faríeis?
Respondei sem dissimulação, porque creio que quereis a verdade. Fazendo isto,
estou seguro que encontrareis, frequentemente, os defeitos que não vos
apercebíeis antes. Sede franco convosco mesmos; dai um pouco conhecimento ao
vosso caráter, mas não o estragueis, porque as crianças que se estragam se
tornam, frequentemente, muito más, e aqueles que as estragam são os primeiros a
lhes sentir o efeito. Retornai um pouco o alforje onde estão colocados os
vossos defeitos e os de outrem; colocai o vosso adiante e os de outrem para
trás, o olhai bem se isso não vos faz abaixar a cabeça, quando tiverdes essa
carga à frente.
Livro: Revista Espírita - 1863
- Allan Kardec - La Fontaine
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