A trajetória democrática no
Brasil sofre outro deslize.
Não se pode afirmar, a priori,
que não há legitimidade no processo de destituição da presidente eleita. Os
caminhos democráticos foram adotados e naturalmente sujeito a críticas dos
oposicionistas. Não é isto que desejo tratar nestas linhas, a história, por si
só, haverá de dar razão a um dos lados nesta questão. O meu desejo é mostrar a
nossa inanição política diante do conserto das nações do planeta.
O Brasil possui tudo para ser
uma grande nação. Recursos de diversas ordens não lhe falta. Somos poderosos
economicamente, temos uma bacia hidrográfica rica, uma natureza abundante e um
povo expressivamente inteligente e criativo. O que nos falta, talvez, seja um
projeto de nação. Sem foco para onde devemos ir, pouco progresso ocorrerá e os
avanços serão meramente pontuais, haja vista que funcionam como se cada um
promovesse o seu próprio destino e não porque há um direcionamento único das
ações.
Este projeto maior, Senhores,
deve ser fruto de ampla discussão na sociedade. Quem quer que o inicie, sem se
preocupar com os rendimentos políticos desta iniciativa, terá dado contribuição
enorme para o progresso social e econômico do País. Agirá como estadista e não
como um populista. Definirá regras atemporais e não interesses casuais. É certo
que o momento presente exige ajustes de diversas frentes, dada a situação
calamitosa que chegamos, mas não podemos, jamais, deixar de ter um foco mais
distante quando se refere ao destino do País.
Alguns presidentes, ao longo
do período republicano, tiveram esta preocupação. Não cabe aqui analisar se as diretrizes
apresentadas eram positivas ou não, não é esta a questão, o que se coloca em
jogo é o tirocínio de se deixar um efetivo legado para o País.
Getúlio Vargas, Juscelino
Kubistchek de Oliveira e o período militar desenharam, cada um a seu modo, este
desenho de nação. Alguns pontos tiveram continuidade, outros foram abandonados
sem qualquer análise mais séria.
O que está em jogo, Senhores,
é o futuro da nação. Iniciativas pontuais podem ter alguma repercussão, mas se
não forem devidamente ampliadas e aceitas como políticas de Estado terão vida
curta por mais interessantes que possam ser.
Este é o motivo do nosso
atraso, em última análise. O progresso espiritual não é realizado por
improviso. Temos, pelo que sei, notória preocupação com planejamento de longo
prazo. Os passos dados pelos maiores da humanidade e por aqueles que se
preocupam com nosso País seguem um norteamento maior e são pautados dentro de
critérios rígidos. Todos nós, espíritos comprometidos com a nação brasileira,
somos chamados, de algum modo, a dar a nossa contribuição. Trabalho não nos
falta.
Neste quadrante da vida pública
brasileira, enxergamos mais oportunidades do que dissabores. Estamos numa
crise, é verdade, mas ela mesma nos traz possibilidades de avanço inestimáveis.
Quem sabe uma nova legislação
para abrir os caminhos políticos e restituirmos de vez a confiança dos
brasileiros em seus representantes?
Por que não pensar numa
reforma econômica “globativa”, não apenas de integração mundial para sermos
mais competitivos, mas de aprendizagem geral para aumentar a capacidade
produtiva de nosso povo, gerando mais renda e riqueza para todos?
Que tal priorizarmos
definitivamente a educação como patrimônio maior da nossa nação em direção a
termos cidadãos livres de verdade e conscientes de suas potencialidades e
direitos?
Por que não pensar num
governo mais competente na gestão e menos corrupto na sua concepção?
Há muitas frentes a serem
definidas as suas prioridades e aquilo que mais interessa ao conjunto da nação.
Não importa necessariamente
quem faça, mas que faça e como faça.
Estaremos ombro a ombro com
todos aqueles que se dispuserem a trabalhar por um País melhor e com futuro.
Um abraço,
Joaquim Nabuco – Blog Reflexões
de um Imortal
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