Sinceramente, creio que
todos nós, adeptos do Espiritismo, andamos necessitados de efetuar, a partir da
Codificação, uma releitura de suas obras mais importantes.
Devo esclarecer
que, para escrever esta pequena matéria, eu estou procurando me colocar na
condição de espírito ainda encarnado, embora, presentemente, conforme sabem,
esteja situado numa Dimensão para além das fronteiras da Terra.
Isto, no
entanto, não significa dizer que eu, estando desencarnado, tudo já saiba da
Doutrina Espírita, e que, por minha vez, não necessite continuar estudando os
seus postulados.
Os espíritos da minha Esfera, e outros, de Esferas acima,
muito carecem estudar, inclusive os fundamentos básicos do Espiritismo revelado
aos encarnados, para atinar com algo mais de sua essência.
Notemos que,
diante de certas questões de transcendência propostas por Allan Kardec, por
exemplo, em “O Livro dos Espíritos”, os Espíritos Superiores que lhe ditaram a
Codificação se mostraram reticentes em suas respostas, e não apenas por
inconveniência em aprofundá-las.
O problema é que, para todos os espíritos,
estejam eles em qualquer Dimensão, o conhecimento da Verdade é sempre
gradativo.
Confesso-lhes, de minha parte, que não sei tudo do Mundo
Espiritual – aliás, o que eu sei é uma ínfima parcela.
Os mais avançados
cientistas já saberão tudo da biologia do corpo humano?!
Dos habitantes da
Terra, quem poderá se gabar de tudo saber da singela casa planetária em que se
acolhe?!
Quem, passando a existência a mergulhar, pode dizer que conhece de
sobejo a vida nas profundezas oceânicas?!
Observando um retrato 3\4 de uma
cidade como São Paulo, quem haverá de afirmar que conhece a grande
metrópole?!
Dos que escrevem, e dos que não escrevem, para os homens
encarnados, eu não sei de espírito algum – sinceramente, não sei – que possa
tudo revelar do Mundo Espiritual, ou que, em síntese, possua respostas para
todas as perguntas que lhe sejam formuladas! Os que se atrevem a tanto não
passam de falsos sábios ou mistificadores.
Portanto, preciso lhes dizer o
seguinte: cada obra de conteúdo espírita, que verse sobre a vida no Mundo
Espiritual, pode, muitas vezes, estar refletindo apenas e tão somente a visão e
a experiência de seu autor desencarnado!
Claro que, dentro deste contexto, eu
não posso deixar de me incluir – todavia, pelo menos, tenho orado ao Senhor para
que não me falte o necessário bom senso para não me sentir na condição de
espírito Instrutor, ou para não permitir que os amigos encarnados assim venham
me considerar.
No que pese o meu desejo de acertar, tenho consciência de que
não passo de um ser humano que, pelo fato de ter deixado o corpo carnal, não se
promoveu à angelitude.
Convém, pois, a nós todos, que nos entreguemos a um
estudo mais sério do Espiritismo, com a lucidez que nos faça compreender e
aceitar as nossas atuais limitações, inclusive neuronais, para vislumbrarmos
novas facetas da realidade, que, através das vidas sucessivas, somente o tempo
haverá de nos possibilitar.
Evitemos as interpretações literais de qualquer
texto de origem mediúnica, ainda levando em consideração que, por maior o seu
empenho e boa vontade, o médium que se lhe faz intermediário, igualmente, se
caracteriza por limitações que, por vezes, quase chegam a desfigurá-lo
completamente.
Feliz, ou infelizmente, é esta a situação com a qual,
encarnados e desencarnados, somos chamados a lidar, sendo que, não ignorá-la já
será dar um passo adiante para, dos Dois Lados da Vida, não vivermos à mercê de
tantos enganos.
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 01 de fevereiro de
2015.
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