25.6.14

Observações a Propósito dos Desenhos de Júpiter
Estamos inserindo neste número da Revista, conforme havíamos anunciado, o desenho 51 de uma habitação de Júpiter, executado e gravado pelo Sr. Victorien Sardou como médium, ao qual acrescentamos o artigo descritivo que teve a gentileza de escrever a respeito. Seja qual for, sobre a autenticidade dessas descrições, a opinião dos que nos poderiam acusar de nos ocuparmos do que acontece nos mundos desconhecidos, quando há tanto o que fazer na Terra, rogamos aos nossos leitores não perderem de vista que o nosso objetivo, como o indica o subtítulo da revista é, antes de tudo, o estudo dos fenômenos, nada devendo, portanto, ser negligenciado. Ora, como fato de manifestação, esses desenhos são, incontestavelmente, os mais notáveis, se considerarmos que o autor não sabe desenhar nem gravar, e que o desenho que oferecemos foi por ele gravado em água forte, sem modelo nem ensaio prévio, em nove horas. Supondo que esse desenho seja uma fantasia do Espírito que o traçou, o simples fato de sua execução não seria um fenômeno menos digno de atenção e, a esse título, cabe à nossa coletânea torná-lo conhecido, bem como a descrição que dele nos deram os Espíritos, não para satisfazer à vã curiosidade das pessoas fúteis, mas como objeto de estudo para quantos desejarem aprofundar-se em todos os mistérios da ciência espírita. Incorreria em erro quem acreditasse que fazemos da revelação de mundos desconhecidos o objeto capital da doutrina; para nós isso não constituiria senão um acessório, que julgamos útil como complemento de estudo. Para nós, o essencial será sempre o ensinamento moral, de sorte que procuramos, nas comunicações do além-túmulo, sobretudo aquilo que possa esclarecer a Humanidade e conduzi-la ao bem, único meio de lhe assegurar a felicidade neste e no outro mundo. Não se poderia dizer o mesmo dos astrônomos, que igualmente sondam os espaços, e perguntar qual seria a utilidade, para o bem da Humanidade, saberem calcular com precisão rigorosa a parábola de um astro invisível? Nem todas as ciências têm um interesse eminentemente prático; entretanto, a ninguém ocorre tratá-las com desdém, porque tudo que amplia o círculo das idéias contribui para o progresso. Dá-se o mesmo com as comunicações espíritas, ainda que escapem ao círculo acanhado da nossa personalidade.
Revista Espírita - tomo I - Allan Kardec - agosto 1858

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