Casas em Júpiter
“Em determinadas épocas do ano –
aduz o Espírito – em certas festas, por exemplo, verás aqui o céu obscurecido
pela nuvem de habitações que nos vem de todos os pontos do horizonte.
É um
curioso agregado de moradias esbeltas, graciosas, leves, de todas as formas, de
todas as cores, equilibradas em diferentes alturas e continuamente em marcha, da
cidade baixa para a cidade celeste: alguns dias depois, faz-se o vácuo pouco a
pouco e todos esses pássaros desaparecem.
“Nada falta nessas moradas
flutuantes, nem mesmo o encanto da verdura e das flores. Refiro-me a uma
vegetação que não encontra paralelo entre vós, de plantas e até de arbustos que,
pela natureza de seus órgãos, respiram, alimentam-se, vivem e se reproduzem no
ar.
“Temos – diz ainda o mesmo Espírito – esses tufos de flores enormes,
cujas formas e matizes nem podeis imaginar, e de uma leveza de tecido tão
delicada que os torna quase transparentes. Balançando no ar, sustentados por
grandes folhas e munidos de gavinhas semelhantes às da videira, reúnem-se em
nuvens de mil tonalidades ou se dispersam ao sabor do vento, oferecendo um
espetáculo encantador aos viandantes da cidade baixa... Imagina a graça dessas
jangadas de verdura, desses jardins flutuantes que nossa vontade pode fazer e
desfazer e que, algumas vezes, duram toda uma estação! Longas fieiras de lianas
e de ramos floridos destacam se dessas alturas e se dependuram até o solo;
cachos enormes se agitam, despetalando-se e liberando perfume... Os Espíritos
que se deslocam no ar param à sua passagem: é um lugar de repouso e de encontro,
ou, se quisermos, um meio de transporte para terminar a viagem sem fadiga e em
boa companhia.”
Revista Espírita - tomo I - Allan Kardec - agosto 1858
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