3.6.14


ESCREVER PARA A TERRA

Escrever, mediúnicamente, para a Terra, não é fácil – não é tão simples quanto parece!
Muitos imaginam, de maneira equivocada, que o espírito possa tudo – basta que esteja fora do corpo para que deixe de ser gente...
Isto não é assim, não.
Em qualquer escrita, de natureza mediúnica, muitas dificuldades devem ser superadas – aliás, qualquer espécie de comunicado mediúnico, tanto para o espírito quanto para o médium, possui muitas implicações.
O Mundo Espiritual não é sobrenatural, e a gente, ou seja, os desencarnados, não somos detentores dos poderes que muitos nos atribuem.
Vou tomar a mim mesmo como exemplo...
Para escrever, através do médium com o qual eu me compromissei – e isto, desde muito tempo –, eu preciso estar bem, e espírito desencarnado, sendo igual a uma pessoa, nem sempre está bem – a menos que já tenha transcendido a sua condição humana – e este não é o meu caso, e acredito que não seja o da maioria do Lado de Cá...
Depois, necessito primeiro atender as obrigações que me vinculam à minha nova condição existencial, porque, afinal, não estando mais encarnado, eu não posso viver em veraneio na Terra!
Tenho, igualmente, que trabalhar na obtenção do pão de cada dia, porque em meu atual domicílio não chove maná...
Ainda há outro problema, sobre o qual poucos refletem: como é que vocês acham, por exemplo, que eu supere a barreira das Dimensões diferentes, e, com extrema frequência, possa estar entre vocês escrevendo, ou dizendo os meus pitacos?! Talvez deduzam que a mesma carruagem de fogo que arrebatou Elias ao céu, me arrebate no Além e, tão misteriosamente quanto conduziu o profeta, me conduza para a Terra...
Este é assunto que eu ainda espero abordar assim que possível – não neste Blog, porque, infelizmente, não posso estar colocando muita coisa inédita aqui – eles copiam! E o que é pior: copiam defeituosamente! Falsificam a assinatura, mas não falsificam a minha pobre figura...
Agora, tratemos da questão do médium, que é complexíssima.
Eu estando bem, preciso rezar muito para que, igualmente, o médium esteja bem, e, no mínimo, seja compromissado com o trabalho.
E, sobretudo, não seja um médium que, ao empunhar a caneta ou se sentar diante do computador, não fique exigindo do espírito uma prova de identidade – sim, porque, determinados médiuns, querem que lhes apresentemos, inclusive, atestado de óbito...
O mais difícil para qualquer espírito comunicante não é trabalhar, mas convencer o médium a trabalhar – com disciplina e amor à Causa.
Hoje, infelizmente, existem médiuns com mais amor à causa de si mesmos do que à Causa do Cristo!  Eles querem aparecer como autores, darem autógrafos, participarem de Bienais, estarem no topo do ranking dos livros mais vendidos...
Por fim, como escreveu Kardec, precisamos vencer a influência do meio: não se trata dos pensamentos contrários, porque destes, a bem da verdade, a gente aprende a se esquivar... Eu me refiro à barulheira do mundo, ao buzinaço, às motos que passam acelerando a toda, às requisições familiares, aos compromissos sociais do médium, às suas indisposições estomacais, às suas noites mal dormidas, aos seus abalos emocionais, e, para encurtar a lista, até às suas diarreias!
Eu já escrevi com o médium – coitado! – tendo que correr ao banheiro de quinze a quinze minutos... Eu escrevia um pouquinho, sentava e esperava ele voltar do trono. Fazer o quê?!...
- Dr. Inácio – pedia-me ele –, ajuda-me...
Em silêncio, contrariando certas orientações médicas, eu tinha vontade de lhe dizer:
- Meu caro, toma um Imosec!...
Pois se um Imosec pode resolver, para que permanecer na expectativa de uma intervenção espiritual para curar uma diarreia?!...

INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 2 de junho de 2014.

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