20.12.13


Uma Grande Feira Mundial

Há tanta coisa numa feira. Tem de tudo numa feira. Nunca vi lugar para ter tanta novidade como numa feira. A diversidade é a característica número um de uma feira.
Feira tem de tudo. Tem frutas, do abacaxi ao mamão, da banana ao melão.
Tem de liquidificador a ratoeira. Tem jerimum e até guaiamu. Tem linha e carretel. Tem pulseira e tem anel. Tem diadema e avental. Tem até goma para mingau.
Tem bolo de tapioca e até milho para pipoca. Tem tudo que a gente quer e até o que não se quer também.
E a variedade de gente que se encontra por lá. Gente controlada e gente gastadeira. Gente silenciosa e até “a mulher da cobra”.
- Olha o amendoim.
- Olha a cocada.
- Olha o caldo de cana.
Era assim a boa feira de meus tempos de criança e aquelas que via na minha Fortaleza, no Rio de Janeiro e nos bairros de Recife. Não existe lugar mais democrático e igual do que uma feira. É um espaço literalmente do povo. O povo manda.
Meus irmãos, gostaria que o mundo se transformasse numa enorme feira, bem organizada, é verdade, mas uma feira das grandes. Um espaço de todos.
Hoje, o mundo é de alguns, de poucos, diga-se com precisão.
Quem manda no mundo são os banqueiros e tubarões. Meia dúzia de gente que vive em pequenos bolsões de prosperidade. Ultimamente até que alguns países entraram neste bolo para dividir a riqueza gerada, mas bem-estar mesmo ainda é para poucos.
O que fazer para dividir a riqueza e transformar este mundo numa grande feira?
A vida, meus queridos, penso eu, é uma arte de saber inventar, de criar novas possibilidades, de pensar o impensável e fazer diferente. Então, vamos a mais uma louca helderiana.
O que seria do mundo de tentássemos fazer um grande fundo de desenvolvimento humano?
Os grandes países doariam tudo que tem de melhor para este fundo. Uns dariam dinheiro. Outros, tecnologia. Alguns, arte. Todos chegariam com um pouco do que têm de melhor, aquilo que eles sabem fazer direito, a sua expertise, como dizem hoje.
Se cada um chegasse com o que tem de melhor, então todos se beneficiariam. Nesta feira global terá de tudo e a aposta será distribuir de maneira abundante de acordo com as necessidades de cada um e a especificidade de cada País. Isto porque nem todos querem tudo, mas o que lhes interessa no seu projeto de Nação.
Quem poderia organizar esta feira?
Já existe a ONU que poderia fazer este papel, mas tem que alargar as vistas, deixar fluir a espontaneidade, a camaradagem, o espírito de união, como numa verdadeira feira.
Se o mundo inteiro se transformasse numa grande feira, tenho a certeza que todos sairiam ganhando, até porque, diferente da feira convencional, não teríamos restos, tudo seria aproveitado.
Pense nisso, saia do quadrado, e comece a fazer uma feira com seus irmãos de caminho. Promova a feira no seu bairro, na sua cidade e no seu estado. Em qualquer lugar se poderá se fazer esta feira da fraternidade. É só querer.
- Venha, freguês, você vai gostar do que eu tenho para te oferecer.
Um abraço,
Helder Camara

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