5.11.25

DESCULPA

Irene Ferreira de Souza Pinto*

Escuta serenamente
Quem te repele ou censura.
Há muito fel de amargura,
Em forma de maldição.
Às vezes quem te maltrata
Arrasta apenas consigo
Sede, fome e desabrigo
Por brasas no coração.

Quem te injuria e escarnece,
Na frase agressiva, azeda,
Em si sofre a labareda
Que verte do próprio mal.
Toda cólera é doença.
Aquele que se enraivece
Solicita o pão e a prece
Do socorro fraternal.

Muita gente cai nas trevas,
Por não achar, no caminho,
Brandura, silêncio e ninho,
No peito amigo de alguém.
Inda que ofensas te cubram
E lâminas te retalhem,
Que as tuas forças não falhem
Na força que espalha o bem.

Desculpa, constantemente,
O golpe, a pedrada, o insulto,
Apesar do pranto oculto,
Amargo, desolador!
 
– Quem tolera e quem perdoa,
Embora de alma ferida,
Encontra, na própria vida,
O reino do Eterno Amor.
 
 (*) Poetisa de fino talento e bela inspiração. A seu respeito, diz Enéas de moura (cole. Poetas Paul, pág.97):” Começou seus estudos no Colégio Florense, de Jundiaí, e os terminou no Sion, de São Paulo. Colaborou na Revista Feminina; foi a criadora das crônicas sociais do Correio Paulistano.” Contista, escreveu na Feira Literária, e em 1921 estreava como romancista, publicando Rosa Maria. No Cemitério da consolação, de S. Paulo, os filhos da poetisa erigiram-lhe um túmulo, onde gravaram o belíssimo soneto “Último desejo”, de autoria dela. (amparo, Estado de São Paulo, 8 de Abril de 1887 – Rio de Janeiro, GB, 21 de Maio de 1944.)
BIBLIOGRAFIA: Primeiro Vôo; Gorjeios; O Tutor de Célia, contos; etc.
Livro: Antologia dos Imortais - Psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário