19.11.25

DESERTOR

Galba de Paiva*
     
Silêncio... Inércia... Morte, O fim de tudo...
Era o estranho ideal que acalentara
Quando vivi qual cego, surdo, mudo,
Ou sonâmbulo em crise longa e rara.
 
Covarde e tresloucado, em transe agudo,
De súbito fugi à vida amara
E marchei, constrangido, para o estudo
Do enigma que, em vão, me acabrunhara.
     
Mas não morri... Morreu-me o vaso impuro...
E, distante da carne transitória,
Colho o passado e planto o meu futuro.
 
Nem mistério, nem cinza à nossa frente...
Apenas o homem louco de vanglória
Procurando enganar-se inûtilmente.
(*) Poeta distinto, jornalista, conferencista e crítico literário. Depois de cursar o Liceu Alagoano, de Maceió, bacharelou-se pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, tendo sido o orador da turma de 1915. Exerceu várias funções públicas na administração e na magistratura do Rio Grande do Sul. Colaborou em diversos jornais e revistas, dentre outros o Diário do Interior, de Santa Maria, Ultima Hora, de Porto Alegre, Fon-Fon! e Leitura Para Todos, do Rio de Janeiro. Na revista carioca A Semana foi critico literário ao tempo de Adelino Magalhães. De 1930 até à sua desencarnação, viveu no Rio de Janeiro, advogando no foro. (Uruguaiana, Rio Grande do Sul, 26 de Setembro de 1893 – Rio de Janeiro, GB, 1 de Julho de 1938.)
BIBLIOGRAFIA : Folhas, versos; Hora Azul, conferência; Elogio das Cores, idem ; etc.
Livro: Antologia dos Imortais - Psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira

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