12.11.25

DESENCARNAÇÃO

Álvaro Sá de castro Meneses*
 
Dorme a ninfa obscura em desvão da floresta...
Tênue réstia solar dissolve a névoa fina.
Agita-se o casulo. A múmia pequenina
E’ féretro mirim que, súbito, se enfresta.
 
A borboleta em luz, como alguém que protesta
Contra o sono letal sob a folha mofina,
Desdobra as asas de ouro e, leve bailarina,
Sobe às grimpas do azul em delírio de festa...
     
A morte é assim também... No corpo inerte, langue,
Silêncio e rigidez trabalham de partilha,
Tentando nova forma a que a vida se engrade!...
 
Mas do estojo larval, sem o lume do sangue,
A alma ressurge e voa, ascende, canta e brilha,
Ave do Grande Além, galgando a imensidade...
 
(*) Castro Menezes, que foi «conteur» e cronista, além de poeta precoce e advogado pela Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais d Rio de Janeiro, esteve algum tempo no Pará, onde foi professor e jornalista, tendo também exercido a magistratura em seu Estado natal. Um dos fundadores da revista Rosa-Cruz, um dos mais importantes órgãos do movimento simbolista carioca. Redator, no Rio de Janeiro, de A Tribuna, de O Imparcial e do Jornal do Commercio. Pertenceu à, Academia Fluminense de Letras. (Niterói, Estado do Rio, 3 de Junho de 1883 – Rio de Janeiro, GB, 7 de Março de 1920.)
BIBLIOGRAFIA: Mitos; Poesias; Estrada de Damasco; etc.
Livro: Antologia dos Imortais - Psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira

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