18.11.22

SENTIDO HISTÓRICO DA BÍBLIA E A SUA NATUREZA PROFÉTICA

Qual  a  posição  do Espiritismo  diante  do  problema  bíblico?
Os debates entre espíritas,  pastores  protestantes  e  sacerdotes  católicos,  deram motivo  a algumas  incompreensões,  de  que  se aproveitaram  adversários  pouco  escrupulosos  da Doutrina  Espírita,  para  lhe  desfecharem  novos  e  injustos  ataques.
Vamos  procurar esclarecer, por estas colunas, a posição espírita, como já havíamos prometido.
Kardec  define essa  posição,  desde  O  Livro  dos  Espíritos,  como  a  de estudo  e esclarecimento  do  texto,  à  luz  da  História e  na  perspectiva  da evolução  espiritual da Humanidade.
No  cap. III  deste  livro, final  do item  59,  depois  de analisar  as  contradições entre a Bíblia e as Ciências, no tocante à criação do mundo, ele declara: "Devemos concluir que a Bíblia é um erro?
Não; mas que os homens se enganaram na sua interpretação".
Essas  palavras  de Kardec, sustentadas através de toda a Codificação, esclarecem a posição  espírita.
Devemos  reconhecer  na  Bíblia a  sua  natureza  profética  (ou  seja: mediúnica),  encerrando  a Primeira Revelação,  no  ciclo histórico das revelações cristãs.
Esse ciclo começa com Moisés (I Revelação), define-se com Jesus (II Revelação) e encerra-se com o Espiritismo (III Revelação).
Os leitores encontrarão explicações detalhadas a respeito em O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, que é um manual de moral evangélica.
O conceito espírita de Revelação, porém, não é o mesmo das religiões em geral.
Revelar é ensinar, e isso tanto pode ser feito pêlos Espíritos (revelação divina) quanto pêlos homens (revelação humana), mas não por Deus "em pessoa", porque Deus age através de suas leis e dos Espíritos.
A revelação  bíblica,  portanto, não pode ser chamada de  "palavra de Deus".
Ela é,  apenas,  a  palavra  dos Espíritos-Reveladores,  e essa  palavra é sempre adequada ao tempo  em  que  foi  proferida.
Isto  é confirmado  pela  própria  Bíblia,  como  veremos  no decorrer deste estudo.
A  expressão  "a  palavra  de  Deus"  é  de  origem judaica.
Foi  naturalmente  herdada pelo Cristianismo, que a empregou para o mesmo fim dos judeus: dar autoridade à Igreja.
A Bíblia,  considerada  "a  palavra  de  Deus",  reveste-se  de  um  poder  mágico:  a sua simples leitura, ou simplesmente a audiência dessa leitura, pode espantar o Demônio de uma pessoa e convertê-la a  Deus.
Claro  que  o Espiritismo  não  aceita  nem  prega essa  velha crendice, mas não a condena.
A cada um, segundo suas convicções, desde que haja boa intenção.

Livro: VISÃO ESPÍRITA DA BÍBLIA
J. Herculano Pires

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