Qual a posição do Espiritismo diante do problema bíblico?
Os debates entre espíritas, pastores protestantes e sacerdotes católicos, deram motivo a algumas incompreensões, de que se aproveitaram adversários pouco escrupulosos da Doutrina Espírita, para lhe desfecharem novos e injustos ataques.
Vamos procurar esclarecer, por estas colunas, a posição espírita, como já havíamos prometido.
Kardec define essa posição, desde O Livro dos Espíritos, como a de estudo e esclarecimento do texto, à luz da História e na perspectiva da evolução espiritual da Humanidade.
No cap. III deste livro, final do item 59, depois de analisar as contradições entre a Bíblia e as Ciências, no tocante à criação do mundo, ele declara: "Devemos concluir que a Bíblia é um erro?
Não; mas que os homens se enganaram na sua interpretação".
Essas palavras de Kardec, sustentadas através de toda a Codificação, esclarecem a posição espírita.
Devemos reconhecer na Bíblia a sua natureza profética (ou seja: mediúnica), encerrando a Primeira Revelação, no ciclo histórico das revelações cristãs.
Esse ciclo começa com Moisés (I Revelação), define-se com Jesus (II Revelação) e encerra-se com o Espiritismo (III Revelação).
Os leitores encontrarão explicações detalhadas a respeito em O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, que é um manual de moral evangélica.
O conceito espírita de Revelação, porém, não é o mesmo das religiões em geral.
Revelar é ensinar, e isso tanto pode ser feito pêlos Espíritos (revelação divina) quanto pêlos homens (revelação humana), mas não por Deus "em pessoa", porque Deus age através de suas leis e dos Espíritos.
A revelação bíblica, portanto, não pode ser chamada de "palavra de Deus".
Ela é, apenas, a palavra dos Espíritos-Reveladores, e essa palavra é sempre adequada ao tempo em que foi proferida.
Isto é confirmado pela própria Bíblia, como veremos no decorrer deste estudo.
A expressão "a palavra de Deus" é de origem judaica.
Foi naturalmente herdada pelo Cristianismo, que a empregou para o mesmo fim dos judeus: dar autoridade à Igreja.
A Bíblia, considerada "a palavra de Deus", reveste-se de um poder mágico: a sua simples leitura, ou simplesmente a audiência dessa leitura, pode espantar o Demônio de uma pessoa e convertê-la a Deus.
Claro que o Espiritismo não aceita nem prega essa velha crendice, mas não a condena.
A cada um, segundo suas convicções, desde que haja boa intenção.
Livro: VISÃO ESPÍRITA DA BÍBLIA
J. Herculano Pires
18.11.22
SENTIDO HISTÓRICO DA BÍBLIA E A SUA NATUREZA PROFÉTICA
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