14.11.22

O Espírita e a Política

Muitos confrades e confreiras nos têm escrito perguntando a respeito da participação dos espíritas na Política.
Creio que os espíritas, claro, respeitando o livre arbítrio de cada um, não devem se omitir, porquanto eles são partes integrantes da Humanidade encarnada, possuidores da mesma responsabilidade, ou até maior, pelo rumo que as coisas possam vir a tomar no mundo.
Mesmo aquele que, porventura, tenha vocação para a vida pública, à exemplo do Dr. Bezerra de Menezes, Eurípedes Barsanulfo, Bittencourt Sampaio e tantos outros, deve, sim, procurar participar do pleito eleitoral, sem que a sua decisão colida com os Princípios que abraça na Doutrina.
A omissão e a indiferença são responsáveis pelos caminhos equivocados que, na condução dos povos, os espíritos sem compromisso com o Bem e a Verdade, venham a escolher para a coletividade.
Sabemos, perfeitamente, que, na atualidade, trava-se, na Terra, explícito confronto entre a Luz e a Treva, confronto que, igualmente, envolve a Humanidade desencarnada, porque a Dimensão que habitamos é ainda a própria Terra, em um de seus inúmeros desdobramentos pelo espaço.
Óbvio que ninguém deve se valer da tribuna espírita, de modo sistemático, para pregações de natureza política, contudo, quando questionado, não deve se furtar à exteriorizar a sua posição, sem, no entanto, proferir ataques àqueles que, naturalmente, possam pensar de maneira diferente.
O Centro Espírita é o lar de pequena família espiritual, e os seus dirigentes, quando solicitados, têm o dever de orientar quantos a integram, sem, repetimos, a menor imposição de ideias, suprimindo a liberdade de consciência.
Defender a posição neutra para os espíritas, no âmbito da política, em tempo de urnas, pode ser uma manobra da Treva para silenciar aqueles que, talvez, mais bem informados, possam manifestar a sua opinião livremente, sem a ingerência de grupos com os seus interesses subalternos no resultado das eleições.
Solicitamos vênia para, de nossa parte, dizer que pretender anular o espírita em sua participação política com os sofismas que temos visto serem apresentados pelos que se consideram adeptos do Espiritismo, no mínimo, é ignorância, quando não hipocrisia.
Cobra-se dos dirigentes espíritas e dos médiuns uma isenção que outros confrades, ativistas, não demonstram, e que, por não abraçarem maior compromisso doutrinário, se sentem à vontade para criticar, inclusive, os companheiros, quando essa falta de compromisso doutrinário é conveniente a quem pretende acender uma vela para Deus e outra para o diabo.
Quanto a nós, os supostamente mortos, querem impedir de que, igualmente, manifestemos a nossa posição em favor dos planos de governo apresentados pelos seus representantes encarnados, mas esses mesmos sempre vêm nos especular, solicitando orientação para os menores problemas que enfrentam em sua existência carnal...
Não podemos, e não servimos para orientar a quem deseja ser orientado em suas opções político-partidárias, mas devemos, e servimos, para lhes dizer sobre a conveniência, ou não, de que se submetam a tal cirurgia, ou que lhes atendamos às preces formuladas para que lhe encaminhemos um bom partido para o casamento do filha ou da filho encalhado, ou, ainda, que encaminhemos alguém à porta de suas casas com oferta e emprego, e, de preferência, com alta remuneração...
Sinceramente, acredito que certos confrades espíritas, nos dias que correm, estão mais carentes de um espelho em que possam se enxergar, no caso de que não estejam a sofrer de grave processo de miopia, o que, com certeza, dele padecendo, até mesmo uma peça tão singela quanto o espelho condenariam à completa inutilidade.
 
INÁCIO FERREIRA - Blog Mediunidade na Internet
Uberaba – MG, 13 de Novembro de 2022.

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