15.10.21

O ISLAMISMO

“Os ensinamentos religiosos do Islã estão contidos no livro Alcorão.”
O Islamismo, Islã ou Islam, é uma religião monoteísta, surgida no século VII, d.C., cujos adeptos, os muçulmanos, acreditam que se trata de uma revelação de Deus (Allah/Alá) ao profeta Maomé (Mohammed/Muhammad), destinada não apenas a um povo, os árabes, mas a toda a humanidade terrestre: “E não lhes enviamos senão como misericórdia para toda a Humanidade […]” (suras ou capítulos 21:107 e 7:158 do Alcorão).1 Os ensinamentos religiosos do Islã estão contidos no livro Alcorão (do árabe alqur´rãn = leitura), já que a revelação islâmica se resume neste artigo de fé: “Não há um Deus senão Alá, e Maomé é seu Profeta”.2 Vinculado a este artigo de fé há este outro, entendido como causa e consequência: “Deus é único e incomparável, e o propósito da existência é adorá-lo”. Resulta daí que cada capítulo do Alcorão (com a exceção de apenas um) começa com a frase “Em nome de Deus, o clemente, o misericordioso…”3
O Espírito Emmanuel informa que o surgimento do Islamismo foi uma Providência Divina contra os abusos do clero católico romano:
Antes da fundação do papado, em 607, as forças espirituais se viram compelidas a um grande esforço no combate contra as sombras que ameaçavam todas as consciências. Muitos emissários do Alto tomam corpo entre as falanges católicas no intuito de regenerar os costumes da Igreja. Embalde, porém, tentam operar o retorno de Roma aos braços do Cristo […].4
O esclarecido benfeitor prossegue em suas informações:
Numerosos Espíritos reencarnam com as mais altas delegações do plano invisível. Entre os missionários, veio aquele que se chamou Maomé, ao nascer em Meca no ano 570. Filho da tribo dos coraixitas, sua missão era reunir todas as tribos árabes sob a luz dos ensinos cristãos, de modo a organizar-se na Ásia um movimento forte de restauração do Evangelho do Cristo, em oposição aos abusos romanos, nos ambientes da Europa. […].5
O não cumprimento dos compromissos assumidos antes da reencarnação representa um dos maiores obstáculos, se não o maior deles, à melhoria moral do Espírito, o qual, em razão da Lei de Causa e Efeito, retorna vezes sem conta à vida corporal sob o peso de difíceis provações. Maomé não foi o primeiro missionário a falir na sua missão, nem será o último. No caso do Islamismo, contudo, um dos mais significativos equívocos de Maomé e dos seus seguidores foi envolver a religião em um casulo dogmático, de rigidez e fanatismo, distanciando-se das orientações espirituais originalmente reveladas. Em consequência, estabeleceu-se lamentável divisão, ainda irreconciliável nos dias atuais, entre os chamados “fiéis” e os “não fiéis”. Foi a partir desta deliberação de Maomé que começaram as chamadas guerras do Islã, cada vez mais temerárias:
Maomé […] vulgarizou a palavra “infiel”, entre as várias famílias do seu povo, designando assim os árabes que lhes eram insubmissos, quando a expressão se aplicava, perfeitamente, aos sacerdotes transviados do Cristianismo. Com o seu regresso ao Plano Espiritual, toda a Arábia estava submetida à sua Doutrina, pela força da espada […].6
Allan Kardec pondera a respeito, ao afirmar:
Sempre se julga mal uma religião quando se toma como ponto de partida exclusivo suas crenças pessoais, porque então é difícil justificar-se um sentimento de parcialidade na apreciação dos princípios. […] Longe de nós a intenção de absolver Maomé de todas as suas falhas, nem a religião de todos os erros que chocam o mais vulgar bom senso. Mas a bem da verdade, devemos dizer que também seria pouco lógico julgar essa religião conforme o que dela faz o fanatismo, como o seria julgar o Cristianismo segundo a maneira por que alguns cristãos o praticam. É bem certo que, se os muçulmanos seguissem em espírito o Alcorão, que o profeta lhes deu por guia, seriam, sob muitos aspectos, completamente diferentes do que são. […].7
Importa, pois, considerar que jamais devemos julgar o conteúdo pela sua aparência exterior. E, especificamente em relação ao Islamismo, os seus princípios norteadores estão voltados, de forma geral, para o bem, para a paz – aliás a palavra Islã tem duplo significado:paz, no sentido etimológico, e submissão (a Deus), no sentido religioso. Podemos, por um esforço de síntese, agrupar em três os princípios (artigos de fé ou deveres religiosos) da religião islâmica, cuja leitura deve ser resguardada de pré-julgamentos, procurando, ao contrário, extrair o espírito da letra, e considerar a contextualização histórico-cultural da revelação islâmica.
Coluna mestra do credo Islã
Não há um Deus senão Alá, e Maomé é o seu Profeta. Este princípio, chamado Tauhid, traz três enfoques indissolúveis: Unicidade do Criador Supremo (Arububia), do Universo, coisas e seres. Unicidade da divindade (Tahid al uluhia): Alá é o único a ser adorado e somente a Ele devem os homens dirigir as suas súplicas, dispensando intermediários entre Ele e os homens. Unicidade dos nomes e atributos de Alá (Tauhid al assmá ua sifát), quer dizer que Alá possui todos os nomes e atributos da perfeição: “Allah, o Único! O Absoluto! Jamais gerou ou foi gerado. E nada é comparável a Ele” (Alcorão, surata ou versículo 112).8 Em decorrência da crença absoluta em Deus, o credo muçulmano aceita também: a) existência de anjos, seres feitos de luz, que possuem pés, mãos e asas, considerados mensageiros de Alá, cumpridores de suas determinações. Os anjos podem revestir um corpo físico, revelando-se como pessoas especiais, portadores de missão divina;9 b) o Dia do Juízo Final, determinando-se que, após a morte, todas as pessoas serão ressuscitadas e, neste dia, os seus atos serão julgados por Alá; c) que o homem possui livre-arbítrio, mas relativo: ele não pode fazer o que quer, o seu destino está nas mãos de Alá;10 d) o céu e o inferno estão descritos em detalhes no Alcorão, fato que dá margem a diferentes interpretações.11
Deveres religiosos
São em número de cinco: a) Credo (shahada), testemunho da fé ou credo, considerado a chave para a entrada no paraíso: Não há um Deus senão Alá, e Maomé é o seu Profeta;12 b) Oração (sadat),
representa a comunicação direta dos homens com Alá, sem intermediários e, nestas condições, o crente aprende a se afastar da vida mundana e entrar em Plano Superior. A oração é proferida por meio de um ritual que envolve movimentos gestuais, recitações do Alcorão e louvores a Alá;13 c) Caridade (zakat), trata-se de uma taxa ou imposto formal, obrigatório, fixado em 2,5% sobre a propriedade e riqueza do muçulmano, a qual deve ser doada à mesquita;14 d) Jejum (siám), consiste na proibição de ingerir qualquer bebida alcoólica, carne e sangue de animais considerados impuros (porco, cachorro, raposa, asno). No nono mês muçulmano (Ramadã) há um jejum do nascer ao pôr do sol, caracterizado pela proibição de ingerir alimentos e realizar qualquer atividade, manual ou intelectual;15 e) Peregrinação a Meca (hajj), dever a ser cumprido pelo menos uma vez na vida. Os fiéis se voltam para Meca quando oram, os eixos das mesquitas são construídos direcionados para Meca, os mortos são enterrados em sepulturas sinalizadas para Meca.16
Vida em sociedade
São normas de convivência social, ética e política. Os países islâmicos adotam a teocracia, forma de governo em que o poder político se encontra fundamentado no poder religioso. Todas as obrigações religiosas, morais e sociais estão definidas por um conjunto de leis, extraídas principalmente do Alcorão, denominada Lei Muçulmana ou Xariá [caminho para o oásis, ou seja, o caminho correto para a conduta humana, que foi mostrado por Deus ao homem], considerada sagrada. Se esta legislação não fornecer instruções específicas, em dada situação, os muçulmanos pesquisam a Suna (relatos das ações, palavras e reflexões definidas por Maomé) ou o Haddit (coletâneas da vida e pregações de Maomé).17
Por último, lembramos que é ofensivo chamar o muçulmano de maometano, uma vez que Maomé era o emissário de Deus. Há livros venerados pelos seguidores do Islã, que os consideram obras sagradas, e os seus autores como profetas enviados por Deus (Alá): a Torah, de Moisés; os Salmos, de Davi; o Evangelho, de Jesus e o Alcorão, de Maomé. Para os islamitas, Moisés, Abraão, Jesus e Maomé são mensageiros divinos, entre os 25 citados no Alcorão.18
REFERÊNCIAS:
1 MOURA, Marta Antunes de O. (Org.). Estudo aprofundado da doutrina espírita (EADE) – Livro 1 – Cristianismo e Espiritismo. 1. ed. 4. imp. Brasília, 2015. Módulo 2, Roteiro 24 – Islamismo.
2 ____. ____.
3 ISLAMISMO. Disponível em: https:// pt.wikipedia.org/wiki/Isl%C3%A3o Acesso em: 19 de mar. 2017.
4 XAVIER, Francisco C. A caminho da luz. Pelo Espírito Emmanuel. 38. ed. 5. imp. Brasília: FEB, 2016. cap. 17 – A idade medieval, it. Islamismo, p. 137.
5 ____. ____. p. 137 e 138.
6 ____. ____. it. As guerras do Islã, p. 138 e 139.
7 KARDEC, Allan. Revista Espírita: jornal de estudos psicológicos. ano 9, n. 8, ago. 1866, Maomé e o Islamismo, p. 304 e 305. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. reimp. Brasília: FEB, 2007.
8 MUNZER, Armed Isbelle. Descobrindo o islam. Rio de Janeiro: Azaan, 2002. cap. 2 – A crença islâmica. In: Estudo aprofundado da doutrina espírita (EADE) – Livro 1 – Cristianismo e Espiritismo. 1. ed. 4. imp. Brasília, 2015. Módulo 2, Roteiro 24 – Islamismo.
9 ____. ____. O Tauhid.
10 ____. ____. A crença nos livros. A crença nos mensageiros.
11 HELLEN, V; NOTAKER, H. e GAARDER, J. O livro das religiões. Trad. Isa Mara Lando. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. cap. Religiões surgidas no Oriente Médio: monoteísmo, it. Islã, tópico: O credo, subit. Monoteísmo.
12 ____. ____. tópico: Obrigações religiosas – os cinco pilares, it. 1, Credo.
13 ____. ____. it. 2. Oração.
14 ____. ____. it. 3. Caridade.
15 ____. ____. it. 4. Jejum.
16 ____. ____. it. 5. Peregrinação a Meca.
17 ____. ____. tópico: Relações humanas – ética e política.
18 MUNZER, Armed Isbelle. Descobrindo o Islam. Rio de Janeiro: Azaan, 2002. O Tauhid. In: Estudo aprofundado da doutrina espírita (EADE) – Livro 1 – Cristianismo e Espiritismo. 1. ed. 4. imp. Brasília, 2015. Módulo 2, Roteiro 24 – Islamismo.
Fonte Revista O Reformador

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