30.3.20

A Morte e o Morrer


O que você pensa que é a morte?
A destruição total ou apenas um leve movimento de mudança do ser?
A morte e o morrer são dois fenômenos distintos. Uma tem a ver com a eliminação completa do existir, enquanto o outro com a desintegração biológica.
Sendo assim, o ser pode morrer, mas não deixar de existir.
A perspectiva material da vida se aproxima do conceito de que morrer no corpo físico representa o desaparecimento completo do ser, isto é, no momento da morte biológica acontece igualmente a morte do ser.
Esta perspectiva materialista da vida nada tem a ver com o Espiritismo. Ora, se o ser é, em essência, espírito, não há, depois da morte biológica, a morte espiritual.
O ser sobrevive à morte física e, mais do que isso, enaltece outro princípio, o da imortalidade.
Esta concepção de vida é transformacional, haja vista que, ao mudar de perspectiva existencial, o ser humano ganha novos ares conscienciais e, com isso, passa a raciocinar e traçar a sua vida atual dentro da perspectiva imortalista.
Ser imortal é, portanto, pensar e agir como espírito nesta condição e abandonar, gradativamente, os aspectos materialistas no seu dia a dia.
A vida sendo plena, ou seja, tendo uma perspectiva infinita, fará o ser humano almejar ganhos de outra ordem. Passará a dar mais importância àquilo que enobreça o espírito e não a condição material que lhe é temporária.
Este modo de pensar, como ser espiritual que é, acarreta numa mudança radical de valores.
A vida passa a ser vivida de modo mais tranquilo. Os problemas são vistos com absoluta relatividade. Respira-se com mais serenidade no caminhar existencial.
Os bens materiais, por exemplo, ganham relativíssima importância, haja vista serem apenas figuras simbólicas da realidade, pois são inócuos em si mesmos.
Por que dar valor a algo que não existe de fato?
Por que labutar toda uma vida física para preservar ou adquirir elementos que não terão importância alguma na dimensão do espírito?
Por que valorizar aos que têm muita posse material se ela é efêmera?
Há outras mudanças de valor também quando se enxerga a vida por esta nova perspectiva.
As tribulações são percebidas com mais flexibilidade. O tempo, neste sentido, demonstrará que são passageiras quaisquer que sejam as agruras.
O morrer no corpo físico, sendo inevitável, terá outro significado. O ser humano passa a viver a vida na aquisição única de um patrimônio de ordem transcendental.
Deixará, assim, de ter importância no cotidiano a tudo aquilo que apenas signifique a perpetuação dos bens materiais.
A ausência desta preocupação acarretará normalmente o desapego, a descomplicação e a atormentação pelo acúmulo de coisas e, consequentemente, o estresse exagerado pela sobrevivência material.
“Olhai os lírios do campo...”, asseverava Jesus de Nazaré. Estava dando o recado certo para que não nos preocupássemos com o dia de amanhã, pois ele, por si só, proverá às necessidades.
A morte, então, sendo uma ilusão dos sentidos físicos, se tornará menos tenebrosa, principalmente porque não será encarada dessa maneira.
Ao destruir o conceito tradicional de morte, o ser humano passa a construir a sua vida atual baseada nos valores espirituais, quais sejam: a benevolência para com todos, a indulgência com as faltas alheias e o perdão irrestrito, em outras palavras, passa a amealhar no seu viver o conceito mais legítimo de caridade ao próximo.
Viver e morrer, desse modo, deixam de ser dicotômicos ou antagônicos. Um e outro não competem entre si, pois que há apenas um modo de ver a vida, a vida espiritual plena, ora exercida na pele física, ora despojada dela.
Neste caso, a enfermidade como essa que vive-se atualmente, em escala de pandemia, não seria tratada com tamanho rigor como se faz.
Não que ela não fosse energicamente combatida. Não que se deixasse de lado qualquer tipo de providência para manutenção da vida material. Nada disso. O que ocorreria seria um ajuntamento de forças para lidar melhor com a adversidade em curso.
Sabendo que não se iria morrer, no sentido de deixar de existir, o ser humano cuidaria primeiro da sua alma. Entenderia que, ao estar fortalecido interiormente, conseguiria dominar os impulsos inferiores que atormentam a sua mente e seu coração.
O equilíbrio espiritual leva naturalmente a criação de uma rede de proteção exterior. Não sabem que é o espírito que comanda tudo?
Esta fortaleza interna, demonstrada por um incrível senso de confiança, proporcionaria um aumento da quantidade de elementos defensores do organismo físico e, com isso, a diminuição da incidência da ação destruidora do vírus.
Como qualquer outro agente homicida, o vírus somente se prolifera à medida que encontra terreno fértil de ação. Não encontrando esta facilidade, hibernaria até não poder mais agir sobre o organismo físico.
Pode parecer estranho pensar dessa maneira, mas é assim que age, na prática, as coisas da matéria em relação ao espírito.
As precauções de ordem material devem ser seguidas em mesmo ou maior grau das precauções de ordem espiritual.
Ao ser que se veja invadido no seu organismo físico por um agente viral deve-se ter a complacência de saber que suas defesas íntimas estavam baixas.
A morte física é uma consequência natural dessa baixa imunidade espiritual. Simples assim.
As defesas são de dupla ordem. Vocês sabem disso, pois então, ajam conforme o que já sabem.
O medo de morrer é uma defesa natural do organismo encarnado. Ele é bem-vindo. Ele aciona forças internas de defesa do organismo físico que passa a lutar ferozmente pela sua sobrevivência. No entanto, quando este medo de morrer se torna patológico, ou seja, uma ação mordaz de desequilíbrio emocional, aí então, ele deixa de ter a sua função preservacionista para aumentar a fragilidade orgânica.
As mortes físicas em curso têm a ver com a baixa imunidade emocional. O organismo não possui reservas para reagir aos ataques virais. E assim ocorrendo, subsiste.
Agora, mais que nunca, ao mesmo tempo que se fortaleçam as defesas do organismo físico com o que se tem em moda, deve-se se ancorar na fé e na serenidade de espírito para enfrentamento do mal maior: o medo.
Sim, o que mata não é o vírus, visto nesta perspectiva espiritual, o que mata é o descontrolado medo de morrer.
O medo é que desencadeia uma série de fragilidades interiores. Os mecanismos internos de reação passam a funcionar debilmente.
Ora, imagine-se numa suposta guerra, como de fato o é, e a sua guarda principal está completamente desarmada e atônita. O inimigo não terá qualquer dificuldade de penetração e começará a ganhar batalha por batalha até sucumbir o seu adversário confuso e desprotegido.
Neste embate que vive a humanidade, o que se deve fortalecer, portanto, é a fé e a esperança.
A fé desarma o medo.
A esperança olha para frente e relativiza o presente.
A fé comanda a reação.
A esperança constrói o caminho bom de redenção.
A fé minimiza os efeitos destruidores, ressignificando-os.
A esperança proporciona a mudança de comportamento para o bem.
Enquanto a humanidade não entender esse incrível mecanismo de autodefesa humano; enquanto não se entender como um ser integral; enquanto tatear apenas no raciocínio exclusivista da matéria; estará perdendo a guerra antes mesmo de iniciada.
O vírus em si não é letal. Ele obedece à sua natureza. Ele existe com esta finalidade expansionista. O mal não está no vírus, mas na permissão que se dá para ele avançar no ser humano.
O mundo compreenderá, a duras penas, infelizmente, que não há que temer o que vem de fora. Há que fortalecer o que existe por dentro.
A tudo é permitido dois lados. As polaridades se encontram à disposição do manuseio humano a seu favor. Inverte-se a perspectiva e altera-se naturalmente o seu embate.
A vida nos convida permanentemente a reflexões. Este momento é uma oportunidade para uma reflexão coletiva a partir da mudança de perspectiva individual.
Ou o ser se humaniza e se descobre como agente do bem, ou se brutaliza e se enterra como agente das trevas.
A luta que se trava é de outra ordem, compreendam isso. Na terra, apenas se reflete uma pálida noção da verdadeira guerra que acontece no plano do espírito.
Nossos embates não devem ser com ninguém a não ser conosco mesmo. Os agentes da destruição apostam no terrorismo do desespero. Sabem que a materialidade é predominante no atual estágio que a humanidade vive e apostam todas as suas fichas neste aspecto.
Sejamos conscienciosos dessa realidade e passemos a agir de maneira diferenciada, sobretudo aqueles que já conhecem a perspectiva imortalista do ser.
É nesta hora e não outra que as convicções devem sair do patamar da teoria e ganhar a ribalta de nossos comportamentos.
Este é o desafio.
Tudo isto vai passar. Na vida tudo é transitório. Esta concepção deve tranquilizar nervos e coração.
Seja hoje um agente do bem na atuação sincera de aproximação com outro irmão, ajudando-o a descobrir como ele realmente é.
Ao se deparar com a adversidade, aja com tranquilidade e fé. Exerça a sua condição inadiável de sujeito imortal.
Jesus a tudo governa. Nada está sem a sua supervisão direta. Nunca como antes, nos tempos mais próximos, Ele esteve tão perto de nós.
É o inicio do fim, apenas isso. Vamos sobreviver a todas as intempéries.
Ao acordar para a nova era que já está em curso, haveremos de nos comportar como cidadãos mais conscientes da nossa responsabilidade e força alguma nos abaterá.
Sigamos com o Cristo, sempre!
Da humílima servidora de Jesus,

Maria Modesto Cravo – Blog de Carlos Pereira

Nenhum comentário:

Postar um comentário