11.8.19

LX – REFLEXÕES SOBRE O LIVRO “LIBERTAÇÃO”


– ANDRÉ LUIZ/CHICO XAVIER

O capítulo XIV – “Singular Episódio” – é extremamente belo e, dele, apresentaremos uma síntese.
Após ter auxiliado a família de Saldanha, assecla de Gregório, o Instrutor Gúbio, com humildade, pede ao obsessor de Margarida que o auxilie – Margarida, desde outras eras, era filha de Gúbio! A revelação deixou Saldanha aturdido, pois, afinal, como negar auxílio a quem lhe havia auxiliado a família inteira?!
O temível obsessor, chorando, diz ao Instrutor:
- Ninguém me falou ainda como tu... Tuas palavras são consagradas por uma força divina que eu não conheço, porque chegam aos meus ouvidos quando já me encontro confundido pelos teus atos convincentes. Faze de mim o que desejares.
Que maravilhosa lição para todos nós que, por vezes, nos lançamos à tarefa da doutrinação sem o respaldo dos bons exemplos.
Saldanha ainda lhe fala:
- Poderoso espírito e bom amigo, que me procuraste na condição do servo apagado para acordar-me as forças enrijecidas no gelo da vingança, estou pronto a servir-te! sou teu de ora em diante!
Ao que Gúbio responde:
- Seremos de Jesus para sempre!
Realmente, que espírito extraordinário Gúbio, que, em nome do Cristo, se dispusera a tão grande e arriscada missão, descendo quase ao coração das trevas! E que companheiros anônimos não lhe seriam André Luiz e Elói, fieis “escudeiros” em tão difícil empreitada?! – seriam eles apenas “dois nomes”, ou espíritos de elevação espiritual ignorada pela maioria dos leitores encarnados que os consideram meros figurantes no enredo da magnífica obra?!
*
Todavia, para que o socorro a Margarida se concretizasse ainda se fazia preciso convencer a dois hipnotizadores, Leôncio e Gaspar, que participassem daquela alteração de planos.
Saldanha, então, procura Leôncio e comunica:
- (...) nosso projeto mudou e conto com a tua colaboração. (...) Temos aqui um mago da luz divina.
Leôncio, então, de maneira surpreendente, pergunta a Saldanha, seu líder, se Gúbio, também, não lhe poderia socorrer, na Terra, a esposa seduzida e o filho à morte...
Vejamos: quem haverá, na Terra ou no Além, não necessitado da intercessão de alguém em favor de um coração amado?! De um cônjuge desnorteado, de um filho em desequilíbrio, de um neto caído no vício, de um irmão prestes a cometer um desatino qualquer?!
Leôncio diz a Saldanha:
- (...) não desconheces que sou criminoso, mas sou pai ainda...
Aos nossos ouvidos, soam as sábias e comoventes palavras que Gúbio endereçara a Saldanha:
- Chega sempre um instante no mundo em que nos entediamos dos próprios erros.
*
Incansável, Gúbio se dispõe a socorrer a família de Leôncio, que, pela desencarnação, ele deixara há sete anos.
A esposa havia aceitado a companhia de um enfermeiro, que passara a lhe envenenar o filhinho, herdeiro dos bens que Leôncio lhe deixara.
O obsessor, pertencente à falange de Gregório, suplica ao Instrutor:
- (...) Benfeitor, por piedade! meu desventurado Ângelo permanece à beira do túmulo...
Eis, no entanto, a surpresa, revelando que, de fato, nunca cruzamos os passos com alguém por obra do mero acaso. Ao ouvir a narrativa de Leôncio, perguntando Elói pelo nome do enfermeiro fica sabendo que ele, Felício, é seu irmão consanguíneo!...
Abatido, Elói escuta as ponderações de Gúbio, que o abraçava:
- Onde está o infeliz que não seja nosso irmão necessitado?
Promovendo, então, encontro espiritual com Felício, o enfermeiro prestes a se tornar infanticida, Gúbio lhe dirige a palavra, na presença de Leôncio, com Elói, seu irmão, surgindo em cena logo em seguida.
Ao ver o espírito de seu irmão, Felício promete recuar em seu intento e, verdadeiramente, se transformar em protetor da família de Leôncio, mas não sem antes ouvir do próprio Elói:
- Se assassinares este menino, eu mesmo te punirei.
*
Ninguém sobre a Terra sabe das profundas implicações espirituais de estar prejudicando, ou amparando alguém – esteja esse alguém distante, ou próximo, no corpo físico, ou mesmo fora dele.

INÁCIO FERREIRA – Blog Mediunidade na Internet
Uberaba – MG, 11 de agosto de 2019.

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