No desdobramento do capítulo
XIII, Gúbio conclama o magistrado a rever o processo de Jorge, filho de
Saldanha, que havia sido condenado sem culpa... Perguntando ao Instrutor se
Jorge, de fato, era inocente, obtém bela e profunda resposta:
- Ninguém sofre sem
necessidade à frente da Justiça Celeste e tão grande harmonia rege o Universo
que os nossos próprios males se transubstanciam em bênçãos.
Vejamos: Jorge era inocente
da acusação que pesava sobre ele, porém, não completamente inocente perante as
Leis Divinas, que, em verdade, quase em todas as épocas, temos infringido um
sem número de vezes.
*
Em seguida, Gúbio exorta o
magistrado a igualmente proteger a filha de Jorge, que, na condição de mera
serviçal trabalhava em sua casa – ela era neta de Saldanha, o terrível
perseguidor de Margarida.
O juiz, então, esboça uma
reação, alegando que a jovem não era a sua filha.
Gúbio lhe responde com
palavras que, certamente, calarão fundo em todos os que as ouvirem e
compreenderem:
- Não serias, entretanto,
convocado por nós a semelhante encargo, se não pudesses recebê-lo. Crês, porém,
que o dinheiro em disponibilidade deva satisfazer tão somente as exigências
daqueles que se reuniram a nós, dentro dos laços consanguíneos? Liberta o
coração, meu amigo! respira em mais alto clima. Aprende a semear amor no chão
em que pisas. (...).
Será que, de fato, estamos
preparados, desencarnados e encarnados, para ouvir e atender tão sublime
exortação, nós, que, quase sempre, somente facilitamos para os que se nos ligam
através dos laços da consanguinidade?!
Convenhamos que, em verdade,
a Lei Divina possui grande expectativa a nosso respeito, pois, na condição de
filhos de Deus, somos exortados a agir ao nível da herança de que somos
detentores.
Chico Xavier ensinava que
Jesus não nos havia pedido muito – que Ele não nos havia pedido para escalar o
Everest, mas para que apenas nos amássemos uns aos outros!
*
No precioso diálogo com o
magistrado, Gúbio lhe efetua revelações a respeito de suas vidas pretéritas,
dizendo:
- Juiz, pessoas e sucessos
que nos afetam a consciência de maneira particular não constituem objeto vulgar
na marcha reveladora da vida. Por agora, trazes a mente subjugada pelo choque
biológico do retorno à carne e não poderias seguir-nos na exumação do passado
recente. Já te auscultei, no entanto, os arquivos mentais e vejo os quadros que
o tempo não destrói.
As lúcidas palavras do
Instrutor referendam o que muitos vivem a repetir, sem, no entanto, atinarem
para o que dizem: o acaso não existe!
Ninguém nos cruza o caminho indebitamente.
Os acontecimentos que nos
marcam a existência e que nos alcançam o mundo íntimo têm a sua razão de ser –
um simples animal que vem chorar à nossa porta, escorraçado e com fome, às
vezes, doente, procurando proteção, não é algo que possamos debitar à conta de
mero capricho da Vida.
*
Comovente o que escreve André
ao fim daquela convocação familiar, na reunião que se dera no Mais Além, sob as
vistas de Saldanha:
- Abeirou-se (o magistrado)
de Jorge, estendeu-lhe a destra em sinal de fraternidade, que o filho de
Saldanha beijou igualmente em pranto, e, em seguida, acercou-se da jovem,
abriu-lhe os braços acolhedores e exclamou comovido:
- Serás minha filha,
doravante, para sempre!...
Saldanha não cabia em si de
contentamento e quis desmanchar-se em palavras de gratidão, que Gúbio não
aceitou, esquivando-se de qualquer mérito, como sói acontecer com as grandes
almas.
INÁCIO FERREIRA – Blog
Mediunidade na Internet
Uberaba – MG, 5 de agosto de
2019.
Nota do autor espiritual:
Quase a finalizar as reflexões em torno da obra “Libertação”, de André Luiz,
quanto nos seja possível atenderemos à solicitação de alguns de nossos
confrades e confreiras quanto às crônicas que desejam voltemos a escrever no
pequeno espaço deste Blog.
Não olvidemos, no entanto, a
necessidade de estudarmos e reestudarmos sempre as obras da lavra mediúnica de
Chico Xavier, no legítimo desdobramento da Codificação Kardeciana.
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