6.8.19

LIX – REFLEXÕES SOBRE O LIVRO “LIBERTAÇÃO” – ANDRÉ LUIZ/CHICO XAVIER


No desdobramento do capítulo XIII, Gúbio conclama o magistrado a rever o processo de Jorge, filho de Saldanha, que havia sido condenado sem culpa... Perguntando ao Instrutor se Jorge, de fato, era inocente, obtém bela e profunda resposta:
- Ninguém sofre sem necessidade à frente da Justiça Celeste e tão grande harmonia rege o Universo que os nossos próprios males se transubstanciam em bênçãos.
Vejamos: Jorge era inocente da acusação que pesava sobre ele, porém, não completamente inocente perante as Leis Divinas, que, em verdade, quase em todas as épocas, temos infringido um sem número de vezes.
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Em seguida, Gúbio exorta o magistrado a igualmente proteger a filha de Jorge, que, na condição de mera serviçal trabalhava em sua casa – ela era neta de Saldanha, o terrível perseguidor de Margarida.
O juiz, então, esboça uma reação, alegando que a jovem não era a sua filha.
Gúbio lhe responde com palavras que, certamente, calarão fundo em todos os que as ouvirem e compreenderem:
- Não serias, entretanto, convocado por nós a semelhante encargo, se não pudesses recebê-lo. Crês, porém, que o dinheiro em disponibilidade deva satisfazer tão somente as exigências daqueles que se reuniram a nós, dentro dos laços consanguíneos? Liberta o coração, meu amigo! respira em mais alto clima. Aprende a semear amor no chão em que pisas. (...).
Será que, de fato, estamos preparados, desencarnados e encarnados, para ouvir e atender tão sublime exortação, nós, que, quase sempre, somente facilitamos para os que se nos ligam através dos laços da consanguinidade?!
Convenhamos que, em verdade, a Lei Divina possui grande expectativa a nosso respeito, pois, na condição de filhos de Deus, somos exortados a agir ao nível da herança de que somos detentores.
Chico Xavier ensinava que Jesus não nos havia pedido muito – que Ele não nos havia pedido para escalar o Everest, mas para que apenas nos amássemos uns aos outros!
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No precioso diálogo com o magistrado, Gúbio lhe efetua revelações a respeito de suas vidas pretéritas, dizendo:
- Juiz, pessoas e sucessos que nos afetam a consciência de maneira particular não constituem objeto vulgar na marcha reveladora da vida. Por agora, trazes a mente subjugada pelo choque biológico do retorno à carne e não poderias seguir-nos na exumação do passado recente. Já te auscultei, no entanto, os arquivos mentais e vejo os quadros que o tempo não destrói.
As lúcidas palavras do Instrutor referendam o que muitos vivem a repetir, sem, no entanto, atinarem para o que dizem: o acaso não existe!
Ninguém nos cruza o caminho indebitamente.
Os acontecimentos que nos marcam a existência e que nos alcançam o mundo íntimo têm a sua razão de ser – um simples animal que vem chorar à nossa porta, escorraçado e com fome, às vezes, doente, procurando proteção, não é algo que possamos debitar à conta de mero capricho da Vida.
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Comovente o que escreve André ao fim daquela convocação familiar, na reunião que se dera no Mais Além, sob as vistas de Saldanha:
- Abeirou-se (o magistrado) de Jorge, estendeu-lhe a destra em sinal de fraternidade, que o filho de Saldanha beijou igualmente em pranto, e, em seguida, acercou-se da jovem, abriu-lhe os braços acolhedores e exclamou comovido:
- Serás minha filha, doravante, para sempre!...
Saldanha não cabia em si de contentamento e quis desmanchar-se em palavras de gratidão, que Gúbio não aceitou, esquivando-se de qualquer mérito, como sói acontecer com as grandes almas.

INÁCIO FERREIRA – Blog Mediunidade na Internet
Uberaba – MG, 5 de agosto de 2019.
Nota do autor espiritual: Quase a finalizar as reflexões em torno da obra “Libertação”, de André Luiz, quanto nos seja possível atenderemos à solicitação de alguns de nossos confrades e confreiras quanto às crônicas que desejam voltemos a escrever no pequeno espaço deste Blog.
Não olvidemos, no entanto, a necessidade de estudarmos e reestudarmos sempre as obras da lavra mediúnica de Chico Xavier, no legítimo desdobramento da Codificação Kardeciana.

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