25.3.19

XL – REFLEXÕES SOBRE O LIVRO “LIBERTAÇÃO”


– ANDRÉ LUIZ/CHICO XAVIER

Na sequência do capítulo VII – imaginemos –, André Luiz se refere a labirintos que foram conduzi-los a “extensa edificação que, com boa vontade, nomearemos por asilo dos espíritos desamparados.
(...)
A gritaria, em torno, era de espantar.”
Pela palavra de André Luiz, entre os espíritos alienados, habitantes da nomeada “cidade estranha”, outros existiam ainda em piores condições! Espíritos enlouquecidos que isolavam, numa espécie de “asilo”, ou “hospício”, outros que eles próprios consideravam loucos... Realmente, muito difícil, para os encarnados, conceberem uma situação assim tão lastimável que, não obstante, existe!...
Reflitamos juntos sobre o próximo parágrafo:
- À frente, numa distância de dezenas de quilômetros (destacamos), sucediam-se furnas e abismos, qual se nos situássemos perante imensa cratera de vulcão vivo, alimentado pela dor humana, porque, lá dentro, turbilhões de vozes explodiam, ininterruptos, parecendo estranha mistura de lamentos de homens e animais.
Eis o “inferno” (do latim infernum – Seol, Hades, Geena...) concebido pela teologia católica e por inúmeras culturas mitológicas! André Luiz, com a sua narrativa, desmistifica o termo, apresentando-o como região natural que congrega, além da morte, espíritos em grande expiação, mas não condenados eternamente.
Atentemos para a palavra de Gúbio:
- Amontoam-se aqui, como se fossem lenhos secos, milhares de criaturas que abusaram de sagrados dons da vida. São réus da própria consciência, personalidades que alcançaram a sobrevivência sobre as ruínas do próprio “eu”, confinados em escuro setor de alienação mental. (...).
Em certos pontos, as narrativas de André Luiz coincidem com as de Dante Alighieri, poeta florentino, na obra “Divina Comédia”, escrita no início do século XIV.
Para maior espanto de André e Elói, o Instrutor Gúbio pontifica:
- Não estamos contemplando senão a superfície de trevosos cárceres a se confundirem com os precipícios subcrostais.
Acrescentamos: “precipícios subcrostais” renteando o Abismo, “esfera” que, em passant, André Luiz se refere em “Obreiros da Vida Eterna”.
*
Carecemos ainda enfatizar que entre tais entidades enlouquecidas, muitas quase animalizadas, não se contavam apenas seres embrutecidos ou de primária evolução, mas, principalmente, grandes inteligências que caíram pela crueldade, espíritos religiosos que se equivocaram tremendamente no campo da fé, deturpando os dons da crença...
Gúbio pondera:
- E se eles mesmos, senhores de preciosos dons de inteligência, com todo o acervo de revelações religiosas de que dispõem para solucionar os problemas da alma, se confiam voluntariamente a semelhante atraso, que nos resta fazer senão seguir nas linhas de paciência por onde se regula a influenciação dos nossos benfeitores? Sem dúvida, esta paisagem é inquietante e angustiosa, mas compreensível e necessária. (destacamos)
*
O Instrutor, encerrando o assunto, diz a André e a Elói que aquela imensa coletividade, no entanto, não estava esquecida pela Misericórdia Divina, que, aliás, não olvida sequer a existência do verme que se arrasta no subsolo.

INÁCIO FERREIRA – Blog Mediunidade na Internet
Uberaba – MG, 25 de março de 2019. 

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