– ANDRÉ LUIZ/CHICO XAVIER
Na sequência do capítulo VII
– imaginemos –, André Luiz se refere a labirintos que foram conduzi-los a
“extensa edificação que, com boa vontade, nomearemos por asilo dos espíritos
desamparados.
(...)
A gritaria, em torno, era de
espantar.”
Pela palavra de André Luiz,
entre os espíritos alienados, habitantes da nomeada “cidade estranha”, outros
existiam ainda em piores condições! Espíritos enlouquecidos que isolavam, numa
espécie de “asilo”, ou “hospício”, outros que eles próprios consideravam
loucos... Realmente, muito difícil, para os encarnados, conceberem uma situação
assim tão lastimável que, não obstante, existe!...
Reflitamos juntos sobre o
próximo parágrafo:
- À frente, numa distância de
dezenas de quilômetros (destacamos), sucediam-se furnas e abismos, qual se nos
situássemos perante imensa cratera de vulcão vivo, alimentado pela dor humana,
porque, lá dentro, turbilhões de vozes explodiam, ininterruptos, parecendo
estranha mistura de lamentos de homens e animais.
Eis o “inferno” (do latim
infernum – Seol, Hades, Geena...) concebido pela teologia católica e por
inúmeras culturas mitológicas! André Luiz, com a sua narrativa, desmistifica o
termo, apresentando-o como região natural que congrega, além da morte,
espíritos em grande expiação, mas não condenados eternamente.
Atentemos para a palavra de
Gúbio:
- Amontoam-se aqui, como se
fossem lenhos secos, milhares de criaturas que abusaram de sagrados dons da vida.
São réus da própria consciência, personalidades que alcançaram a sobrevivência
sobre as ruínas do próprio “eu”, confinados em escuro setor de alienação
mental. (...).
Em certos pontos, as
narrativas de André Luiz coincidem com as de Dante Alighieri, poeta florentino,
na obra “Divina Comédia”, escrita no início do século XIV.
Para maior espanto de André e
Elói, o Instrutor Gúbio pontifica:
- Não estamos contemplando
senão a superfície de trevosos cárceres a se confundirem com os precipícios
subcrostais.
Acrescentamos: “precipícios
subcrostais” renteando o Abismo, “esfera” que, em passant, André Luiz se refere
em “Obreiros da Vida Eterna”.
*
Carecemos ainda enfatizar que
entre tais entidades enlouquecidas, muitas quase animalizadas, não se contavam
apenas seres embrutecidos ou de primária evolução, mas, principalmente, grandes
inteligências que caíram pela crueldade, espíritos religiosos que se
equivocaram tremendamente no campo da fé, deturpando os dons da crença...
Gúbio pondera:
- E se eles mesmos, senhores
de preciosos dons de inteligência, com todo o acervo de revelações religiosas
de que dispõem para solucionar os problemas da alma, se confiam voluntariamente
a semelhante atraso, que nos resta fazer senão seguir nas linhas de paciência
por onde se regula a influenciação dos nossos benfeitores? Sem dúvida, esta
paisagem é inquietante e angustiosa, mas compreensível e necessária. (destacamos)
*
O Instrutor, encerrando o
assunto, diz a André e a Elói que aquela imensa coletividade, no entanto, não
estava esquecida pela Misericórdia Divina, que, aliás, não olvida sequer a
existência do verme que se arrasta no subsolo.
INÁCIO FERREIRA – Blog Mediunidade
na Internet
Uberaba – MG, 25 de março de
2019.
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