24.2.19

Portas do Coração


A porta que abre hoje é aquela que nos leva à esperança por novos dias.
Os tempos que vivemos são tumultuados, cheios de surpresas, amontoados de fragilidades humanas, muita guerra e muito ódio. Como aplacar tanta cegueira senão abrindo portas.
As portas que falo dizem respeito àquelas que podem ser feitas por intermédio do coração.
Quando abrimos portas, estamos convidando o outro a entrar, não ficar do lado de fora, mas compartilhar conosco com aquilo que está porta a dentro.
Queremos abrigar o outro de alguma maneira. Convidamos ele a fazer parte da nossa vida, do nosso convívio, do nosso dia a dia.
Esse convite é extensivo a todos aqueles que desejam igualmente abrir novas portas.
Ora, o mundo do jeito que está só tem solução se cada um de nós começarmos a abrir as nossas portas interiores.
- E como se faz isso, Dom Hélder?
Simples, meus caros! Estamos nos referindo as portas do coração. Estamos dizendo que permitimos ao outro compartilhar conosco das suas necessidades e desejos. E nós igualmente faremos o mesmo. É, portanto, um jogo de permissões.
Somente se abrem portas quando ambos os lados estão afetos em dividir e não em subtrair.
Eu abro as portas do meu coração há bastante tempo. Quando me dei conta, no meu tempo de padre com vocês, percebi que as portas do meu coração estavam completamente escancaradas. Depois disso, não consegui fecha-las jamais.
Essa abertura da porta interior é um convite à reflexão. Se abrirmos as portas do nosso interior, o outro se sentirá à vontade para também fazer o mesmo.
Quando abro as portas do meu coração, digo silenciosamente ao outro: “ de outra vez, não precisa nem bater, é só entrar”.
Pois bem, minha casa interior, desde então, vive repleta de amigos e irmãos. Jamais fiquei só por causa disso. Desconheço o que seja a solidão.
É um verdadeiro rebuliço de gente em profunda alegria dentro de mim, simplesmente porque permiti que minhas portas interiores estivessem abertas.
Meus caros irmãos e irmãs em Cristo Jesus, aproveitem a oportunidade que tiverem para abrir as portas do seu coração para o outro. Sem demora e sem queixumes. Sem reservas e sem expectativas.
Alguém poderia me dizer:
- Mas, Dom Hélder, e se alguém me decepcionar, trair a minha confiança?
Meus irmãos, que sejam os outros que fechem portas e não você. O segredo é estar sempre à disposição para abrir as suas portas e deixar que o outro penetre de mansinho.
Somente fazemos amigos quando abrimos as portas do nosso coração. Quando as fechamos, aí, inevitavelmente, só teremos a nossa própria companhia.
Que Jesus nos abençoe e até uma próxima oportunidade, se Deus quiser!

Helder Camara – Blog Novas Utopias

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