Questão 483 do Livro dos Espíritos
A causa da insensibilidade
física mais profunda, observada em certos convulsionários, é a fé. Ela isola
perfeitamente toda a dor, todo o constrangimento, todo o estado deprimente que
nos faz consumir as oportunidades de vida na carne. A fé abre caminhos para as
grandes esperanças na pátria espiritual. A fé, verdadeiramente, é mãe da
esperança e filha da caridade.
Existem muitos meios pelos
quais poderemos isolar a dor, tirando completamente a atenção do lugar enfermo.
Os soldados em batalha, por exemplo, somente vão sentir a dor, quando feridos,
depois de algum tempo, porque, no momento, no front, a sua atenção está voltada
para o combate e a defesa. Nos circos romanos, na época de Jesus, a fé isolava
totalmente a dor dos cristãos torturados. O importante é, pois, o ponto de
apoio e força onde a criatura busca a serenidade no sacrifício.
Quando a fé faz parte da
nossa vida, podemos canalizá-la para outrem, projetando e alimentando no seu
íntimo a esperança e a alegria em qualquer estado em que se encontre sua alma.
O próprio Jesus chegou a dizer muitas vezes: “A tua fé te curou”. Isso é
grandioso para os que têm confiança em Deus e em si mesmo. Com a fé, são
incontáveis os caminhos pelos quais podemos penetrar na insensibilidade perante
a dor que nos castigue, nos momentos mais difíceis.
O magnetizador provoca a
insensibilidade no sensitivo, mas só quando há sintonia, afinidade entre eles.
Porém, tudo isso nasce da fé, porque o magnetizado tem fé no magnetizador e nas
correntes da fé passa uma força que obedece ao que comanda, em conexão com o
comandado, e o resultado, se esse for o caso, é a insensibilidade que se mostra
em várias funções ou graus que o magnetizador queira levar.
Poderemos desenvolver esse
assunto de muitos modos, para maior compreensão. As palavras que chegam aos
nossos ouvidos são forças que passam a nos magnetizar e, conforme a fonte, pode
mais ou menos nos influenciar. Primeiramente, influenciam-nos as palavras dos
pais, dos professores e dos nossos amigos, dos que nós obedecemos, e dos
próprios filhos, dos que nos tratam das enfermidades e, principalmente, dos
Espíritos. As influências se estendem ao infinito, e as pessoas de maior
autoridade moral nos sugestionam mais profundamente, como também aos nossos
inimigos, encarnados e desencarnados. Vivemos em um mundo de influências, como
também influenciamos em todos os rumos.
O próprio fanatismo exerce
uma influência muito grande, mas perigosa. O fanático entrega a vida ao
sacrifício pelas idéias que alimenta. Isto é comprovado em todos os setores da
vida. O fanatismo nasce de onde? Da fé cega, que foge à razão em Jesus.
Há, ainda, a insensibilidade
provocada pelos Espíritos, tanto superiores quanto inferiores; tudo depende da
sintonia, das almas às quais estamos ligados por semelhança de ideias. Quando
as criaturas conhecerem mais a verdade e ela passar a comandar a sua vida,
dar-se-á o nascimento da libertação, de modo que a fé cega cederá lugar à fé
raciocinada. Com a evolução espiritual, a própria fé raciocinada entregará o
bastão à fé intuitiva, que nunca deixará errar o caminho para a felicidade da.
alma, porque essa se encontrará na pureza da vida que desconhece mácula.
Deves ser insensível ao mal
de todos os tipos, mas ser muito sensível ao bem que tem vida eterna, na
eternidade de Deus. Estamos em um período de muito estudo, por nos faltarem
conhecimentos espirituais sobre a ciência da vida. Ainda nos debatemos nas
trevas da ignorância e a nossa sensibilidade está como radar espiritual que
somente capta ondas negativas. Se fizermos uma soma de pensamentos e idéias que
guardamos na consciência, certificar-nos-emos de que quase todas elas são de
ordem inferior, mas com o poder de Deus, nas linhas de Jesus, canal divino do
mesmo Senhor, começamos a mudar o nosso modo de pensar e sentir a vida,
encontrando o céu mais perto do que julgávamos, na cidade do coração.
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