26.10.18

Comunicação com os Espíritos


Uma ideia quase geral entre as pessoas que não conhecem o Espiritismo é de crer que os Espíritos, só pelo fato de estarem livres da matéria, devem tudo saber e possuir a soberana sabedoria. Está aí um erro grave. Deixando o seu envoltório corpóreo, eles não se despojam imediatamente de suas imperfeições; não é senão com o tempo que se depuram e se melhoram.
Sendo os Espíritos as almas dos homens, como há homens de todos os graus de saber e de ignorância, de bondade e de maldade, encontra-se a mesma coisa entre os Espíritos. Há deles que não são senão levianos e traquinas, outros são misteriosos, velhacos, hipócritas, maus, vingativos; outros ao contrário, possuem as mais sublimes virtudes e o saber num grau desconhecido sobre a Terra. Essa diversidade na qualidade dos Espíritos é um dos pontos mais importantes a considerar, porque explica a natureza boa ou má das comunicações que se recebem; é a distingui-las que é preciso sobretudo se empenhar.
Disso resulta que não basta se dirigir a um Espírito qualquer para ter uma resposta justa a toda pergunta; porque o Espírito responderá segundo o que sabe, e, frequentemente, não dará senão a sua opinião pessoal, que pode ser justa ou falsa. Se for sábio, confessará a sua ignorância sobre o que não sabe; se for leviano ou mentiroso, responderá sobre tudo sem se importar com a verdade; dará sua ideia como uma verdade absoluta. Foi por isso que São João o evangelista disse: "Não creais em todo Espírito, mas experimentai se os Espíritos são de Deus." A experiência prova a sabedoria deste conselho. Haverá, pois, imprudência e leviandade em aceitar sem controle tudo o que vem dos Espíritos.
Os Espíritos não podem responder senão sobre aquilo que sabem, e, além disso, sobre o que lhes é permitido dizer, porque há coisas que não devem revelar, porque não é dado ainda aos homens tudo conhecerem.

Livro: Revista Espírita - abril 1864 - Allan Kardec.

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