Concluindo as nossas
reflexões sobre o capítulo 49, de “Nosso Lar”, reflexões que temos efetuado com
os irmãos internautas que nos auxiliam o raciocínio, depreendemos que, de fato,
a Sabedoria de Deus se patenteia não consentindo que encarnados e desencarnados,
mormente os pertencentes ao mesmo grupo consanguíneo/afetivo, não estejam
sempre em contato, pois, realmente, não lograriam suportar a realidade, ante os
novos caminhos que uns e outros são chamados a trilhar, em obediência às suas
necessidades de aprendizado.
Vejamos o caso de André Luiz:
- a esposa, Zélia, havia
contraído novo matrimônio;
- a filha mais nova ironizava
as saudades que a primogênita estava sentindo do pai, desencarnado há mais de
dez anos;
- o seu único filho varão,
praticando “loucuras” pela cidade...
Eis o que, com as suas
próprias palavras, ele nos diz: “Angústias e decepções sucediam-se a tropel.
Minha casa pareceu-me, então, um patrimônio que os ladrões e os vermes haviam
transformado. Nem haveres, nem títulos, nem afetos! Somente uma filha ali
estava – a primogênita – de sentinela ao meu velho e sincero amor”.
E carecemos de considerar que
André Luiz, teria sido um homem devotado à família, que, ao que tudo indica,
ainda sobrevivia a expensas do patrimônio material que ele lhe havia deixado.
Contudo, em seu primeiro dia de sua visita ao lar – ele conseguira uma semana
para tanto –, aliás, em suas primeiras horas, fora o suficiente para que
registrasse: “Nem os longos anos do sofrimento, nos primeiros dias de
além-túmulo, me haviam proporcionado lágrimas tão amargas”.
Como o homem encarnado carece
de se exercitar no campo do desapego, notadamente no que ele, habitualmente,
imagina ser sua propriedade!...
*
Outro fato digno de destaque
é a visita que o Ministro Clarêncio lhe faz à noitinha. Percebendo o abatimento
em que o amigo se encontrava mergulhado, Clarêncio não se dirigiu a ele com
palavras de adulação – não o abraçou qual estivesse abraçando a vítima de uma
ingratidão familiar. Sem meias palavras, o Ministro foi curto e grosso ao lhe
dizer:
“Compreendo suas mágoas e
rejubilo-me pela ótima oportunidade deste testemunho! (Vale a repetição, com
destaque: “... rejubilo-me pela ótima oportunidade deste testemunho!) Não tenho
diretrizes novas. Qualquer conselho de minha parte, portanto, seria
intempestivo. Apenas, meu caro, não posso esquecer que aquela recomendação de
Jesus para que amemos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós
mesmos, opera sempre, quando seguida, verdadeiros milagres de felicidade e
compreensão, em nossos caminhos”.
A hora do testemunho, que, em
geral, sempre tememos, na palavra de Clarêncio é sempre ótima oportunidade de
autossuperação...
E, no caso de André Luiz, era
a de entender que a sua família não se resumia àqueles quatro corações
queridos, que ele, depois de mais de dez anos, estava logrando visitar!...
*
No último parágrafo do
referido capítulo, André escreveu magistralmente – após ouvir rapidamente a
Clarêncio:
“Preciso era, pois, lutar
contra o egoísmo feroz. Jesus conduzira-me a outras fontes.”
Sinceramente, sabedor como
sou de que nada acontece antes do tempo devido, principalmente no campo das
bênçãos que descem de Mais Alto sobre os homens na Terra, ponho-me, neste
instante, a pensar se, em verdade, os homens, e, no caso, principalmente, os
espíritas, estariam, de fato, preparados para receberem uma obra tão
esclarecedora/reveladora como é “Nosso Lar”?!...
O que você acha, amigo (a) internauta?!...
Sobre a Terra, um mundo ainda
de tanta indiferença espiritual pela Vida, algum espírito seria capaz de chegar
às conclusões alcançadas por André Luiz, o nosso eminente Dr. Carlos Chagas, um
dos maiores humanistas do século?!...
Sei não...
Tenho quase a impressão de
que, no que tange à Obra Mediúnica de Chico Xavier, pérolas foram atiradas aos
porcos, que, a confundi-las com farelo, as andam fuçando...
E, no caso, os suínos somos
nós, encarnados e desencarnados, os que receberam um nome na “pia batismal”, e,
em qualquer circunstância, não se avexam de assumi-lo, e os que, a pretexto de
humildade, não têm sequer coragem de decliná-lo...
INÁCIO FERREIRA – Blog Mediunidade
na Internet
Uberaba – MG, 30 de abril de
2018.
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